Afinal o que é que se comemora?
O 25 de Abril de 1974 não será certamente, pois nunca este país esteva tão longe de concretizar os sonhos desse Abril como o está neste ano da desgraça de 2013.
Ouvir aquele que se pretende intitular presidente de todos os portugueses assumir-se como líder partidário e apoiante de um projeto que destrói o País, para além de confrangedor é revoltante.
Olhar para o representante do PSD, um antigo apoiante de Manuel Monteiro e da Nova Democracia, e vê-lo colocar-se à esquerda do discurso do senhor presidente é patético.
Ver gente, cuja prática diária é a oposição aos ideais representados pela flor de Abril com cravos na lapela, é um insulto grotesco.
Ver a ministra que mais tenta cercear a justiça para todos, a fazer de conta que o poema de Alegre é parte intrínseca do seu pensamento é a náusea quase absoluta.
Ver que o 25 de Abril se transformou numa espécie de circo onde se vai mostrar a farpela, ouvir o hino tocado pela guarda, ouvir os velhotes a entoar a Grândola, e fazer de conta que são todos uns democratas dos quatro costados, é francamente triste... muito triste!
Trinta e nove anos depois, a esperança de Abril agonia. E agonia à mão de portugueses que, na sua grande maioria se encontravam do outro lado da barricada naquela saudosa madrugada.
Daí a minha interrogação inicial.
Terá sido para isto que se fez Abril?
3 comentários:
Estamos a comemorar (os velhotes do "Grândola") a paciência, à espera que não nos tirem MAIS das magras pensões. Mesmo assim, estrebuchando como podemos.
À espera que os novos estejam à altura do que lhes legámos: o fim do fascismo, mais miserável que uma guerra. A liberdade. O fim do império.
Sim, mais do que uma guerra, que nesta as feridas vão sarando e reconstruindo um futuro: nestas mentalidades actuais, a mesquinhez deixou traços. É vê-los.
Haja esperança, ainda.
"porque todo o mundo é composto de mudança, troquemos-lhe as voltas..."
Abç de bettips
Esperando que bem estejas, mesmo arredado dos lugares acostumados.
Porque o Inverno e o cinzento são muito intensos, volto às vezes aos lugares de pensar.
Abç
Que a Primavera e Abril te tragam algum sorriso.
Esquecer não é possível. Há um hábito da dor. Isso.
Abç em 22 Abril
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