19 outubro, 2006

Eu já sabia

que ele era assim, com ideias arrumadinhas, algumas dúvidas, e sem grande sede de protagonismo, mas ao ouvi-lo ontem, no Porto Canal, lembrei-me de que estava ali um Homem, com ideias que poderiam muito bem assentar como uma luva a este País e a esta Região.

Creio que já sabem de quem estou a falar. Precisamente. É de facto dele, do Rui Moreira, o presidente da Associação Comercial do Porto, que tem feito alguns esforços para abanar a cidade e a região mas que, talvez por não ser associado de nenhum partido e ser sócio confesso do FCP, tem estado na sombra a que os poderes públicos e o público em geral coloca os que os incomodam.

Falou de várias coisas com interesse para a Região Norte, nomeadamente sobre a ferrovia, a interligação entre esta o aeroporto e o porto de mar; na metrópole que é o conjunto de Porto-Gaia-Matosinhos com as suas fronteiras burocráticas ultrapassadas e desnecessárias; no rio D(e)ouro que corre à nossa porta e entra no País vizinho e que está votado ao abandono nas suas vertentes de transporte e turismo; na incógnita do que é a cidade da Ciência para além de cabeçalho atirado para o ar, vazio de projectos e de orientação; na independência reivindicativa perante o poder central assumindo no entanto as suas responsabilidades na gestão do que só deverá ser pago e consumido pelos seus utentes, e muito mais.

Tendo dentro de casa gente assim, porque é que esperamos pelos partidos para nos indicarem quem é o melhor candidato para assumir a liderança das nossas ambições?

Aqui fica a questão, responda quem pode.

17 outubro, 2006

De passagem

pelo É DA VIDA dei com este texto.

Ler até ao fim, pois vale a pena.

Privatizar

Ouço um pouco por toda a parte, doutos e ignorantes, clamarem pela privatização disto e daquilo, com o estafado argumento de que só os privados é que sabem gerir bem, e que o sector público só serve para dar despesa!!

Cá no burgo, há quem defenda a privatização da gestão de espaços públicos (que bom que é gerir algo que não construímos) dando loas ao sôr presidente sempre que este decide enveredar por esse caminho.

Ninguém porventura se lembra de que, o que é importante, é pedir responsabilidades a quem dirige, em vez de colaborar com a incompetência e laxismo com que todos nós nos deparamos no dia a dia.

Quantos dos que por aí falam já escreveram num livro de reclamações por terem sido mal atendidos?

Quantos perderam tempo em escrever uma carta registada com aviso de recepção pedindo satisfações sobre algo que os incomodou ou lesou?

Quantos se abeiraram de um agente das forças de ordem disponibilizando-se para testemunharem sobre seja o que fôr ocorrido com terceiros na sua (deles) ausência?

Porque não pedem estas vozes clamantes pelas privatizações, que se privatize a recolha dos impostos, ou as inspecções fiscais?

E já agora, porque não privatizar o Governo, Câmaras e Juntas de Freguesia?

Alguém me explica porque é que o privado só é bom naquilo que ao privado interessa?

15 outubro, 2006

Masoquismo

Por um qualquer desvio aberrante que ainda não decidi analisar junto de especialista na matéria, continuo a alimentar as minhas tendências sofredoras lendo religiosamente o Público, todas as manhãs de Sábado, indo ao ponto de chegar a ler o que escreve José Manuel Fernandes(JMF)!

Neste Sábado, adquiri como habitualmente o jornaleco numa banca da outrora maravilhosa Esposende, onde Ruy Belo muitas vezes dialogou com as suas musas, e, surpreendido, constatei que o País se tinha alterado profundamente, pois pude ler na separata Público Local (Porto/Norte), que a "Frente ribeirinha de Lisboa está em risco frequente de inundação", que a "Câmara (municipal de Lisboa) constrói rotundas na Avenida de Ceuta" e que "a esplanada do D. Maria II não está licenciada"!!!!

Pensei que nesta coisa da regionalização, o JMF já deve estar na posse de algum segredo esquisito e que afinal a fusão que se deverá discutir não será a de Porto com Gaia mas a de Porto com Lisboa, pois assim teremos a cidade europeia detentora do recorde Guiness para a cidade com maior costa marítima, ou então no Público reina grande confusão sobre o que é regional e local o que torna a coisa mais grave.

Para além deste delicioso pormenor, continuo a constatar que os revisores do Público não devem ser portugueses ou então terão tido grandes cunhas para serem admitidos no jornal, ou ainda não existem, pois os erros de português, sejam eles de concordâncias gramaticais, ou até de palmatória, como se poderá ler num artigo de opinião de São José Almeida, que mesmo depois de ter ido consultar o dicionário da Academia de Ciências escreveu (ou mais grave ainda, alguém que copiou o seu artigo deturpou), o substantivo masculino suborno como soborno, no já mais do que habitual rol de asneiras que nos é dado num produto que é caro demais para o que fornece.

