05 outubro, 2005

Esta língua portuguesa...

Somos confrontados a par e passo, com a palavra ilegal que, por influência mediática, começamos a equiparar a danoso, corrupto ou equiparados.

Não será demais relembrar que ilegal, apenas se refere a actos que não são legais, proibidos por lei, ilícitos ou ilegítimos.

Atravessar fora das passadeiras ou com sinal vermelho é ilegal, porque proibido por lei, mas raros serão os que na ausência de tráfego se disporão a esperar pela mudança de sinal, ou a andar mais uns metros para cruzar através da passadeira, pois daí não virá mal ao mundo.

Insultar uma autoridade é ilegal, porque é proibido por lei, mas quantos de nós é que fomos punidos por tal, e quantos mais não sentiram ser legítima a atitude? Basta ir aos campos de futebol e não ter os ouvidos tapados. Claro que aí já o dano se faz sentir, quanto mais não seja nos sentimentos dos insultados.

Conduzir com elevado teor de álcool no sangue é ilegal, porque proibido por lei e simultâneamente é danoso pois para além da nossa, pode tramar a vida a terceiros que não têm culpa da nossa ilicitude.

Aqui estão três ilegalidades, que vale a pena comparar, pois todas elas têm peso diferente, sendo de qualquer maneira todas ilícitas, mas não comparáveis.

Será bom, que começemos a (re)aprender a interpretar a palavra no seu sentido absoluto, e não apenas no seu sentido mediático, pois ao fazermos isso, para além de prestarmos um serviço a nós próprios, também o faremos aos outros e à sociedade em geral, e poderemos ser mais exigentes com os que se ficam apenas pelo ilegal, obrigando-os a dizer se a ilegalidade reverteu em benefício ou prejuízo de alguém, e se não o foi, qual a razão de existir!

Talvez assim, as leis se vão modificando a par e passo e não se habituem a meter no mesmo saco, canalhas, bandidos, traficantes, corruptos e corruptores, ladrões de bancos, bêbados, desleixados, distraídos, famintos ou apenas simples analfabetos.




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