31 março, 2011

O 25 de Abril dissolvido

Pelos vistos as comemorações do 25 de Abril, este ano, não terão poiso na AR pois esta estará fechada a aguardar novos inquilinos, ou seja, a casa da democracia fechará ficando a democracia na rua por decisão dos par(a)lamentares que por lá se amontoam.

Se o povo fosse mais teso, faria um 25 de Abril na rua que envergonharia o dos anos anteriores, mas como infelizmente por cá há mais garganta do que ações, ficaremos todos um pouco mais sorumbáticos a carpir a culpa que parece não ser nossa por não ir votar e preferir ir dar umna volta a ir cumprir o nosso dever ciívico.

Henrique Raposo

O que fará correr Henrique Raposo?

Este opinador com lugar cativo no Expresso nutre uma suave predilecção pelo ataque soez àqueles de quem não gosta, verrinando q.b. Sócrates, o governo e tudo o que não lhe agrada ao paladar, vestindo essas críticas de roupagens que parecem verdadeiras mas que, a um olhar mais cuidadoso, ver-se-à que são como as daquele conto em que o rei ía nu.

Este plumitivo personagem que, nos seus ardilosos textos, se quer fazer passar por um atento e enérgico observador pseudointelectual (até parece que lê os livros que publicita - não sei se como publicidade paga ou por refinado gosto), descobriu em 7 de Dezembro de 2010 que a economia funcionava na Irlanda (!!!), acha que Rangel (o Paulo, europeu) quer abandonar o socialismo porque é um liberal-cristão.

Ele que até é licenciado em história (ou será estória)e tem um mestrado em ciência política sendo investigador na Universidade Nova (por aqui se vê como o ensino é relaxado neste país) cultiva com ardor o seu canteiro o ódio ao Sócrates, ao socialismo (seja ele utópico, libertário, científico, de mercado, real, cristão... e por aí fora) e o liberalismo mais radical mas paradoxalmente cristão (o que entra no domínio do impossível), para mim, é o exemplo acabado de como a direita vê o assalto ao poder.

Críticas noutras direcções, só nos casos em que elas sejam democrática e entenda que todas as correntes de opinião podem ser tão livres como as dele, ou então nos que se posicionam na vulgarmente chamada esquerda, aí desanca forte e feio recorrendo a tudo, qual petite Maquiavel, pois para ser um verdadeiro primeiro é necessário ter cultura e qualidade para isso.

Tendo como adquirido que HR não escreve de borla, mas que também não será apenas o vil metal que o fará correr, pergunto-me - por quem correrá e a que preço?

Será a Guaraná de "Lesboa", um lugarito bem remunerado como boy de alguém ou é apenas patetice bem aproveitada por quem é mais esperto do que ele?

30 março, 2011

O Porto está mais pobre

Morreu Ângelo de Sousa, nesta cidade que o acolheu para viver e trabalhar e a que respeitou e tratou sempre como sua.
Ficámos mais pobres com o desaparecimento do primeiro dos quatro vintes.
Para memória futura dois pormenores de um dos seus trabalhos que podemos apreciar nesta cidade.

29 março, 2011

A crise

Sou do tempo em que as primeiras letras eram ensinadas pela família (avós, pais, irmãos, tios, primos e por aí fora) muitas das vezes com a ajuda da cartilha maternal do João de Deus; os primeiros passos eram dados numa escola primária onde um(a) sever(o)(a) mas competente professor(a) nos ensinava a ler, escrever e contar, nos fazia descobrir a história do País, um tanto fantasiada é verdade, mas que era obrigatório conhecer, nos fazia percorrer Portugal de lés a lés atravessando rios e seus afluentes, percorrendo linhas negras de caminhos de ferro, cavalgando montes e montanhas estampados num mapa pendurado num prego, mostrava como éramos por dentro com um recato próprio duma clausura, fazia com que descobríssemos a variedade da fauna e da flora neste jardim pequenino arrumado a um canto da galáxia.

