27 junho, 2006

Preguicite

Uma estranha preguicite tem-me afastado daqui. Não sei bem a que se deve, mas creio que assistir à indiferença com que todos nós (eu incluído) nos abstemos de defender eficaz e tenazmente o que é nosso, me leva um pouco a este desusado desânimo.

A futebolite que nos ataca fazendo-nos embandeirar em arco como se o espectáculo fosse decisivo para o nosso futuro, a falta de um boicote eficaz a produtos vindos de empresas que nos asfixiam economicamente ou que fabricam produtos com falta de qualidade, o encolher de ombros perante os disparates e agressões ambientais com que deparamos no nosso dia-a-dia, a resignação com que aceitamos todo o lixo informativo que nos é fornecido pelos meios de comunicação que na sua generalidade prima pela falta de rigor, falta de isenção ou desleixo na investigação, quando não são apenas notícias montadas a partir de vagos rumores, a permanente guerrilha de intrigazinha de baixa política em vez de discussão fundamentada das opções que nos são propostas pelo governo, o curioso (mau) hábito de defendermos o nosso partido preferido da mesma maneira que defendemos alguém que nos é querido e que nunca nos engana...

Por tudo isto, e porque também às vezes me canso, esta pouca vontade de conversar.

23 junho, 2006

Ainda há dúvidas?!

Se ainda sobram dúvidas sobre a bondade da intervenção nos Aliados, talvez a visualização destas fotos n' A Cidade Surpreendente as esclareça.

Perguntaram ao Dalai Lama

O que mais o surpreende na Humanidade

Resposta:

Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde!

Por pensarem ansiosamente no futuro, e, esquecerem o presente de tal maneira que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.

Vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.

13 junho, 2006

Em 1888

no dia treze de Junho nascia Fernando Pessoa.

Se calhar, por tanto falarem dele, os jornais esqueceram-se do facto.

Análise

Tão abstracta é a ideia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica melhor em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longamente,
E a ideia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

Um ano depois

Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade

Sobre Timor

O DN de hoje publica esta interessante notícia, onde se diz que o enviado da ONU assumiu uma posição fortemente crítica das teses do governo australiano.

Para os que tão acerbamente criticaram a atitude das forças da GNR, do seu comando, e da condução do seu comportamento, esta apreciação do enviado do sr. Kofi Annan deve saber um pouco a fel.

Afinal, parece que a diplomacia portuguesa lá está a conseguir levar a água ao seu moínho, e que afinal tinha razão em toda esta embrulhada.

A ver vamos.

Portugal lidera mortes em acidentes ferroviários

É este o título da notícia que vem estampada no PJ!

Já não bastava sermos um dos países com uma desastrosa rede ferroviária com prejuízos em anos consecutivos avultadíssimos, para além de um ineficiente serviço prestado às populações e ao País, acabamos ainda por averbar um triste recorde no que repeita à segurança!

Se há serviços em que os diversos governos pós-25 mais gastaram e com piores resultados, julgo que o da CP deve liderar o respectivo ranking.

Se o ministro da tutela, em vez de se preocupar com TGV's se preocupasse em tornar eficiente este meio de comunicação, certamente melhoraria em muito a sua imagem bem como a da governação.

Sobre a actualidade

O Pedro Olavo Simões, na sua Fonte das Virtudes, faz uma esclarecida e interessante análise sobre a sociedade contemporânea.

12 junho, 2006

Para os que gostam de fotografias

Aqui vão algumas da Avenida dos Aliados pescadas nos ALIADOS, juntamente com alguns links para artigos de opinião.

Francamente não gosto, nem ao vivo, nem em fotografia, mas que fazer?

É por isso que diariamente leio o ABRUPTO

É que algumas vezes estamos de acordo, como aqui.

Os lamentos

Os nossos milionários do futebol que fazem parte da equipa nacional, pelos vistos andam muito sensíveis, pois ora é o atraso do autocarro, ora são os comentários dos jornalistas, ora são as reclamações sobre os que não vão à comunhão na sua missa.

