Para meu grande desgosto, vejo a generalidade da imprensa nacional abandonar os critérios jornalísticos para dar lugar aos comerciais.
Cresci olhando para os jornalistas com um grande respeito, pois tive-os na família, e sabia bem que a magra retribuição obrigava a longas horas de trabalho e que a essência era transmitir o mais fielmente possível o que se tinha passado.
Aprendi muito cedo que, as bases de uma boa notícia, derivavam de cinco breves interrogações, o quê?, quem?, quando?, como? e onde?, a que o jornalismo de investigação acrescentava uma sexta - porquê?,
O meu fascínio pelo jornalismo levou-me a ser jornalista escolar, num tempo em que nas escolas se não ensinava apenas o programa oficial aprovado no ministério, e onde se fomentava a cidadania e a participação na sociedade.
Habituei-me a acreditar nas notícias dos jornais, porque na generalidade elas reflectiam uma imagem muito próxima do acontecido, muito embora cada título desse a mesma notícia de maneira diversa.
Logo pelos títulos e parangonas se divisavam as diferenças.
Infelizmente, hoje a notícia deixou de ser informação para passar a ser indução.
Os diz-se, consta, parece, há quem diga, foram substituídos por falsas proposições que dão a impressão que a notícia dada terá acontecido pois, a maior parte das vezes, uma ou mais das cinco interrogações atrás enunciadas desaparecem como se não fizessem falta.
A notícia na hora é o que está a dar!
Peguemos num pequeno exemplo. Houve esta manhã, segundo O Correio da Manhã, por volta das 07H00, diz o JN que foi às 06H50, um incêndio em Oeiras, que afectou de modo diverso 12 pessoas (aqui acertam os dois).
Na descrição da notícia propriamente dita, poderá ver-se (aqui e aqui) a diferença de tratamento entre os dois orgãos noticiosos, mas o que já não se compreende é que num se afirme que três famílias vão ser alojadas pela Câmara e outro diga que apenas vão ser duas. Onde pára a verdade? Será que nos três minutos que separam as duas notícias está a explicação da diversidade?
Dir-me-ão alguns que isso são pormenores sem importância, mas se for esse o caso porquê referi-los?
Outro exemplo, esse bem mais grave, tem a ver com as declarações de António Marta na comissão de inquérito da AR.
O que estava em causa, principalmente, eram as declarações de Dias Loureiro efectuadas na véspera que dizia ter avisado o BdP para o que estava a acontecer no BPN, mas pelos vistos não é essa a parte importante para os fornecedores de notícias, e aqui a porca torce o rabo, pois os títulos são expressivos e falam por si.
Cresci olhando para os jornalistas com um grande respeito, pois tive-os na família, e sabia bem que a magra retribuição obrigava a longas horas de trabalho e que a essência era transmitir o mais fielmente possível o que se tinha passado.
Aprendi muito cedo que, as bases de uma boa notícia, derivavam de cinco breves interrogações, o quê?, quem?, quando?, como? e onde?, a que o jornalismo de investigação acrescentava uma sexta - porquê?,
O meu fascínio pelo jornalismo levou-me a ser jornalista escolar, num tempo em que nas escolas se não ensinava apenas o programa oficial aprovado no ministério, e onde se fomentava a cidadania e a participação na sociedade.
Habituei-me a acreditar nas notícias dos jornais, porque na generalidade elas reflectiam uma imagem muito próxima do acontecido, muito embora cada título desse a mesma notícia de maneira diversa.
Logo pelos títulos e parangonas se divisavam as diferenças.
Infelizmente, hoje a notícia deixou de ser informação para passar a ser indução.
Os diz-se, consta, parece, há quem diga, foram substituídos por falsas proposições que dão a impressão que a notícia dada terá acontecido pois, a maior parte das vezes, uma ou mais das cinco interrogações atrás enunciadas desaparecem como se não fizessem falta.
A notícia na hora é o que está a dar!
Peguemos num pequeno exemplo. Houve esta manhã, segundo O Correio da Manhã, por volta das 07H00, diz o JN que foi às 06H50, um incêndio em Oeiras, que afectou de modo diverso 12 pessoas (aqui acertam os dois).
Na descrição da notícia propriamente dita, poderá ver-se (aqui e aqui) a diferença de tratamento entre os dois orgãos noticiosos, mas o que já não se compreende é que num se afirme que três famílias vão ser alojadas pela Câmara e outro diga que apenas vão ser duas. Onde pára a verdade? Será que nos três minutos que separam as duas notícias está a explicação da diversidade?
Dir-me-ão alguns que isso são pormenores sem importância, mas se for esse o caso porquê referi-los?
Outro exemplo, esse bem mais grave, tem a ver com as declarações de António Marta na comissão de inquérito da AR.
O que estava em causa, principalmente, eram as declarações de Dias Loureiro efectuadas na véspera que dizia ter avisado o BdP para o que estava a acontecer no BPN, mas pelos vistos não é essa a parte importante para os fornecedores de notícias, e aqui a porca torce o rabo, pois os títulos são expressivos e falam por si.
24 Horas - António Marta aceita acareação com Dias Loureiro - Responsável do Banco de Portugal admite falha
Diário de Notícias - António Marta admite falha de supervisão no caso BPN
JN - António Marta disponível para acareação com Dias Loureiro sobre reunião de 2001
Correio da Manhã - Supervisor admite falha
Publico - "Situação deteriorada" no BPN obrigou BdP a convocar reunião inédita em 2006(não é permitido 'link' a esta notícia no suplemento de economia)Diário de Notícias - António Marta admite falha de supervisão no caso BPN
JN - António Marta disponível para acareação com Dias Loureiro sobre reunião de 2001
Correio da Manhã - Supervisor admite falha
Jornal de Negócios - Acho que falhei - António Marta volta a afastar alerta de Dias Loureiro - Oliveira Costa sentia-se "perseguido" pelo Banco de Portugal
Ora, fácil será verificar que, em nenhum orgão de informação, é publicado, em parangona, que Marta não confirmou declarações de Loureiro, com uma pequena nuance no Jornal de Negócios que eufemisticamente lhe chama afastamento, tendo no extremo o Público, que acha que o mais interessante no depoimento foi uma reunião tida em 2006 entre Marta e os membros dos conselhos de administração da SLN e do BPN e os revisores oficiais de contas (ROC) e auditores do grupo a propósito das insuficiências de organização complicadas e que o controlo interno não funcionava (sublinhado referente a declarações expressas de Marta).
O que salta à vista, é o que o BdP falhou na supervisão - não Marta, mas o BdP (novamente aqui a excepção do Jornal de Negócios) - e que Marta aceita a acareação com Dias Loureiro.
Se todos bem se lembram da campanha que tem corrido contra o governador do BdP, são sintomáticas de uma informação previamente orientada em quase todos estes títulos, ou não será assim?
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