27 abril, 2007
Um decálogo inquietante
No Lote 5 - 1º Dto. encontro este aviso perturbante.
Ler com atenção.
Primeiro vieram prender os judeus...
(do poema atribuído ao Pastor Martin Niemöller)
Ler com atenção.
Primeiro vieram prender os judeus...
(do poema atribuído ao Pastor Martin Niemöller)
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Discurso redondo
É deveras interessante ver como rapidamente somos acusados de utilizar um discurso redondo, sempre que nos referimos a algo que, sendo verdadeiro, é tido por insignificante na óptica do beneficiado.
Vem isto a propósito de um comentário que inseri num blog amigo, que em interessante post acusava de provincianismo a antiga mui nobre sempre leal e invicta cidade do Porto, acusando os seus habitantes de se sentirem desconfortáveis em relação aos lisboetas.
Claro que medidas, de proteccionismo à capital, tão disparatadas como a que não permitiu a uma famosa casa bancária, nos idos de sessenta, se transformar em banco por pretender ter a sua Sede no Porto, não passam de discurso redondo, assim como o desaparecimento por migração/fusão das sedes de algumas instituições financeiras, ou na diferença de tratamento que tiveram as decisões sobre o lançamento de projectos na rede de transportes públicos urbanos, na diferença de tratamento entre as duas cidades nas acessibilidades rodo-ferroviviárias (quem se lembra dos trinta anos que levou a completar a A1) para já não falar no desenvolvimento fluvial inexistente a Norte, na constante prática de sub-valorização de retribuições para uma mesma prática funcional, no esquecimento do desenvolvimento escolar de que é exemplo a faculdade de Direito, que só aparece no Porto em 1978 pela mão da Católica e só 16 anos mais tarde na UP - mas quem quiser aprofundar o assunto das diferentes faculdades é só querer e constatar as diferenças.
E de quem será a culpa?
Dos lisboetas certamente que não é, daí não serem eles os responsáveis por tal situação, mas tentar fazer de conta que ela não existiu, e de que não teve perniciosa influência na evolução das duas cidades, é a mesma coisa que dizer que antes do 25 de Abril estava tudo bem, e que ninguém era preso por delitos de opinião.
Ainda hoje, é ver os exemplos que a governação ainda dá, até na colocação das agências europeias.
Enquanto na Alemanha, Grécia, Espanha, França e Itália se distribuem por cidades que não a capital, por cá, as duas existentes EMCDDA e EMSA ficam-se por Lisboa!
E que dizer da diversidade de tratamento que é dada nas áreas da cultura, espectáculo ou lazer?
Quando tantas vozes se levantam a clamar que o conceito utilizador/pagador deve ser aplicado a todos porque não falar nas indemnizações compensatórias que do erário público saem para, por exemplo, o Metropolitano de Lisboa e para o do Porto?
Será que é o provincianismo portuense que faz deslocar para Lisboa as sedes das empresas, nomeadamente as da comunicação social?
Será que é o discurso que é redondo, ou que a política seguida desde o tempo do D. Manuel I é que tem apenas um sentido?
O centralismo por vezes ofusca os sentidos, e muitas vezes quem mora na capital ou arredores, esquece-se que há mais nove milhões para além deles, e que no Porto estão alguns naquela que já foi a segunda cidade do País, mas que por força de politiquices absurdas, cada vez mais se afasta desse lugar a velocidade mais elevada do que a que tem afastado o País do centro da Europa a que pertence por obrigação geográfica.
Vem isto a propósito de um comentário que inseri num blog amigo, que em interessante post acusava de provincianismo a antiga mui nobre sempre leal e invicta cidade do Porto, acusando os seus habitantes de se sentirem desconfortáveis em relação aos lisboetas.
Claro que medidas, de proteccionismo à capital, tão disparatadas como a que não permitiu a uma famosa casa bancária, nos idos de sessenta, se transformar em banco por pretender ter a sua Sede no Porto, não passam de discurso redondo, assim como o desaparecimento por migração/fusão das sedes de algumas instituições financeiras, ou na diferença de tratamento que tiveram as decisões sobre o lançamento de projectos na rede de transportes públicos urbanos, na diferença de tratamento entre as duas cidades nas acessibilidades rodo-ferroviviárias (quem se lembra dos trinta anos que levou a completar a A1) para já não falar no desenvolvimento fluvial inexistente a Norte, na constante prática de sub-valorização de retribuições para uma mesma prática funcional, no esquecimento do desenvolvimento escolar de que é exemplo a faculdade de Direito, que só aparece no Porto em 1978 pela mão da Católica e só 16 anos mais tarde na UP - mas quem quiser aprofundar o assunto das diferentes faculdades é só querer e constatar as diferenças.