Depois de um jogo que nada teve de espectacular, o capitão da equipa queixou-se argumentando que se tinham apenas ganho por um golo, também outras equipas tinham feito o mesmo e não tinha havido choradinho.

Para além de não interessar aos portugueses o mal que se passa nas outras equipas, não se compreende muito bem esta lamentação, até porque o Zé Pagode os têm apaparicado q.b.

Claro que o rapaz deve andar distraído com as contas, pois nos restantes seis (6) jogos foram marcados dezassete (17) golos, e apenas em dois encontros existiu um único golo (Sérvia e Montenegro/Holanda e Inglaterra/Paraguai) para além do inusitado empate entre a Suécia e Tobago.

Parece que os jogadores da equipa vice-campeã europeia, andam com a ambição em baixo, ou então julgam que estão a dar um bom espectáculo.

Aconselhava-os a terem mais cuidado com as queixinhas, pois neste País rapidamente se passa de bestial a besta, e eles ainda não são excepção.

Felicidades para a próxima e vejam lá se mexem melhor essas pernas, pois a certa altura pareciam adormecidos e a jogar contra a corrente.

11 junho, 2006

Ordem do Infante D. Henrique

Fins

A Ordem Nacional do Infante D. Henrique visa distinguir os que houverem prestado:

  • Serviços relevantes a Portugal, no País e no estrangeiro;

  • Serviços de expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, sua história e seus valores.

extraído da página das Ordens Honoríficas Portuguesas

Alguém me consegue explicar onde se encaixa o Rui Rio e porquê, ou será que as ordens nacionais cada vez mais se parecem com sameiras de presente...

E assim vai o País

Ouvimos falar na crise, na poupança que o Estado deve fazer, no apertar de cinto necessário para a nossa sobrevivência, nos malefícios do desperdício, etc., mas basta apenas umas comemorações do 10 de Junho, para se esfumarem todas estas preocupações e para que o Chefe de Estado, incomodado com o estado de degradação do equipamento das nossas FA's, decida esbanjar os parcos recursos num desfile insípido, onde a vetustez do material saltou à vista de todos.

Pelos vistos, a ninguém importou que se tivessem gasto uns milhares de litros de combustível para trazer as tropas cá acima, que se movimentassem umas centenas largas de militares transportados dos seus quartéis de origem, bem afastados do Norte, para virem dar uma voltinha pela Foz, nem a violentação que sofreu o piso por onde se arrastaram os carros de combate e demais veículos de lagartas sem mais nenhum préstimo que não fosse o de satisfazer as cartolas de alguns militares de secretária, para além do desejo expresso por Sua Excelência o Presidente de todos os Portugueses, que entendeu que este seria um dos modos de prestigiar as Forças Armadas!

Um País que anda a vender equipamento militar encaixotado desde a sua aquisição para conseguir reequipar-se para as missões que tem de cumprir, deveria solicitar explicações muito claras sobre o alcance e interesse destas fanfarronices para inglês ver.

Um Presidente, que é economista e que anda a aconselhar toda a gente a poupar e esbanja assim, certamente não está a ver o exemplo que está a dar... ou estará?

Paulo Vallada

Até porque é merecida, não há como relembrar esta crónica de Jorge Vilas no JN, para assim o homenagear .

O macaco e o galho
A cidade do Porto vista por Paulo Vallada, um homem que já foi seu presidente
arquivo jn



Não raro vou ter com Paulo Vallada ao seu escritório, na Areosa. A conversa é sempre longa e os temas andam à volta do Porto, a sua e minha cidade. Aos 80 anos - fê-los na passada semana - aquele que foi presidente da Câmara mantém intacta a sua lucidez e a capacidade de análise dos problemas. Nunca responsabiliza aqueles que o antecederam como agora é timbre dos governantes e autarcas mais na berra e àqueles que o seguiram na gestão da polis, pede desculpa pelo que de menos bom possam ter herdado do seu mandato.

