26 fevereiro, 2006

Estranhos conceitos

Um senhor, que é mayor de Londres, na rua e à saída de um espectáculo nocturno, é abordado por outro senhor, que pelos vistos o tem perseguido tenazmente, e diz-lhe ao abrigo do seu livre direito de se expressar e opinar:

- Você é como um guarda dum campo de concentração!

O senhor perseguidor, que é judeu, vê um orgão de representação da minoria judaica na velha Albion, apresentar queixa do livre direito à expressão do tal senhor, a uma instituição que analisa o comportamento dos eleitos locais, que resolve puni-lo com uma suspensão de funções por quatro semanas!

Isto passou-se numa das mais velhas democracias do mundo, e os orgãos de informação transmitiram a informação, alguns em lugar destacado, mas sem grandes admirações.

Não tenho lido pela blogosfera, dos muito recentes defensores das liberdades de expressão, apaixonados ensaios e debates sobre o insólito de tal condenação, que, segundo a sua linha retórica, deveria ofender o livre direito à opinião e expressão em plena via pública!

Talvez porque o atihgido com o insulto, foi apenas um jornalista judeu e não milhares de crentes duma qualquer religião, ou mesmo em menor escala, o bom nome de um qualquer cidadão português, pai e parente de alguém.

Esta estranha dicotomia de pensamento causa-me calafrios, pois leva-me a concluir que, muito ódio e intolerância se escondem por baixo de pseudo-esclarecidos artiguinhos de opinião que vituperam a intolerância dos outros, mas que, estranhamente, quando essa mesma intolerância muda de direcção, se limitam a passar ao lado do facto como se nada de grave tivesse acontecido, ou ainda serão capazes de proclamar que esse é que deverá ser o modelo a adoptar em sede de avaliação comportamental.

Ah! Já me esquecia, eu concordo que o mayor de Londres tenha sido punido, pois não dispenso a falta de educação a ninguém e muito menos aos eleitos locais, do mesmo modo que critico que um País seja responsabilizado pela actuação irresponsável de um qualquer orgão da imprensa, mas habituei-me a pensar pela própria cabeça e do modo mais isento possível, não sendo muito permeável aos pensamentos políticamente correctos.

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