Não será novidade para ninguém afirmar que o país está de pantanas!
Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, diz-nos a sabedoria popular, mas não é razão que se procura, mas apenas um pouco mais de respeito, por este povo que por aqui anda há mais de oito séculos e que se espera que continue a andar.
O coro dos protestos alterou a sua voz quando viu que as mordidelas não se ficavam apenas pelos funcionários públicos, reformados, pensionistas, desempregados e dependentes do RSI. Logo que a austeridade lhes bateu à porta - estou a falar da classe média que escreve nos jornais, que dá palpites nas mesas redondas, que até tem mais de uma casita e um carrito, que manda os filhos estudar nos privados, que não anda pelos postos da "caixa", que tem canudo e vai ao cinema, etc. - desatou aos berros de que a estavam a roubar!
Ainda bem que assim foi, pois parecia que este país já se tinha esquecido que havia outros portugueses, que até podiam ser seus vizinhos, e que há muito se debatem com dificuldades porque uma qualquer pandilha decidiu que seriam eles a pagar a crise que não existia!
No rescaldo do PEC IV, de triste memória, chumbado porque o BE clamava pela boca do Pureza, que "não é por se abrir uma crise política que o FMI virá", enquanto o PCP, pela voz de Honório Novo afirmava que "O Fundo Monetário
Internacional [FMI] já cá está pela vossa mão [do Governo], pela mão dos
três PECs anteriores. (...) Confirma-se aqui tudo o que o PCP disse há
uma semana (...) afinal o Fundo Europeu de Estabilidade tem o FMI por
trás. É o FMI que dita as regras, as análises, que decide e que também
financia. O PEC IV é o PEC do FMI", por seu lado, o PSD através de Ferreira Leite afirmava "Neste momento este
Governo não toma medidas que conduzam à melhoria dos mercados. O
problema que está em causa é a confiança deste Governo. As mesmas
medidas com outro Governo teriam outra reacção dos mercados", e o CDS, via Paulo Portas criticava "Hoje este Parlamento
não debate o PEC IV. Debate o que resta de um PEC IV que está negociado e
comprometido em Bruxelas. Este Governo colocou o País a ser governado
por credores.", vê-se agora bem a razão que lhes assistia. Então não está mesmo à frente dos nossos olhos?!!
O FMI veio contra a opinião do BE, afinal o PEC IV não era o PEC do FMI como afirmava o PCP, o governo que veio a seguir não teve melhor reação dos mercados como dizia o PSD, nem o governo tinha então colocado o país sob a bota dos credores como afimava o CDS!
De mentira em mentira, chegamos ao caos que todos sentimos hoje na pele, amanhã será pior!
No rescaldo de tudo isto, com um governo desnorteado e com graves dissenssões internas, com uma oposição presa da "sua culpa", com um presidente da república enredado nas sua próprias manobras, com um coro de protestos mas sem soluções à vista, restar-nos-á gritar:
- Quem nos acode?
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