A opinião unânime de que o chamado PEC IV não deveria ser aceite pelo povo português foi aprovada pela maioria do Parlamento nacional numa votação que se pode crismar de interessante, pois juntou no mesmo saco gatos de diferentes espécies, mas agora com uma opinião comum - derrubar o governo - sem necessidade de apresentar moções de rejeição ou rejeitar moções de confiança!
O nosso presidente, verdade seja dita, ocupado com o envio de condolências a diversas famílias, a fazer discursos de circuntância a que se vê obrigado pelas funções que exerce, a ida UP e a felicitação aos atletas medalhados no campeonato europeu de atletismo em pista coberta e à Lídia Jorge, não teve tempo nestas últimas duas semanas para tratar fosse do que fosse e que era do interesse do País, enfim... de todos nós.
Os economistas de serviço e os politólogos (raio de palavra esta que não consta nos dicionários) juntamente com os compadres comentadores e jornalistas que seguem guiões de que não se afastam com medo de perder algum tacho, lá vão cantando e rindo sobrecarregados com o peso de ordenados principescos e mordomias inalcançáveis pela generalidade dos que sofrem na pele a crise que veio para ficar.
Os partidos, por seu lado, aquecem motores para mais uma roleta russa metidos num albergue espanhol de onde não se sabe o que sairá mas que se prevê que tudo fique ainda pior do que já estava.
Assim sendo, alguém me consegue explicar o que toda esta classe de aprendizes de feiticeiro, bafejada com duas três e mais reformas/empregos/mordomias, que se alcandoraram aos lugares que ocupam, a maior parte das vezes por apostarem nos cavalos certos e raramente por serviços e conhecimentos adquiridos em trabalho braçal ou intelectual de reconhecido mérito, anda a fazer?
Seremos nós, mais uma vez, permeáveis aos cantos das sereias que nos irão prometer o paraíso ou a sageza para liderar um país em que a chico-espertice é admirada, a insolência é discurso político, a maledicência é tida como verdade insofismável e não como captadora de audiências, o vale-tudo está na ordem do dia, e clama-se por novo regime quando passam a vida a corromper o que existe!
Está na hora de nos serem mostradas as soluções por aqueles que até ao momento só souberam criticar ou meter pauzinhos na engrenagem.
Eu, por mim, vou ficar à espera... sentado, pois vou esperar muito!
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