Para aprender tudo isso, não tínhamos máquinas de calcular,computadores, magalhães, cadernos/livros com repostas de múltipla escolha, lapiseiras, esferográficas com duas e mais cores, marcadores, borrachas técnicas, correctores, cadernos para exercícios de imaculadas folhas brancas ou levemente coloridas, agrafadores,clips, capas plásticas e demais parafernália habitual neste universo consumista.

Usávamos uma lousa com esquadria em madeira, que se partiam de vez em quando o que dava geralmente origem a um par de tabefes ou uns puxões de orelhas, escrevíamos nela com um lápis a que chamávamos pena feito com o mesmo material que, por vezes, fazia um ruído irritante ao escrever e se apagava com um pedaço de pano ou com o dedo préviamente humedecido na nossa saliva; uns cadernos de capa em papel vegetal com o interior em folhas de um branco amarelecido e que, ou eram lisos, ou tinham uma ou duas linhas, consoante o nível de habilidade caligráfica, onde escrevíamos com uma caneta de madeira com um aparo chamado bico de lança, que tinha de ser embebido amiúde num tinteiro divido com o nosso companheiro de carteira, ou então com um lápis que geralmente era fornecido pelas próprias livrarias onde os nossos progenitores faziam as suas compras ou por outros estabelecimentos comerciais ou industriais que aproveitavam para fazer o reclame da sua empresa. Tínhamos uma sebenta em papel custaneira onde escrevíamos a lápis e que servia como auxiliar nas contas e nos desenhos usando como régua aquelas de madeira da Pasta Medicinal Couto, com a escala em amarelo berrante, ou outras mais elaboradas feitas do mesmo material, na sua falta então era mesmo um dos lados da esquadria da lousa.

O nosso computador era a tabuada e a tabela de equivalências, que nos ensinava a tabiuada até à dos doze, nos esclarecia que um quartilho era equivalente a meio litro ou 1/4 de canada, um quintal não era apenas um terreno com uma pequena horta mas que também podia ser o peso de quatro arrobas, um estere era igual a um metro cúbico que por sua vez era igual a mil litros ou uma grosa tinha doze dúzias; a libra valia vinte xelins e cada xelim valia doze pences, pois nesse tempo a velha Albion não se tinha ainda convertido ao sistema decimal.

Já nessa altura, o ensino se retraía, pois tinha desaparecido a quinta classe e o botas queria um povo não muito evoluído intelectualmente, pois quanto menos se sabe menos se sente a falta do saber.

Muitos de nós ficávamos por ali, o que não impedia que arranjássemos trabalho (não confundir com emprego) e contribuíssemos para o crescimento do PIB.

Hoje, na generalidade, com a modernidade e a evolução(!!!), temos montes de licenciados e mestres que sendo técnicos de alguma coisa sabem muito pouco do restante, e despindo a generalidade dos gadgets habituais - carrinho a brilhar, roupinhas feitas em massa mas de marca sonante, telemóveis modernaços, relógios com 1001 aplicações mas que nem sempre andam certos, portátil a tiracolo ou na luzidia pasta, prole na escolinha privada da zona que tem um contínuo a tomar conta de algumas centenas de mafaricos, mafarricas e mafarriquinhos, as fériazinhas nos paraísos tropicais em estâncias fechadas e a família reduzida ao pessoal que vive lá em casa - não compra livros, a não ser para decorar a casa ou encher os armários, não vão ao teatro pois é caro e caíu em desuso, a não ser que haja alguma bambochata do La Féria, visitar um museu, uma igreja, um monumento, assistir a um concerto de música séria (não tomar séria por clássica) são perdas de tempo, segundo dizem...

Sim, de facto, estamos em crise, e é das grandes, e, se não damos volta a este superficial estado de coisas, é melhor emigrarmos ou deixarmo-nos ficar na praia a ouvir o mar e esperar que a maré suba.

28 março, 2011

A ver passar os comboios

Neste País, pequenino, fala-se do que não tem interesse e após muita conversa fiada ficamos todos na mesma.

Soluções nada ou então disparates.