Mas, para fechar com chave de ouro o desastre, nada mais interessante do que ler um outro artigo do JMF em que ele concorda com Hanna Arendt, quando esta conclui que Eichmann era apenas um homem banal que era incapaz de distinguir o mal do bem, e que só procurou ser eficiente na tarefa que assumiu, que afinal foi tão só tentar o extermínio de uma etnia!!!

Chegados a este ponto, eu diria que teremos chegado ao ponto sem retorno - como se diz em aviação - e a partir daí só duas coisas poderão acontecer, ou um final feliz ou uma colossal catástrofe.

Eu, por mim, não acredito em finais felizes.

13 outubro, 2006

Consistências

Não tenho dúvidas que a consistência do queijo da ilha de S. Jorge está a anos-luz da consistência dos artigos do "grande" (porque gordo) JPP, depois de ler esta prosa no seu ABRUPTO.

Admira-se JPP de Adriano Correia de Oliveira, Ana de Castro ou Fernando Nobre estarem incluídos na primitiva lista do anunciado programa da RTP sobre os Grandes Portugueses, colocando-os em pé de igualdade com os futebolistas e treinadores da moda!

Por outro lado, acha que foi censurazinha atrevida a não inclusão do nosso ex-chefe do governo, Oliveira Salazar, chegando a chamar-lhe omissão... "... gritante de significado..." e concluindo que "uma lista deste tipo sem Salazar não tem pés nem cabeça"!!!

Será que o "grande", que a RTP escolheu para pôr no título do programa, quer dizer influente?

Se fôr esse o caso, claro que Salazar devia lá estar assim como mais uns bons milhares de outros que, de uma ou outra maneira, influenciaram os destinos deste país, mas o que me parece, s.m.o., é que nesta grandeza deverá estar mais do que a simples quantidade da obra feita, mas também a sua qualidade e projecção no futuro.

Já basta o mau gosto de se misturarem velhas glórias com visibilidades efémeras, para que os nossos ditos intelectuais ainda defendam que, numa lista de grandes portugueses, devam ombrear perseguidores e perseguidos, como se a maldade e falta de escrúpulos não fossem critérios a seguir na escolha dos personagens, e, de acordo com a época em que viveram, pois o sadismo dum imperador romano que mandava deitar aos leões os cristãos, não será nunca comparável à decisão de um qualquer oportunista que, para atingir os seus desejos, não se importa de sacrificar os seus concidadãos.

Para bons entendedores....


Mais um

De passagem pel' A Cidade Surpreendente dou com mais um blog com pronúncia do Norte intitulado Comboio Azul.

Pelo andar da carruagem, valerá a pena apanhá-lo e viajarmos um pouco na companhia das fotos e dos interessantes apontamentos.

Boa viagem...

12 outubro, 2006

Já há muito que não venho por aqui

pois nem a disposição tem sido muita, nem a força de vontade para remar contínuamente contra a maré do deixa andar e do não-te-rales deixa-me por vezes em estado de desânimo de que difícilmente me recomponho, mas andando por aí dei com este desleixo e abandono de um marco da nossa história ferroviária:

1. http://www.railfaneurope.net/pix/pt/diesel/dmu/historic/cp_fiat.jpg

2. http://www.railfaneurope.net/pix/pt/diesel/dmu/historic/cp_fiat_2.jpg

São imagens tristes e degradantes do que foi o emblemático comboio rápido FOGUETE que apodrecem algures no Alentejo com destino anunciado para algum sucateiro realizar uns cobres.

Este país, onde a maioria não respeita o seu património histórico, preferindo pavonear-se em férias de tudo-a-monte-e-fé-em-Deus, na América Central, do Sul ou outros destinos exóticos, em vez de conhecer o País onde nasceu, que prefere ter o carrinho de gama-acima-das-suas-posses-para-exibir-aos-amigos-e-vizinhos, em vez de utilizar os transportes públicos ou optar por um mais baratinho que lhe possibilite explorar os arredores, que prefere gastar dinheiro em revistas de mexericos ou jornais desportivos em vez de comprar um livrinho de um dos nossos muitos e bons escritores, que vai às urnas depositar o seu voto, não no partido ou político que apresenta o melhor programa mas no clube que foi escolhido pelos avoengos no pós-25 de Abril como se de um clube de futebol se tratasse, este país que eu adoro e que vejo cada vez mais dependente de meios audiovisuais que em vez de distribuir conhecimento procuram atafulhar os jovens com programas sem qualidade e os mais velhos com telenovelas da treta ou fado, fátima e futebol, este país, como dizia a célebre charada televisiva de há uns anos atrás

É um colosso... está tudo grosso... está tudo grosso!