25 dezembro, 2008

Despedida

Partiste, como eu desejei que partisses, em paz, sossegadamente...

Há muito tempo que não te sentia assim..., pois lutaste quanto pudeste!

O teu amor à vida era estranho, pois tu, que não gostavas do sofrer, fizeste-o tantas vezes nestes últimos tempos, só para poderes sorver mais um pouco duma vida que não entendemos... a tua vida.

Ontem, no teu olhar mortiço, já não vi as bolinhas escuras que procurava sempre que estava contigo e conseguia descortinar sob aquele olhar semicerrado, travesso, que tu tão bem sabias fazer. Olhavas e já só nos vias a espaços, numa derradeira batalha que travavas entre o ficar e o partir, e ainda fiquei esperançado que, mais uma vez, a fintasses com uma das tuas habilidades misteriosas.

Mas não. Desta vez, não conseguiste... não sei se baixaste os braços, ou se apenas já estavas cansada de tanto jogo de escondidas, mas creio que tomaste a melhor opção.

Claro que o meu egoísmo preferiria que tu te mantivesses mais um pouco, pelo menos até conseguires juntar mais um aos que já passaram desde mil novecentos e dezasseis, e era já em Janeiro, mas... também não te poderia exigir assim tanto.

Mas ficarei sempre contigo, como fiquei sempre com todos aqueles a que te juntaste, e que já vão sendo demasiados a ocupar os recantos das minhas recordações.

Partiste mas ao mesmo tempo ficas aqui, comigo, connosco, até um dia qualquer, em que eu tenha de partir também, e satisfaça a curiosidade final.

Até sempre! Um beijo do teu teofilo.

2 comentários:

tulipa disse...

Uma despedida triste como o são todas as despedidas.

Respeito o teu sofrimento!
Estou contigo.

Também eu desejo que os meus ente-queridos partam em paz, sossegadamente...incluindo eu mesma!

Teófilo M. disse...

Obrigado pela amizade.