Num tempo em que ninguém gosta de assumir os seus erros e omissões; numa altura em que muito boa gente se aproveita, como o macaco, do galho em que se encontra para pular para o galho que está mais acima, é bom saber que ainda existe gente como ele que faz da modéstia um dogma mas que ao mesmo tempo se mantém atento e capaz de dar sugestões meritórias. A sua opinião no que se refere à revitalização e renovação da Baixa Portuense segue na linha dos inúmeros contributos dados por especialistas na matéria mas, por exemplo, quando ouve alguém defender que o Metro será a ferramenta essencial para a retoma de uma zona deprimida, ele manda-os "tirar o cavalinho da chuva" e pede a todos que têm responsabilidades na matéria que não se fiquem por aí.

Para ele, o renascimento do centro do Porto apenas será obtido à custa de uma mistura de três vectores o habitacional, o comercial e lazer. Tudo combinado, Paulo Vallada apela à imaginação e à inovação dos lojistas. Lembra que, mais do que um cinema juntos atrai, em vez repelir, os espectadores, como acontecia na Praça da Batalha há 20 anos. E que não foi por acaso que os ourives se concentraram nas ruas das Flores e de 31 de Janeiro. É certo que isso aconteceu porque até meados dos anos 70 a estação de S. Bento centralizava todos os comboios de longo curso, o que já não sucede.

Para ele a receita é sempre a mesma inovação no que se refere, por exemplo, à cobertura de ruas para que os potenciais clientes se sintam como num centro comercial; à festa e alegria porque é isso que atrai gente à Baixa, agora servida por um moderno sistema de transportes como é o metro. E, a propósito, recorda que o centro o Porto irá ter três estações: Trindade, Avenida dos Aliados e S. Bento.

Ele lembra-se - em boa verdade, todos nós nos lembramos - como era agradável andar de eléctrico, um meio de transporte que foi liquidado pelo automóvel. No entanto, ele garante que se criarmos as condições para isso, o reinado do "quatro rodas" terá os dias contados, já que o metro, complementado por uma rede de eléctricos (onde está o Plano de Mobilidade ?) permitirá criar novos motivos de interesse. Isto, no entanto, se os lojistas, como defende Paulo Vallada, se aperceberem que o seu sucesso residirá sempre, como aconteceu no passado, na gentileza com que acolhe dos seus clientes em estabelecimentos renovados e arejados. E mais apela àquela classe profissional para o aprofundamento das ruas temáticas, para a flexibilidade de horários e para a recriação de festas populares e de feiras temáticas aos sábados e domingos no Largo do Tribunal da Relação, nas praças da Batalha e da Ribeira e no próprio edifício da Alfândega Nova.

Paulo Vallada pede os jovens que não acreditem na subsídiodependência. Não são precisos fundos comunitários; imperativo, diz ele, é ter ideias, projectos e realizar obras. Em suma, outras mentalidade, que não aquela que infelizmente faz curso nos dias de hoje a do presidente da câmara que quer julgar o presidente do clube e este que quer derrotar o primeiro. A do presidente da junta que quer ser vereador. E a do presidente que quer ser ministro. Por que é que cada macaco não fica no seu galho?

in JN, por JORGE VILAS

09 junho, 2006

Pois é assim que se faz evoluir a cidade!

O Pedro Lessa, n'A Baixa do Porto, deixa mais um apontamento sobre um atentado ao património arquitectónico perpretado em conluio com a autarquia, cujo presidente afirma querer tornar o Porto numa Viena de Áustria!

Para nosso mal e felicidade dos vienenses, ele ficar-se-á por cá, pequenino, mirradito, em cima da sua caixa de sabão que pensa ser um pedestal, e creio que será eternamente recordado como um economista que preferiu ser político, que passou a ser notado só por causa da sua teimosia, pela sua incapacidade para definir uma estratégia para promover a nossa cidade, populista q.b., e com uma tendência terrível para a asneira e para as guerrinhas do alecrim e da manjerona, e que se reclama do mais puro dos puros.

Os que votaram nele, bem podem limpar as mãos à parede pelo trabalho a que se deram.