Falar sobre a reestruturação das pescas, a falência e facilitismo no ensino, uma rede de transportes útil e de preferência ferroviária, o caminho a seguir pela agricultura, a dinamização dos portos e sua modernização, o combate à delinquência e ao consumo da droga, a defesa da floresta, a organização bem articulada da defesa civil, a prioridade da defesa, o apoio acertado e efectivo à diplomacia económica, a aposta nas tecnologias de ponta, a dinamização da cultura e a preservação dos usos e costumes, a regionalização que se vem protelando com custos elevados, são temas que raramente vemos abordados seriamente por quem quer que seja, pois os opinion makers do costume preferem perder-se nas repentinas tricas e baldrocas das bocas dos políticos tidas em patéticos discursos àcerca de quem é a culpa do estado a que isto chegou.
Hoje, pode ler-se que o presidente da Conferência Episcopal também veio deitar faladura para lançar mais uma lapalissade, entretanto o povo português continua a ver passar os comboios.

27 março, 2011

Mas que grande patusco! (I)

Já há muito que não me divertia tanto com o JPP, mas hoje no seu Abrupto vejo que resolveu lucubrar sobre o provérbio latino Abyssus abyssum invocat para de imediato se atirar ao seu bombo de festa de estimação que dá pelo nome de José Sócrates mais à sua trupe do PS.

Daí dá uma saltada à tradução clássica (!) não a referenciando, que diz que a tradução de deep será inferno !!!!!!!

Lá teremos de alterar os dicionários de Inglês ou as suas vertentes de estudo Inglês-Português ou Inglês-qualquer-coisa, pois é por demais conhecido pela generalidade das gentes que têm afinidades com a língua inglesa que o vocábulo para inferno é o famoso hell que não se encontra no salmo 42.7 da King James Bible.

Este patusco, que gosta de se mostrar entendido em tudo, parte depois para a tradução do latino invocat e, se calhar recorrendo ao tradutor do Google, atira com vocábulos em inglês, francês, italiano, espanhol e duas versões de português, acaba por dizer que o abismo afinal não chama antes atrai, talvez por isso, o seu grupo parlamentar quando chegou à borda do abismo, na AR, deu o passo em frente, na alegre companhia das outras bancadas, quer à direita, quer à esquerda do PS.

Depois diz que o Zé Sócrates e o PS foram os grandes cavadores do dito - pois, pelos vistos, o País antes era uma altaneira montanha - esquecendo-se porém de nomear os que, segundo afirma, o ajudaram a cavar nos ultimos quinze anos.

26 março, 2011

Regresso

Ao fim de dois anos de ausência nas lides resolvi regressar pois o projecto a que me dediquei nestes últimos dois anos teve o seu fim e ainda bem.

Tenho, de novo, algum tempo livre para me expressar livremente e quando o entender.

A minha cara-metade diz-me que devo estar louco... se calhar fui contagiado pelos ventos que sopram no país...

Será isto louvável?

Passo pel' A Baixa do Porto e deparo com este apontamento.

Não sei se a culpa é da Câmara, da Junta de Freguesia, da PSP, do ME, ou simplesmente da estupidez e má criação.

Sei que o Porto não merece isto!

Porque hoje é Sábado

...

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

...

in O Dia da Criação de Vinicius de Moraes

Infelizmente, creio que ainda não será desta que nos livraremos de todo o mal. O que vale é que amanhã é Domingo e isto apenas porque hoje é Sábado, e continuam a existir crianças que não têm de comer, mulheres que continuam a apanhar, piqueniques de políticos, vampiros pelas ruas, espetáculos de gala e uma sensação angustiante que não pronuncia nada de bom.

25 março, 2011

Já começou a campanha eleitoral

Hoje, pelos vistos, o PSD, PCP e BE vão acabar - este ano - com a avaliação dos professores! O CDS do PP não deve votar a favor numa estratégia de lavar as mãos mas não se opondo.

Nada propõem de novo, o mesmo que dizer que vão estudar o assunto que ficará para as calendas gregas.