E de quem será a culpa?
Dos lisboetas certamente que não é, daí não serem eles os responsáveis por tal situação, mas tentar fazer de conta que ela não existiu, e de que não teve perniciosa influência na evolução das duas cidades, é a mesma coisa que dizer que antes do 25 de Abril estava tudo bem, e que ninguém era preso por delitos de opinião.
Ainda hoje, é ver os exemplos que a governação ainda dá, até na colocação das agências europeias.
Enquanto na Alemanha, Grécia, Espanha, França e Itália se distribuem por cidades que não a capital, por cá, as duas existentes EMCDDA e EMSA ficam-se por Lisboa!
E que dizer da diversidade de tratamento que é dada nas áreas da cultura, espectáculo ou lazer?
Quando tantas vozes se levantam a clamar que o conceito utilizador/pagador deve ser aplicado a todos porque não falar nas indemnizações compensatórias que do erário público saem para, por exemplo, o Metropolitano de Lisboa e para o do Porto?
Será que é o provincianismo portuense que faz deslocar para Lisboa as sedes das empresas, nomeadamente as da comunicação social?
Será que é o discurso que é redondo, ou que a política seguida desde o tempo do D. Manuel I é que tem apenas um sentido?
O centralismo por vezes ofusca os sentidos, e muitas vezes quem mora na capital ou arredores, esquece-se que há mais nove milhões para além deles, e que no Porto estão alguns naquela que já foi a segunda cidade do País, mas que por força de politiquices absurdas, cada vez mais se afasta desse lugar a velocidade mais elevada do que a que tem afastado o País do centro da Europa a que pertence por obrigação geográfica.
26 abril, 2007
Jines
De visita à Carlota, dei com esta palavra (?) recomendada para substituir as velhas jeans, num local tão sério como o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa!
De começo, fiquei um pouco surpreso com o neologismo/barbarismo que invadiu, mais uma vez, a nossa língua, mas dei comigo a vasculhar o glossário lá do sítio, para verificar se mais malabarismos linguísticos apareceriam à superfície.
E lá estão, um pouco por todo o lado, contrariando até opiniões expressas no mesmo site em ocasiões diferentes, vide, por exemplo, a palavra personagem, que no seu glossário é recomendada ser usada no género feminino, negando-se a possibilidade de o fazer no masculino, quando em 11.02.2003 já Susana Correia no artigo Personagem: masculino ou feminino dizia o contrário, ou que na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra, na página 197 afirmem : Diz-se, indiferentemente, o personagem ou a personagem com referência ao protagonista homem ou mulher.
Mas neste Glossário, infelizmente, mais coisas esquisitas por lá encontramos, o que quererá dizer que até no melhor pano caem nódoas, como poderá constatar-se ao ver escarrapachadas palavras como futebolês, além/aquém como se fossem apenas usados como prefixos, que não se pode escrever desde Moscovo, ou desde a Bairrada, mas sim de Moscovo ou da Bairrada, que não se pode dizer estratega (!), opina por maqueta em vez de maquete, mas já não o faz em magnate, que admite ser o mesmo que magnata, e por aí fora.
Claro, que quem sai a perder são os que como eu não compram jines, mas apenas calças de ganga ou então apenas umas levis, mesmo que sejam de outra marca qualquer, que continuam a usar uma 1-2-3, mesmo que não seja da Moulinex, fazem marmelada com a ajuda de um passe-vite, ou fazem bricolagem com um Black & Decker mesmo que seja da Bosch.
Depois, ainda querem que nos telejornais e noutros media não brinquem à séria com a língua de Camões, parindo neologismos e barbarismos a torto e a direito, quando não são apenas anedóticas tolices, ou, simplesmente, erros crassos de português elementar.
De começo, fiquei um pouco surpreso com o neologismo/barbarismo que invadiu, mais uma vez, a nossa língua, mas dei comigo a vasculhar o glossário lá do sítio, para verificar se mais malabarismos linguísticos apareceriam à superfície.
