13 novembro, 2008

Avaliações

A propósito deste tema, dou comigo a arengar com a minha cara-metade, que segundo a lógica professoral e sindical, fui toda a vida um injustiçado, a saber:

1º - Desde 1965 o meu trabalho sempre foi avaliado, e ainda hoje o é;

2º - Creio que me posso queixar de todas as avaliações que tive, pois nunca existiu nenhum critério correcto e efectivo para poderem aquilatar do meu desempenho profissional, e isto porque sempre fui avaliado por pessoas que:

a) - Nem sempre vestiam tão bem quanto eu, e eu era classificado no item - apresentação!

b) - Outros estariam muito longe dos meus conhecimentos profissionais, mas isso não os impedia de me classificarem por comparação com os meus colegas nesse item recorrente nas avaliações;

c) - Vários avaliadores chegavam mais tarde do que eu e saíam mais cedo, pelo que será duvidosa a sua capacidade em me terem avaliado na área da pontualidade/assiduidade;

d) - Tive a felicidade de ter óptimos colaboradores, com quem me relacionava com facilidade, coisa que muitos dos meus avaliadores não conseguiam, mas no entanto tiveram sempre critérios de aferição flutuantes, que variavam, na sua maior parte das vezes, mais com o estilo do avaliador do que com a lógica da avaliação;

e) - Nunca tive nenhum especialista em direito a avaliar-me, muito embora fosse uma área onde eu frequentemente emitia opiniões devidamente fundamentadas;

f) - Nunca tive nenhum professor de português a avaliar-me, não obstante ter de fazer extensos relatórios, para serem entendidos, quer por especialistas, quer por leigos nas matérias então versadas;

g) - Tive oportunidade de avaliar e ser avaliado, fazer parte de comissões de recurso de avaliação, sem ter necessidade de ter a sapiência do Leonardo da Vinci, a compaixão de S. Francisco de Assis, a razoabilidade de S. Tomás de Aquino nem tampouco ser Aristóteles para emitir lógicos pareceres;

h) - Muitas outras que poderia enunciar, mas que certamente enfastiariam o leitor mais apressado.

3º - Nunca entendi porque é que só os confrades se deverão avaliar entre si, pois já sabemos que as confrarias tendem a ser criadas para defender uma casta, e não para aprimorarem a qualidade e o julgamento isento dos confrades;

Assim sendo, não vejo onde é que estarão os grandes problemas da avaliação dos professores, pois as críticas que na sua maior parte são veiculadas, fixam-se geralmente em dois problemas-base:

i - os professores não querem ser avaliados por professores mais novos, ou que tenham especialidade diferente da sua;

ii - a avaliação dá muito trabalho e ocupa-lhes muito o tempo.

Claro que a avaliação dá trabalho, e a primeira é sempre a mais custosa e de maior dificuldade, mas creio que estas não serão de facto razões para rejeitar tal processo.

Por favor, esclareçam-nos, pois eu cada vez menos os entendo.

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