Hoje em dia é ouvido o apelo à criminalização dos políticos vindo da parte de alguns setores que bem se têm aproveitado da coisa pública.
Claro que criminalizar políticos que por dolo ou má fé, deliberada e com proveitos próprios ou para o grupo em que se inserem, é uma ideia que já está contemplada na Lei e tenha o meu acordo e simpatia, já o mesmo não poderei dizer quando o erro fôr de avaliação, inépcia ou mesmo de incompetência.
Aí a democracia utiliza o método punitivo das urnas para julgar os erros que entende.
E se fosse tal Lei aprovada? Como é que se provaria a culpa? Pelo último erro cometido? Pela quantidade de erros sucessivos? Pelo custo financeiro do(s) erro(s) cometido(s)?
O médico que originasse a morte de um doente por falta de um equipamento estaria a transmitir a culpa do acto à tutela do orgão que o empregava, que por sua vez o transmitiria ao superior hierárquico até chegar ao Primeiro-Ministro em exercício na altura, e que este a transmitisse ao seu antecessor por não ter atempada e políticamente melhorado o SNS de então com a celeridade que se necessitava?
E depois?
Castigavam-se todos, apenas o causador do erro inicial ou só os que tivessem contribuído políticamente para o desfecho final?
O mesmo se poderá dizer quanto às mortes numa determinada estrada, ao insucesso escolar, ao abandono do interior, à falta de planeamento, a quem vendeu partes do Estado com prejuízo para o mesmo, etc., etc., etc..
Se a ideia não fosse tão disparatada e populista, talvez se pudesse melhorar qualquer coisa no nosso depauperado sistema político, mas assim não!
E talvez seja esse mesmo o interesse, que não se concorde com a medida em si para os vindouros poderem dar rédea solta aos seus carnívoros instintos sem recearem a culpabilização futura fora das urnas.
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