E lá estão, um pouco por todo o lado, contrariando até opiniões expressas no mesmo site em ocasiões diferentes, vide, por exemplo, a palavra personagem, que no seu glossário é recomendada ser usada no género feminino, negando-se a possibilidade de o fazer no masculino, quando em 11.02.2003 já Susana Correia no artigo Personagem: masculino ou feminino dizia o contrário, ou que na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra, na página 197 afirmem : Diz-se, indiferentemente, o personagem ou a personagem com referência ao protagonista homem ou mulher.
Mas neste Glossário, infelizmente, mais coisas esquisitas por lá encontramos, o que quererá dizer que até no melhor pano caem nódoas, como poderá constatar-se ao ver escarrapachadas palavras como futebolês, além/aquém como se fossem apenas usados como prefixos, que não se pode escrever desde Moscovo, ou desde a Bairrada, mas sim de Moscovo ou da Bairrada, que não se pode dizer estratega (!), opina por maqueta em vez de maquete, mas já não o faz em magnate, que admite ser o mesmo que magnata, e por aí fora.
Claro, que quem sai a perder são os que como eu não compram jines, mas apenas calças de ganga ou então apenas umas levis, mesmo que sejam de outra marca qualquer, que continuam a usar uma 1-2-3, mesmo que não seja da Moulinex, fazem marmelada com a ajuda de um passe-vite, ou fazem bricolagem com um Black & Decker mesmo que seja da Bosch.
Depois, ainda querem que nos telejornais e noutros media não brinquem à séria com a língua de Camões, parindo neologismos e barbarismos a torto e a direito, quando não são apenas anedóticas tolices, ou, simplesmente, erros crassos de português elementar.
23 abril, 2007
Não há meio
de me poder reconciliar com os revisores dos jornais, nem sequer com os jornalistas.
É sagrado... chega o fim-de-semana* e zás... lá estão as aborrecidas gralhas a esparramar-se pelo papel, a fazer-me comichões por todos os lados, conjuntamente com os textos de opinião de jornalistas que teimam em não entender o óbvio, sempre que este se lhes assenta sobre as espáduas.
O mal grassa em todas as publicações, desde as deliciosamente humorísticas revistas ditas do coração, passando pelas dos mexericos, atravessando a pasquinada desportiva, saltando alegremente nos jornais diários e aterrando nos insuspeitos semanários e revistas a dar para o sério.
Numa altura em que decorre uma campanha para a miudagem (e não só) passar a ler mais um bocadito, não deverá a imprensa passar a ter mais cuidado no que deita cá para fora.
Não acharão os bem remunerados directores que se podiam/deviam ocupar dessas coisas em vez de se andarem a ocupar com outras minudências.
* Só ao fim-de-semana é que me dou ao luxo de comprar os ditos jornais, revistas e tudo que dê para entreter os tempos mortos.
É sagrado... chega o fim-de-semana* e zás... lá estão as aborrecidas gralhas a esparramar-se pelo papel, a fazer-me comichões por todos os lados, conjuntamente com os textos de opinião de jornalistas que teimam em não entender o óbvio, sempre que este se lhes assenta sobre as espáduas.
O mal grassa em todas as publicações, desde as deliciosamente humorísticas revistas ditas do coração, passando pelas dos mexericos, atravessando a pasquinada desportiva, saltando alegremente nos jornais diários e aterrando nos insuspeitos semanários e revistas a dar para o sério.
Numa altura em que decorre uma campanha para a miudagem (e não só) passar a ler mais um bocadito, não deverá a imprensa passar a ter mais cuidado no que deita cá para fora.
Não acharão os bem remunerados directores que se podiam/deviam ocupar dessas coisas em vez de se andarem a ocupar com outras minudências.
* Só ao fim-de-semana é que me dou ao luxo de comprar os ditos jornais, revistas e tudo que dê para entreter os tempos mortos.
19 abril, 2007
18 abril, 2007
Francamente!
Mais 33 entregaram a alma ao Criador - 32 certamente sem ter direito a opinar - numa manifestação de irracionalidade facultada pela legislação apoiada pela maioria dos estado-unidenses.
