09 outubro, 2012

O discurso da treta

Volta meia volta, quando se fala na estrutura da depesa pública, os economistas adoram referir que os custos com os vencimentos mais as prestações sociais rondam os 80 % do total da despesa.
As pessoas, coitadas, ao ouvirem isto, arrepelam os cabelos e estão prontas a deixar despedir os funcionários públicos, e que lhes seja cortado na saúde, nos subsídios diversos, sabe-se bem lá o que mais ainda.
Aqui chegados, perguntamo-nos para que servirá o estado?!
Para que servirão os impostos?
Então não é para sustentar um SNS de qualidade, proteger a população no desemprego e na velhice, cuidar da formação/educação dos portugueses, acautelar a proteção de pessoas e bens, manter  as infraestruturas necessárias ao bem estar das populações?
Mas não são as prestações sociais que pagam as escolas, os hospitais, as pensões de reforma e sobrevivência, os subsídios de desemprego, os abonos de família, etc.
Claro que as despesas com pessoal, que orçaram em 2009 mais de dezoito milhões de euros e que foram cerca de 25% da receita total, até poderão estar ligeiramente acima da média, mas que dizer das despesas sociais?
Será que num período de forte contração económica queremos cortes nelas?
E já agora, porque é que os ditos economistas que tanto se escandalizam com as despesas não falam na roubalheira dos juros a mais de 3% que nos são levados pelos credores, quando os mesmos credores não se importam de emprestar a quem mais tem a 0%!?
Ter-se-ão esquecido que os juros a pagar serviriam para pagar mais de um terço do total dos vencimentos da função pública?
Então porque é que o enfoque fica nos vencimentos + prestações sociais, parecendo que para além disto, e num período de crise há muito mais onde gastar!
E para os que defendem os despedimentos na função pública!
Quanto custaria mandar para casa os funcionários públicos e pagar-lhes sem produzir?

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