O caso Fernando Nobre(FN) começa a ter já um aspeto que, parecendo dispiciendo, irá ter implicações duradouras e servem como análise inicial ao comportamento do primeiro-ministro indigitado.
Como primeira proposição, a atitude que terá levado Pedro Passos Coelho (PPC) a convidar FN para presidente da Assembleia da República (AR) antes mesmo de saber o desfecho eleitoral.
Não sendo PPC um leigo na política, sabendo que a eleição para presidente para a AR carece de pelo menos a maioria absoluta dos votos expressos, teria sido avisado contar com essa maioria antes de fazer a proposta, mas mais curial deveria ter sido evitar esse tipo de convite, uma vez que, ainda hoje, PPC referiu que essa eleição é assunto da AR e dos parlamentares!
Não sendo PPC um leigo na política, sabendo que a eleição para presidente para a AR carece de pelo menos a maioria absoluta dos votos expressos, teria sido avisado contar com essa maioria antes de fazer a proposta, mas mais curial deveria ter sido evitar esse tipo de convite, uma vez que, ainda hoje, PPC referiu que essa eleição é assunto da AR e dos parlamentares!
Ora se o entende assim agora porque é que não o entendeu antes?
Por outro lado, Paulo Portas, que desde a primeira hora se mostrou contra a ideia, ganha aqui mais um ponto no primeiro confronto com o parceiro de coligação, tirando este assunto do acordo acabado de subscrever e colocando-se numa posição francamente vantajosa num eventual negócio da personalidade a indicar.
Como segunda proposição, a teimosia - afinal nem só o Sócrates é teimoso - em continuar a apostar em FN para a presidência da AR deixa o grupo parlamentar do PSD numa situação aflitiva, pois embora alguns dos seus membros o rejeitassem desde o início, as negociações tornar-se-ão mais difíceis, potenciando o acesso ao cargo por outro membro do CDS/PP, o que seria um prémio a PP, mas a que o PS terá que dar o seu aval pois o CDS sózinho ou com mais deputados do PSD dificilmente chegará à maioria simples requerida.
Poderá todavia haver na sombra outro golpe que permita salvar a face a PPC. Apresentar numa primeira fase o nome de FN, que será rejeitado, para mais tarde concordar com outro mais consentâneo com a maioria parlamentar a formar que poderá ou não englobar o PS.
Mas isso trará custos políticos elevados a PPC, pois esse tipo de favores pagam-se bem caros em política.
Colocadas as proposições a premissa resultante é dúbia!
Será PPC apenas infantil ou estará já a demonstrar uma certa impreparação para o lugar de charneira que irá ocupar?
A demora de hoje na apresentação embandeirada do acordo, faz pressupor ajustes de última hora e a história de só divulgar o teor do acordo em função do nome dos governantes é bem sintomático que não é PPC que está a liderar, mas quem irá para o governo que entende poder alterar o teor de um acordo que sendo anunciado já firmado, parece todavia ainda estar a caminho de o ser.
Oxalá eu esteja enganado.
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