11 setembro, 2005

Curiosidades tristes

Hoje, por essa blogosfera nacional, muito se escreveu já e ainda mais se há-de escrever sobre a tragédia de 11 de setembro de há quatro anos.

Alguns, sentidamente, outros apenas como instrumento de arremesso político, a favor ou contra de uns EUA que tradicionalmente nos habituamos a admirar em miúdos, mas que à medida que crescemos e adquirimos maiores conhecimentos e vivências, verificamos ser um pouco como aquelas casas com lindos tapetes persas, que são aproveitadas por algumas empregadas de limpeza para cobrir o lixo que vão varrendo dos locais a descoberto, ficando assim com uma bonita protecção que o esconde do olhar do visitante de ocasião.

Nestes quatro anos muito mudou, mas desconfio que muito pouco evoluiu para melhor, mau grado as guerras encetadas e os sacrifícios exigidos.

De quem será a culpa? Se calhar de nós todos, que preferimos sempre reagir violentamente, quando pensamos deter a força necessária para isso, em vez de, pelo menos, tentar procurar as causas e tratar da sua eliminação.

Mas poucos irão recordar Alcafache, onde não se sabe ao certo quantos morreram, talvez porque foi há vinte anos, e as vitímas eram portuguesas, fruto de um atraso tecnológico em que um governo autista, austero e autoritário, deixou o meu País, e que ainda hoje tem admiradores que me dividem em sentimentos diversos.

Os mais velhos e suficientemente cultos, que passaram por esses tipos de governo metem-me nojo, pois têm informação suficiente para saber que a oligarquia dominante asfixiava o País que era nosso, ou como se sentavam à mesa do poder, hoje lastimam essa perda.

Os mais novos, e que não conheceram esse período, dão-me pena, pois acreditam em balelas que lhes são propaladas ao ouvido ou que vão colher aos saudosistas do regime que bem se alimentaram dele.

Os mais cultos, um profundo desprezo, pois pretendem que nova ditadura assuma o lugar da democracia vigente, certos de que estarão nos lugares de poder ou colocados tão perto, que dele irão beneficiar.

Mas o mais curioso de tudo isto, é que existe uma Associação de Emigrantes do Vale da Távega, que pela quarta vez vai assinalar o evento, com a inauguração no local do acidente, de um painel de azulejos onde estarão representados os diversos intervenientes no acidente, e que até convidaram o PR, PM e o secretário de Estado das Comunidades (pois a grande maioria era emigrante), mas a resposta que tiveram não deixa dúvidas do que estes portugueses dizem aos políticos!!!

A resposta do gabinete do secretário de Estado, ao que garante Augusto Sá, foi a seguinte: “Por motivos de agenda não vai poder estar presente”.

1 comentário:

João Soares disse...

Caro Teófilo
E como é que em pouco mais de 30 anos depois do Golpe de Estadono Chile em 11 de Setembro de 1973 e em Allende se suicida, depois de recusar a rendição exigida dele pela Junta Militar liderada por Pinochet, que três dias depois fecha o Congresso...esta memória é curta, realmente...Convem estarmos inteirados o melhor possível da História e dos revezes e injustiças neste mundo.
Gostei muito dos seus textos.
Um abraço
BioTerra
http://bioterra.blogspot.com