14 novembro, 2005

Violência em urbanismo

Sob este mesmo título. Jorge Vilas, um dos jornalistas do JN que mais escreve sobre o burgo, chama a atenção para o facto de que a violência que hoje muitos de nós entendemos irá ser aplicada à Avenida dos Aliados, poderá vir a ser daqui a um século um "ex-líbris" da cidade.

Não me admiraria nada que assim fosse, pois, bem ou mal, aquele local está destinado a isso mesmo, até porque tem como sustentáculo o edifício da Câmara Municipal que fecha o espaço a Norte, e o Palácio das Cardosas que faz o mesmo a Sul, criando uma zona de aparência rectangular onde continuaram os portuenses a festejar ou a clamar conforme os apetites e os motivos.

Mas não esquecer, que os atentados cometidos e que o Jorge Vilas ilustra, foram-no por motivos bem mais ponderosos que a colocação de duas saídas para o Metro, pois a justificação para não repor os relvados e jardins, deriva de terem sido emagrecidas as áreas a serem utilizadas pelo público, e não as que dão prioridade ao trânsito, atraiçoando assim o conceito que diz pretender devolver a Baixa aos peões.

Por outro lado, é inegável que o novo edifício da Câmara é sem sombra de dúvida, melhor e mais funcional do que o antigo, e é o próprio Jorge Vilas que nos diz que o Laranjal não era já local que se preservasse.

A estação de S. Bento, contruída para benefício do Norte e do seu comércio e indústria, não tinha melhor local para ser construída, uma vez que o Mosteiro de S. Bento da Avé Maria estava em degradação e já praticamente sem ocupantes e porque a sua traça não era propriamente o exemplo de prédio a preservar.

Quanto à ponte Luís I ter destruído a parte alta do Bairro da Sé, ou os terrenos da quinta do Mosteiro, fez-se em benefício duma ligação determinante e importante para o desenvolvimento do País, e não seria um bairro que já na época estava degradado e uma quinta que mereceriam tratamento de excepção.

Se tivesse falado no desaparecido Palácio de Cristal substituído pelo desconchavado chapéu de cogumelo do Pavilhão Rosa Mota, na reformulação do largo em frente à Cadeia da Relação (hoje Centro Português de Fotografia), o abandono a que está votado o marégrafo na foz do Douro, ou o triste destino anunciado da Avenida da Boavista, ainda poderia entender, agora a respeito dos Aliados, não.

A violência gratuita que está a ser cometida nos Aliados, afinal a quem serve?

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