Se é esta a cidade que pretendiam, muito ódio lhe devem votar... Pobre cidade, que acolhe no seu seio tantos a quererem-lhe mal, ou a não saber o que querem.

08 junho, 2006

Ora toma lá!

Nos Aliados, e a propósito de alguns critícos de última hora, uma boa ensaboadela da Manuela Ramos.

É sempre assim, quando é preciso falar calam-se, depois dão-se ares...

Não sou arquitecto mas...

olhando para os dois projectos que aparecem n' A Baixa do Porto, parece-me que a cidade voltou a perder por causa de quem não deveria ter o poder discricionário à sua disposição.

Não tenho dúvidas em simpatizar com o primeiro boneco - torres mais altas e adaptadas à encosta deixando-a respirar - e entender que o projecto final, é mais um tijolo com janelas de duvidosa estética.

Mas, manda quem pode e não quem deve, e a cidade mais uma vez não agradece.

07 junho, 2006

Quando eramos donos do Mundo



Hoje faz 512 anos, que em conluio com os nuestros hermanos assinavamos o famoso tratado de Tordesilhas, onde se dizia que se traçava uma linha direita do polo ártico ao polo antartico, que se situaria a 370 léguas das Ilhas de Cabo Verde, ficando tudo o que descobrisse a levante dessa linha ficasse para o reino de Portugal e o que se descobrisse a ponente ficaria para o reino de Castela.

Desde aí, e dada a gulodice ser imensa, quer de um quer de outro lado, se foram perdendo as regalias que então foram decididas.

Há outros comensais à mesma mesa, que à força das armas foram retirando em nome da liberdade e de outros sacrossantos princípios o que estava já distribuído.

Não interessa agora, que os povos countinuem a ter tanta ou mais fome do que tinham então, ou que não possam usufruir os direitos que então detinham, pois para isso não há olhos nem interessa fazer análises.

Eu, por mim. acho que em quinhentos anos a sociedade perdeu mais do que ganhou, outros pensarão de forma diversa, mas quem terá razão?

06 junho, 2006

Bolha de sabão

Como são lindas as bolhas de sabão, especialmente quando os raios de Sol nelas incidem fazendo com que elas se espraiem mostrando variegadas cores em voluptuosas formas.

Vem toda esta dissertação a propósito do desaparecimento d' O espectro, que se finou vai para três meses.


Claro que é próprio dos espectros aparecerem e desaparecerem sem mais nem aquela, no entanto deixou no ar uma sensação de frescura deveras interessante.

Este pouco durou, esperemos que os seus habitantes possam retomar novo fôlego que lhes permita mais umas quantas aparições, mesmo sem as fantasmagóricas roupagens.

Obrigado por terem aparecido!

A crise

Pelos vistos veio para ficar!

Tenho-a encontrado um pouco por toda a parte, seja nos engarrafamentos de acesso às cidades, nas bichas (é assim que no Porto chamamos às filas) à porta dos restaurantes, na confusão instalada no El Corte Inglés que abriu em Gaia, no caótico trânsito dos fins-de-semana à noite, nas Ribeiras do Porto e Gaia e na Marginal em direcção à Foz e Matosinhos, nos pubs e bares cheios até à porta, na impossibilidade de estacionar seja onde for no centro da cidade, na dificuldade de comprar um Mercedes Benz Classe S, um Volvo S80, um Jaguar, um BMW M3 e muitos outros com menos de quatro a oito meses de espera, no dilema em arranjar bilhetes actualmente para destinos exóticos de férias no mês de Agosto mesmo em Top Executiva, no número de portugueses que se vão deslocar ao Mundial da Alemanha, e por aí fora...

Dizem que já se vislumbra uma saída algures por aí, e eu rezo fervorosamente para isso, pois mal ela acabe, vou poder andar à vontade nas estradas, ser servido decente e rapidamente no restaurante da moda que eu quiser, voar para onde quiser sem grandes sobressaltos, comprar o Porsche com que ando a sonhar há anos sem ter de esperar oito meses e por aí fora.

Deverá ser assim, ou sou eu que estou a ver mal?