Neste cantinho europeu, há logo os que aparecem a defender o american way of life e os que, de imediato, o criticam apenas por ser americano, esquecendo que há outros americanos na América do Norte, que detendo armas de caça e defesa em número considerável, estão longe de apresentarem situações como a desta semana.
Claro que me estou a referir ao Canadá.
Com mais de 7 milhões de armas (dados de 2004 - 6.984.485) para cerca de 32,6 milhões de indivíduos, está a grande distância do seu vizinho, que para menos do dobro da população terá 28,5 vezes mais armas, ou seja mais de 200 milhões, segundo esta notícia.
Será que estes americanos, nem pela proximidade se contagiam?
Também oportunamente logo soaram manifestações de pesar, quer da parte dos atingidos que se salvaram, quer de outros que se solidarizaram com as vitímas e suas famílias, logo apoiadas por um presidente que gosta de recorrer a elas sempre que lhe dá jeito.
Estranho, mas mesmo muito estranho, é a NRA ainda estar a aguardar para se pronunciar sobre o assunto! Não saberá que se não existisse a facilidade de comprar armas que defende este estudante ora morto poderia apenas ter andado à pancada com alguém?
E que dizer da segurança de uma Faculdade, que depois de tantos sinais de aviso lançados pelo jovem assassino, continuou a olhar para o lado mais preocupada com o budget anual do que com a segurança dos seus alunos e professores?!
Ter armas de defesa ou caça é uma coisa, poder adquirir armas de guerra apresentando apenas uma identificação e por vezes nem isso é no mínimo escandaloso para não lhe chamar outra coisa ainda pior.
Mas há quem defenda este tipo de hábitos! Alguns porque não fazem intenção de pôr os pés no Estados Unidos, outros porque não se importam de quem morre inocentemente, outros ainda - os piores - que o fazem apenas como defesa de um ponto de vista meramente casual e/ou para alinharem com um grupo de opinião.
Posto isto, só me resta repetir o título desta opinião - FRANCAMENTE!
Neste cantinho europeu, há logo os que aparecem a defender o american way of life e os que, de imediato, o criticam apenas por ser americano, esquecendo que há outros americanos na América do Norte, que detendo armas de caça e defesa em número considerável, estão longe de apresentarem situações como a desta semana.
Claro que me estou a referir ao Canadá.
Com mais de 7 milhões de armas (dados de 2004 - 6.984.485) para cerca de 32,6 milhões de indivíduos, está a grande distância do seu vizinho, que para menos do dobro da população terá 28,5 vezes mais armas, ou seja mais de 200 milhões, segundo esta notícia.
Será que estes americanos, nem pela proximidade se contagiam?
Também oportunamente logo soaram manifestações de pesar, quer da parte dos atingidos que se salvaram, quer de outros que se solidarizaram com as vitímas e suas famílias, logo apoiadas por um presidente que gosta de recorrer a elas sempre que lhe dá jeito.
Estranho, mas mesmo muito estranho, é a NRA ainda estar a aguardar para se pronunciar sobre o assunto! Não saberá que se não existisse a facilidade de comprar armas que defende este estudante ora morto poderia apenas ter andado à pancada com alguém?
E que dizer da segurança de uma Faculdade, que depois de tantos sinais de aviso lançados pelo jovem assassino, continuou a olhar para o lado mais preocupada com o budget anual do que com a segurança dos seus alunos e professores?!
Ter armas de defesa ou caça é uma coisa, poder adquirir armas de guerra apresentando apenas uma identificação e por vezes nem isso é no mínimo escandaloso para não lhe chamar outra coisa ainda pior.
Mas há quem defenda este tipo de hábitos! Alguns porque não fazem intenção de pôr os pés no Estados Unidos, outros porque não se importam de quem morre inocentemente, outros ainda - os piores - que o fazem apenas como defesa de um ponto de vista meramente casual e/ou para alinharem com um grupo de opinião.
Posto isto, só me resta repetir o título desta opinião - FRANCAMENTE!
16 abril, 2007
Confusões
Hoje cá recebi mais um exemplar da revista da CMP - Porto Sempre - que me proporciona sempre algumas divertidas surpresas.
Desta feita, foi uma conversa com o Filipe La Feria que me tirou do sério, pois este insigne encenador, que, pelos vistos, também foi professor da UI, decidiu que a ópera-rock Jesus Cristo Superstar, é o maior clássico do teatro musical de todos os tempos.
