14 setembro, 2012

Governados por "advisers"

Para os que ainda julgavam que éramos governados por um "mix" - como Catroga gostava de dizer - de políticas vindos da "troika" e do governo, acabaram de ser esclarecidos ontem à noite pelo Pedro primeiro-ministro.
Afinal, quem nos governa, nem é o Pedro, nem o Gaspar, nem nenhum dos ministros que por aí vão botando figura. Não! Quem nos governa afinal são os "advisers", essas figuras que ninguém conhece, com a exceção do Borges da Sachs, que não foram eleitas, nem constaram das listas de nenhum partido, e que o Pedro segue religiosamente, pois é na base dos seus "advices" que o primeiro-ministro decide!
Talvez por dormir pouco, este primeiro-ministro parece que anda a dormir em pé, pois, segundo diz, poderá intervir no mercado na área dos transportes, baixando os preços!
Como? Teremos ouvido bem?
Então os transportes públicos do estado são deficitários, acabaram de ser aumentados e viram diminuída a sua frequência, são um dos pilares que agravam o défice, e o homem diz agora que vai baixar o preço dos mesmos, agravando aquilo que não quer agravar?
E que tal a recomendação aos grandes beneficiários da TSU para baixarem os preços das mercadorias que vendem?
Se baixarem o preço das mercadorias, não vão criar emprego, ou não será assim? Ora, se a baixa da TSU serve, segundo os iluminados governamentais, para criar emprego e aumentar a competitividade, das duas uma, ou tem apenas um efeito, ou outro - cá para mim, não tem nenhum, mas adiante - como é que os "advisers" conseguem o "mix" das duas, deve ser segredo de estado.
Interessante este novo conceito.
Baixa-se a TSU.e, como consequência imediata, do lado dos consumidores do mercado interno baixa o consumo, o que leva a uma diminuição da procura.
A diminuição da procura leva a que diminuam as vendas, tendo como consequência imediata a diminuição do lucro que não é compensada dado o diferencial da TSU (5,75% contra 7%).
A diminuição das vendas leva a uma menor procura junto da produção, o que, nem aumenta o emprego, nem os resultados.
Ao diminuir os lucros e as vendas, perde o Estado na arrecadação de impostos. 
Ao aumentar a TSU diminuem as receitas do estado em sede de IRS por parte dos trabalhadores por conta de outrém.
Ah! Já ne esquecia, há uma hipótese de nas empresas exportadoras se poder baixar os preços numa margem inferior a 1%, o que, num mercado em recessão, não irá certamente compensar a diminuição de encomendas, mas que, quando muito, poderá estabilizar os empregos e manter as receitas.
Como somos um país de baixa exportação, das duas uma, ou o governo estará a pensar que vamos passar a exportar água salgada, porque é o que temos em abundância, ou deve ter descoberto o moto contínuo e prepara-se para vender a patente no mercado.

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