10 outubro, 2005

Bebido na fonte

das Virtudes, claro!

Este texto é sintomático do que muitos de nós sentimos, mas será que a culpa é exclusiva das televisões e dos jornais e revistas?

Que é que a maioria das pessoas da minha geração fez a seguir ao 25 de Abril? Parou para pensar ou limitou-se a entrar em aventuras e oportunismos que agora apresentam a factura pesada e que acaba por ser paga por aqueles que deveríamos ter preparado?

Quem é que assistiu paulatinamente ao desmantelamento da nossa estrutura produtiva, à destruição do nosso sistema de ensino técnico, ao assalto às sedes das empresas canalizando-as para junto do Paço, numa manobra em que todos os partidos, sem excepção, se envolveram para sustentar os seus séquitos sedentos de poder?

Não vendemos as nossas dignidades e bairrismos por um prato de lentilhas? Não deixamos cair exigências a troco de dinheiro e benesses?

Afinal quem é que foram os beneficiados por passagens administrativas, por licenciaturas obtidas em três ou quatro anos por detentores do antigo 1º ciclo incompleto e que hoje são administradores de escolas e institutos que têm programas miseráveis e deficientes?

Quem foram os que adulteraram, sem piedade, as estruturas de trabalhadores, enfiando lá os menos capazes, só para se livrarem deles nas linhas de produção, ou nos escritórios, porque se sentiam vitímas dos seus comportamentos parasitas?

Quem terão sido os partidos que se entretiveram a manipular os sindicatos, em eleições onde a côr do símbolo era mais importante do que as ideias programáticas?

Será que tudo isto foi feito apenas pelos actuais políticos, ou foram os habituais chico-espertos, que se viram promovidos de cola-cartazes a políticos encartados, por uma mão-cheia de estrategas gágás que tinham de arranjar matéria-prima para encher as listas dos novos poderes?

Eu, que tenho a consciência tranquila, e que tenho lutado por um País melhor toda a minha vida, não quero desistir de viabilizar o meu País, daí que continue a lutar com todas as minhas forças contra este estado de coisas.

Será que alguém está à espera de a casa caia para cair em si?

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