14 novembro, 2008

Idosos

Não há dia que passe, que não ouça alguém falar ou escrever sobre o tema, geralmente com uma posição doutoral e falsamente piedosa sobre os malefícios a que estão sujeitos os idosos neste país.

Para além de um país real que se borrifa neles, esquecendo que o seu bem-estar passaria sobretudo por uma digna reforma, instituições preparadas para o seu acompanhamento e/ou acolhimento, apoios e cuidados domiciliários de acordo com as disponibilidades financeiras reais dos próprios, para além de um possível real e efectivo apoio familiar, nada do que ouvimos vai ao encontro do real problema de hoje que é a longevidade associada à falta de condições sociais.

Mas quando saímos para o 'campo' o que é que vemos?

Que as reformas são de miséria e só servem para ser brandidas como propaganda eleitoral ou partidária; as instituições - quando existem - são poucas, na sua maioria de qualidade mais do que duvidosa, extremamente caras e, na sua grande parte, estão na mão de profissionais de saúde ou de sociedades ditas de benemerência; que os cuidados domiciliários servem na generalidade para levar alimentação, apoio à higiena mais básica ou o transporte para centros de dia que mais parecem salas de arrumos de velharias; apoios familiares quase inexistentes, pois a lufa-lufa diária e a própria incapacidade económica, e/ou falta de saúde, não permite que tal aconteça com a periodicidade desejada.

Ainda há poucos dias, confrontado com a situação difícil de uma idosa abrigada num lar de muita qualidade no Norte do País, uma médica do SNS quando solicitado a ver a senhora em questão, argumentou à enfermeira que a acompanhava à consulta, que nada pretendia receitar dada a avançada idade da paciente, se o lugar onde estava hospedada não tinha médico particular, e que não era para tratar de esse tipo de idosos que estava ali a prestar serviço!!!

Isto passou-se num Centro de Saúde, com uma médica paga por todos nós e que certamente não está ali para condenar os doentes, mas para tentar dar-lhes uma melhor qualidade de vida.

Mas a realidade é esta!

Só me custa que nesses programas não se façam ouvir os idosos, nem aqueles que com eles lidam de perto, e que muito poderiam dizer sobre o assunto, deixando apenas a ribalta para as(os) bem falantes que me parece, segundo a minha humilde opinião, interessarem-se mais pela exposição mediática do que pelo problema em si.

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