Para além do disparate que é a afirmação do encenador, qualificando o musical de modo absoluto, como se o seu dixit fosse uma verdade irrefutável, que dizer de outras obras como My Fair Lady, West Side Story, Musica no Coração, Hello Dolly, Hair, Evita, Porgy and Bess, Violino no Telhado, Cats, Cabaret, O Fantasma da Ópera ou Godspell, e isto só para citar alguns dos grandes!
Talvez ainda um dia, alguém consiga explicar a este brilhante encenador que a poesia não é facilmente transposta para outras línguas, uma vez que se vai perder na tradução a musicalidade da inicial.
Imaginem traduzir isto:
...
De KUBLA KAHN de Samuel Coleridge
Fiz-me entender?
Desta feita, foi uma conversa com o Filipe La Feria que me tirou do sério, pois este insigne encenador, que, pelos vistos, também foi professor da UI, decidiu que a ópera-rock Jesus Cristo Superstar, é o maior clássico do teatro musical de todos os tempos.
Para além do disparate que é a afirmação do encenador, qualificando o musical de modo absoluto, como se o seu dixit fosse uma verdade irrefutável, que dizer de outras obras como My Fair Lady, West Side Story, Musica no Coração, Hello Dolly, Hair, Evita, Porgy and Bess, Violino no Telhado, Cats, Cabaret, O Fantasma da Ópera ou Godspell, e isto só para citar alguns dos grandes!
Talvez ainda um dia, alguém consiga explicar a este brilhante encenador que a poesia não é facilmente transposta para outras línguas, uma vez que se vai perder na tradução a musicalidade da inicial.
Imaginem traduzir isto:
In Xanadu did Kublai Kahn
A stately pleasure-dome decree,
Where Alph, the sacred river ran
Trough caverns measureless to man
Down to a sundless sea.
A stately pleasure-dome decree,
Where Alph, the sacred river ran
Trough caverns measureless to man
Down to a sundless sea.
...
De KUBLA KAHN de Samuel Coleridge
Em Xanadu Kublai Kahn fez
Um impressionante estádio de prazer por decreto
Onde o Alfa, o rio sagrado corre
Através de cavernas impossíveis de medir pelo homem
Para baixo até um mar sem Sol.
Um impressionante estádio de prazer por decreto
Onde o Alfa, o rio sagrado corre
Através de cavernas impossíveis de medir pelo homem
Para baixo até um mar sem Sol.
Fiz-me entender?
15 abril, 2007
20%
Hoje no JN lá vem a desagradável notícia:
- Em Portugal, 20% da população está abaixo do limiar de pobreza.
Claro, que vamos ficar indignados, vociferar contra o governo, falar sobre o assunto com alguns amigos, e esquecer rapidamente o assunto, pois tristezas não divertem ninguém, voltaremos lestamente aos resultados do futebol, ao diploma do primeiro-ministro, às telenovelas do costume e a sonhar com as férias que estão para aí a aparecer pois o tempo é primaveril.
Esquecemos facilmente que cerca de dois milhões de portugueses nem sequer de pobres podem ser chamados, pois vivem na miséria mais abjecta e certamente que não será por opção própria.
Esquecemos que poderíamos contribuir um pouco para que essa miséria fosse desaparecendo, contribuindo activamente para tantas obras de apoio que tentam chegar a essa população, carente e frágil, que não se cruza connosco, pois vive longe da nossa vista e do nosso olfacto.
Esquecemos que temos roupas e sapatos enfiados em armários e arrecadações a apodrecer, e que poderiam servir para abrigo de alguém, ou que são simplesmente deitados ao lixo pelos mais insensíveis.
Esquecemos simplesmente que até na pobreza somos pobres, mais pobres que os restantes europeus.
Mas, quando por vezes vemos algum desses miseráveis que fazemos?
Já pensou nisso?
- Em Portugal, 20% da população está abaixo do limiar de pobreza.
Claro, que vamos ficar indignados, vociferar contra o governo, falar sobre o assunto com alguns amigos, e esquecer rapidamente o assunto, pois tristezas não divertem ninguém, voltaremos lestamente aos resultados do futebol, ao diploma do primeiro-ministro, às telenovelas do costume e a sonhar com as férias que estão para aí a aparecer pois o tempo é primaveril.
