07 julho, 2011

Que Europa?

Depois deste último ataque da Moody's, o coro de protestos elevou-se timidamente, primeiro por cá e depois por algumas vozes lá da estranja.
Por cá, parece que os salafrários que há pouco tempo até achavam que as agências se estavam a portar bem e a castigar um governo mau, rapidamente inverteram as agulhas e deram por ela que afinal nos tinham andado a mentir, fosse por oportunismo político, por calculismo, por ódio à besta ou por outra qualquer razão que nos arrastou um pouco mais para o fundo.
Lá de fora, parece que começam a acordar e a entender que o ataque ao Euro se vai fazendo paulatinamente pela falta de soluções apresentadas a países que nunca foram olhados de frente por aqueles que sempre se julgaram os senhores do mundo.
A Alemanha, França, Itália, Holanda, Bélgica, Espanha, Dinamarca, Suécia, Áustria-Hungria, Império Otomano, EUA e Inglaterra (dizia-se nossa aliada) ainda se pavoneiam como potências colonizadoras que em devido tempo voltaram as costas a este país negando-lhe o acesso inclusivé à Conferância de Berlim de 1884-85, onde dividiram a África a seu bel-prazer.
Também, verdade seja dita, nunca soubemos estar em África, pois não a desenvolvemos, nem dela retiramos o muito que por lá havia, pois a mentalidade pequenina e mesquinha dos governantes de então assim o decidiu.
Sofremos uma longa ditadura, sob o beneplácito de todos os países ocidentais, que olhavam para o lado e nos viam apenas como seu terreiro de férias.
Libertados em 74, vimos os EUA encolherem os ombros à tentativa golpista do PCP, e graças ao Soares e ao Carlucci escapamos de boa.
Ao entrar para a CEE pensamos ter o mundo na mão, mas sempre fomos olhados como um mal necessário. Ousamos entrar no Euro em condições absurdas, pois, já em 1993, a Grécia tinha melhores condições de paridade do que nós, mas insistimos.
Com o Euro a 200$482 os preços das exportaçõpes dispararam tornando-as menos apetecíveis e fizeram com que as importações se mostrassem mais interessantes.
Uma indústria apoiada numa mão de obra intensiva, mal paga e sem adequados conhecimentos técnicos rapidamente se deteriorou e nada foi feito, antes pelo contrário.
Hoje, com o atraso que temos na atividade industrial, com o desaparecimento da frota pesqueira, com os campos votados ao abandono, com o País centralizado no buraco lisboeta, resta-nos o turismo e as indústrias de ponta ou os serviços, pois para outras voisas falta-nos dinheiro.
A Europa que faz, empresta-nos mais um bocado de corda para nos enforcarmos a juros de agiota e assobia para o lado pois somos os PIG's do costume, os sub-humanos como tão bem nos sabem classificar na Europa Central.
Abram os olhos, juntem forças, digam à Europa que também somos europeus e que sem nós a Europa vai de vela, e acreditem ou não, o desenrascanço português é capaz de fazer milagres que a eficiência alemã desconhece, a vaidade espanhola não consegue, a sobranceria inglesa não permite, o deixa andar italiano dá sono, a xenofobia francesa incapacita, as dissidências dos Países Baixos não escondem e que os frios do Norte enregelam.
Morrer sim, mas de pé, como as árvores.

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