11 maio, 2011

Carta à minha amiga europa

Cara amiga,
não sei se te deva tratar assim pois de amiga, pffff vou ali e já venho...
Então ao veres a enrascada em que estou porque alguns tipos que tu bem conheces fizeram para aí umas trafulhices numas lojas noutras ruas, quando te pedi auxílio, vieste com falinhas mansas e concordaste em estender a tua protecção desde que eu me comprometesse a arrumar a loja e a comprar uns livros novos de escrituração e agora sais-te com esta!.
Embora já tivesse falado com o meu cliente mais poderoso e este estivesse de acordo comigo para que eu falasse contigo, decidi só falar com os outros depois de ter a segurança que tu não falharias no teu apoio.
Foste porreira e deste-me luz verde para eu implementar cá na loja mais um apertar de cinto, que tu, pelo teu lado, garantir-me-ias cobertura a nível internacional.
O pior foi que o meu cliente principal deu o dito por não dito e ainda me chamou mentiroso, e os outros foram todos atrás dele na mira que eu abrisse falência e viessem eles tomar conta da fábrica.
Ora, tu bem soubeste, os meus fornecedores, ao verem isto, desataram a pedir o pagamento da matéria-prima à vista ou então com juros que não lembravam ao careca, pois assim ainda mamavam algum à minha custa e à custa do pessoal que por cá trabalha.
Voltei envergonhado a telefonar-te e tu disponibilizaste-te, de imediato, a dar-me uma mãozinha, mas punhas como condição que um conhecido agiota também fizesse parte dessa ajuda, pois não tinhas carcanhol para tanto.
Eu bem protestei, mas em face do pilim estar a acabar e das faturas estarem a chegar ao prazo de pagamento, tive de concordar embora contrariado.
Lá apareceste e trouxeste o tal agiota que, compreendeu bem o que se tinha passado e disse que me ajudava mas que eu tinha de mudar a disposição do mobiliário, mudar a produção, fechar a cantina, a sala de jogos e o parque de diversões, vender os terrenos que tinha para ampliar a fábrica e encerrar a loja de guarda-chuvas e a carreira de camionagem.
Tu bem sabes que barafustei, mas lá tive de aceitar, pois os meus clientes passaram a vida à entrada da fábrica, de megafones na mão, a proclamar que eu era um mau gerente de fábrica e que eles sabiam fazer melhor do que eu tinha feito, e que tu, mais o agiota espreitassem para debaixo dos tapetes e no fundo das gavetas pois deviam encontrar por aí grossa marosca, pois eu andava a vestir fatos comprados em Nova Iorque e antes disso era um teso que nem sabia ler nem escrever.
Tu descansaste-me e o agiota surpreendeu-me ao dizer-me que compreendia o meu problema, mas que da sua parte iria levar-me 3,25% no primeiro ano e 4,25 nos seguintes, o que eu agradeci, pois se ele era agiota, tinha de concordar que não me ía dar dinheiro barato, como tu andaste a dar aos bancos teus amigos.
A minha surpresa agora que me faz agradecer-te, é ter sabido que afinal me vais levar mais juros do que o agiota!
Olha filha, com amigas como tu, razão tinha eu em não te querer cá na fábrica, pois se já não tivesse assinado o papelete bem te mandava ir dar uma volta ao bilhar grande e ires chupar outro.
P.S.: Os meus empregados disseram-me para te dizer que gostam muito de ti, principalmente de te ver de costas, pois como te vão encher a parte mais rubicunda talvez qualquer dia ainda te possam levar para a cama, ó amiga de Peniche.

1 comentário:

Sinto os dentes da Caixa Geral de Depósitos nas minhas carótidas disse...

A terminologia U.E. (União Europeia) , deveria ser actualizada para E.B. (Europa dos Banqueiros).