11 junho, 2011

Rescaldo

Depois da laranjada que nos foi servida no 10 de Junho, impõe-se dar uma vista de olhos pelos discursos que as nobres figuras debitaram.
António Barreto:
Discurso confuso, bipolar (nada é novo/tudo é novo), pouco clarificadora - a sua impressão de que há partidos intrusos, ideias subversivas e opiniões condenáveis (quais?), que nem tudo depende da Constituição, nem que a sua revisão seja solução para a maior parte das nossas dificuldades, para logo adiante dizer Se tantos a invocam, se tantos a ela se referem, se tantos dela se queixam, é porque realmente está desajustada e corre o risco de ser factor de afastamento e de divisão. Ou então é letra morta, triste consolação. O seu achamento de que os políticos devem repeitar todos, mas, pelos vistos, ninguém os deve respeitar a eles.
O homem que ainda há dias dizia que estava triste por não ser um dos signatários da constituição, achou ontem que a mesma é anacrónica, barroca e excessivamente programática!
Desta confusão nada sobra, a não ser um intróito a um entendimento entre trabalhadores e patrões, quiçá a pedra de toque encomendada pelo seu digníssimo patrocinador.

Cavaco Silva:

O início parecia prometer - Portugal é mais do que a vida dos partidos ou o ruído dos noticiários. - mas rapidamente resvalou para a terrível confusão que se passa na sua cabeça.
Depois de começar a falar no país desiquilibrado que somos, deitando as culpas para a tendência que há muitos anos se acentua, como se não tivesse já passado pelas suas mãos atenuá-la, para já não falar em evitá-la, aponta como soluções para o desenvolvimemto do interior a agricultura e o turismo, como se na agricultura estivesse o El Dorado da independência alimentar ou o turismo se pudesse espraiar pelas suas aldeias Históricas ou do Xisto!
Nem uma palavra sobre o desenvolvimento académico, ou a captação de investimentos em indústrias de ponta, ou até a remodelação da agricultura tradicional, que geraria a fixação das gentes através da criação de serviços agregados ao desenvolvimento científico e comercial que sempre acompanha esse motor da economia.
Por outro lado diz não querer replicar o litoral, como se isso fosse possível, mas dinamizar um eixo vertical interior, esquecendo talvez o país em que vive e imaginando um outro que só deve ter sentido no seu limitado conhecimento geográfico.
Estará o PR consciente da dificuldade de viajar entre Bragança e Guarda? Que movimento mercantil terá ele em mente para ligar Chaves a Viseu, Castelo Branco a Beja ou Covilhã a V.R.Sto. António?
Será que o homem estará a pensar em fazer da serra da Estrela um imensa pedreira, vender o queijo de Castelo Branco aos algarvios, fazer de Niza um centro de olaria nacional, tornar a aldeia de Romeu no destino de férias dos viseenses?
Valham-nos os deuses, pois por este andar lá iremos gastar mais uns milhões na agricultura à moda do que ele fez com Thierry Roussel, ou como o fez tão bem ao abater a indústria pesqueira que agora tantos reclamam.

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