Esquecemos facilmente que cerca de dois milhões de portugueses nem sequer de pobres podem ser chamados, pois vivem na miséria mais abjecta e certamente que não será por opção própria.
Esquecemos que poderíamos contribuir um pouco para que essa miséria fosse desaparecendo, contribuindo activamente para tantas obras de apoio que tentam chegar a essa população, carente e frágil, que não se cruza connosco, pois vive longe da nossa vista e do nosso olfacto.
Esquecemos que temos roupas e sapatos enfiados em armários e arrecadações a apodrecer, e que poderiam servir para abrigo de alguém, ou que são simplesmente deitados ao lixo pelos mais insensíveis.
Esquecemos simplesmente que até na pobreza somos pobres, mais pobres que os restantes europeus.
Mas, quando por vezes vemos algum desses miseráveis que fazemos?
Já pensou nisso?
11 abril, 2007
Já lá vai algum tempo...
...que por aqui não aparecia.
Ora muito bom dia, meninos e meninas que por aqui apareceram e/ou mandaram recados.
Embora tardiamente, um bom ano para todos, pois este parece querer continuar a correr com falatórios sobre o acessório deixando para trás, como é hábito, o essencial.
Hoje há noite há festa de arromba, pois irá ser notícia de televisão um dos grandes problemas nacionais - o canudo do primeiro-ministro!
Claro que há por aí uma meia-dúzia de outros pequenos problemas tais como a falta de assistência a idosos, a pobreza que se estende pela classe média, a incultura da nossa juventude (pois a dos mais velhos está à vista todos os serões na RTP 1), a falta de vitalidade do nosso comércio, a desertificação do interior, a apatia da generalidade dos nossos industriais, a macrocefalia da Região de Lisboa e Vale do Tejo, a falta de segurança nas estradas e vias públicas, a pobreza do discurso da generalidade da classe política, a corrupção generalizada, a violência nos estádios de futebol, a violência nas escolas, a inoperância da justiça, etc., etc., etc....
Iremos ficar mais descansados e com perspectivas de um futuro mais risonho se passarmos a saber se, o "sinhor inginheiro", teve ou não estas ou aquelas cadeiras, fez ou não fez um tal mestrado, ou ainda se tem fotocópias de todos os certificados e exames que fez, aliás, como é hábito de todos os portugueses, que guardam em casa, ciosamente, tais tipos de provas que atestem o seu grau académico.
Num País em que ser doutor ou engenheiro dá direito a tratamento especial não é de admirar, mas já era tempo de termos andado um pouco mais para a frente.
Até qualquer dia.
Ora muito bom dia, meninos e meninas que por aqui apareceram e/ou mandaram recados.
Embora tardiamente, um bom ano para todos, pois este parece querer continuar a correr com falatórios sobre o acessório deixando para trás, como é hábito, o essencial.
Hoje há noite há festa de arromba, pois irá ser notícia de televisão um dos grandes problemas nacionais - o canudo do primeiro-ministro!
Claro que há por aí uma meia-dúzia de outros pequenos problemas tais como a falta de assistência a idosos, a pobreza que se estende pela classe média, a incultura da nossa juventude (pois a dos mais velhos está à vista todos os serões na RTP 1), a falta de vitalidade do nosso comércio, a desertificação do interior, a apatia da generalidade dos nossos industriais, a macrocefalia da Região de Lisboa e Vale do Tejo, a falta de segurança nas estradas e vias públicas, a pobreza do discurso da generalidade da classe política, a corrupção generalizada, a violência nos estádios de futebol, a violência nas escolas, a inoperância da justiça, etc., etc., etc....
Iremos ficar mais descansados e com perspectivas de um futuro mais risonho se passarmos a saber se, o "sinhor inginheiro", teve ou não estas ou aquelas cadeiras, fez ou não fez um tal mestrado, ou ainda se tem fotocópias de todos os certificados e exames que fez, aliás, como é hábito de todos os portugueses, que guardam em casa, ciosamente, tais tipos de provas que atestem o seu grau académico.
Num País em que ser doutor ou engenheiro dá direito a tratamento especial não é de admirar, mas já era tempo de termos andado um pouco mais para a frente.
Até qualquer dia.
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