O oportunismo eleitoral é isto! É esta a maneira de caçar votos numa classe que insiste em ser diferente das outras.

Face ao espectáculo com que diariamente sou brindado pelo meu amigo Malato nas perguntas que faz a jovens licenciados, mestres e professores, estou cada vez mais pessimista sobre o ensino em Portugal, e creio que pouco há a fazer para nos tirar do fundo da escala.

2005

Era ministro um senhor chamado Luís Campos e Cunha que geria as Finanças a mando de Sócrates e que mais tarde abandonou o governo por não querer ganhar menos.

Nessa altura, defendia o mesmo senhor que o IVA (imposto cego), deveria passar para 21% (estava em 19%) porque a situação do País era muito grave e que só o fazia "para acautelar os mais pobres e assegurar a situação da Segurança Social", mais dizia que a questão da perda de competitividade das empresas devido à subida do IVA era um "falso problema".

Nessa mesma altura, outro senhor, chamado Aguiar Branco, criticava a medida, dizendo que a forma como o governo estava a tratar as finanças públicas era "demagógica" e rejeitava o aumento do IVA por ser "antisocial, anti-económico e anticívico".
Honra lhe seja feita, Campos e Cunha continua a achar que o IVA ainda poderá subir mais, muito embora reconheça que deve haver limites (quais, não diz, sabe-se lá porquê), no que respeita ao outro, já mudou de opinião seguindo o chefe na subida anunciada dos impostos que ainda há semanas atrás criticava ferozmente.

Ainda a procissão vai no adro e já os sermões mudaram de posição.

Se não fosse tão trágico seria para andarmos todos a rir como malucos com esta paródia.

24 março, 2011

E agora?

A opinião unânime de que o chamado PEC IV não deveria ser aceite pelo povo português foi aprovada pela maioria do Parlamento nacional numa votação que se pode crismar de interessante, pois juntou no mesmo saco gatos de diferentes espécies, mas agora com uma opinião comum - derrubar o governo - sem necessidade de apresentar moções de rejeição ou rejeitar moções de confiança!

O nosso presidente, verdade seja dita, ocupado com o envio de condolências a diversas famílias, a fazer discursos de circuntância a que se vê obrigado pelas funções que exerce, a ida UP e a felicitação aos atletas medalhados no campeonato europeu de atletismo em pista coberta e à Lídia Jorge, não teve tempo nestas últimas duas semanas para tratar fosse do que fosse e que era do interesse do País, enfim... de todos nós.

Os economistas de serviço e os politólogos (raio de palavra esta que não consta nos dicionários) juntamente com os compadres comentadores e jornalistas que seguem guiões de que não se afastam com medo de perder algum tacho, lá vão cantando e rindo sobrecarregados com o peso de ordenados principescos e mordomias inalcançáveis pela generalidade dos que sofrem na pele a crise que veio para ficar.

Os partidos, por seu lado, aquecem motores para mais uma roleta russa metidos num albergue espanhol de onde não se sabe o que sairá mas que se prevê que tudo fique ainda pior do que já estava.

Assim sendo, alguém me consegue explicar o que toda esta classe de aprendizes de feiticeiro, bafejada com duas três e mais reformas/empregos/mordomias, que se alcandoraram aos lugares que ocupam, a maior parte das vezes por apostarem nos cavalos certos e raramente por serviços e conhecimentos adquiridos em trabalho braçal ou intelectual de reconhecido mérito, anda a fazer?

Seremos nós, mais uma vez, permeáveis aos cantos das sereias que nos irão prometer o paraíso ou a sageza para liderar um país em que a chico-espertice é admirada, a insolência é discurso político, a maledicência é tida como verdade insofismável e não como captadora de audiências, o vale-tudo está na ordem do dia, e clama-se por novo regime quando passam a vida a corromper o que existe!

Está na hora de nos serem mostradas as soluções por aqueles que até ao momento só souberam criticar ou meter pauzinhos na engrenagem.

Eu, por mim, vou ficar à espera... sentado, pois vou esperar muito!