Ouvindo o que se vai dizendo por aí, e sabendo agora que finalmente a crise é internacional e que o País destrambelhado que os anos de ouro dos dinheiros comunitários nos deixaram começam a dar os seus frutos (podres e escassos), é assaz curioso ver como as posições dos opinadores se vão mudando.
O que antes era incompetência e teimosia passou a ser circunstância e determinação.
O que antes foi apadrinhamento passou a ser necessidade de confiança política.
O que antes eram sacrifícios inauditos passaram a ser necessidades dolorosas.
O que antes era propaganda passou a ser esclarecimento.
O que antes eram mentiras pré-fabricadas passou a ser ajustes de discurso por força dos eventos internacionais.
O que antes era despesismo passou a ser prudência, necessidade de mecanismos de aconselhamento e informação, esclarecimento das medidas a tomar.
O que antes era corrupção passou a ser presunção de inocência.
O que antes era violação grosseira do segredo de justiça e não era investigado passou a sê-lo por respeito para com o cidadão exemplar.
O que é válido para os sucateiros tornou-se danoso para os senhores doutores do capital.
Ostracizam-se os Melancias, Varas, Penedos, Sócrates e quejandos e deixam-se de lado os Tavares, Silvas, Jardins, Valentins, Loureiros, Oliveiras, Tavares, Costas e o que mais se verá.
No meio de tanta incongruência admira-me que não andemos todos a águas pois o estômago e o fígado não aguentam com tanta mixórdia.
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