24 abril, 2011

Coligação

De entrada deram-me um copo e verteram-lhe para dentro um Alvarinho de colheita particular que estava no ponto a que uns camarõezitos cozidos e umas fatias fininhas dum agradável salpicão de fumeiro conhecido fez jus.
Com o dito arrozito de pica no chão, metemos o nariz no copo para apreciar o cheiro de um Duas Quintas de 2007 que não ficou nada mal no conjunto, e que lá foi descendo saborosamente enquanto portistas e benfiquistas se degladiavam sobre de quem era a culpa da violência no futebol. 
Pena não ter provado um Lello tinto do mesmo ano que não se chegou a abrir.
O coligação ía de vento em popa e começou a discutir-se sobre se o Muros Antigos está melhor do que o Muros de Melgaço, caindo as hostes e as preferências para o Muros Antigos, pois mostrava-se mais suave, quer no paladar, quer no peso na bolsa.
Apareceu entretanto um pudim amarelinho de ovos caseiros acompanhado de pães-de-ló de manufactura diferente mas todos eles de boa cepa que lá se foram empurrando com um Porto, que não sendo o Dow's de 83 prometido, acompanhou a doçaria sem fulgurante brilho mas também não ficou envergonhado.
Com algumas amêndoas no bolso e com a coligação a manter-se coesa, avançou-se para o café, onde alguns ministros e secretários de estado já pediam água fresca enquanto se falava do preço a que estavam os legumes.
No fim da reunião, cada um rumou a penates, ficando a coligação pronta para seguir o seu destino fatal.
Ah!, já me esquecia... de política ninguém falou!
A isto, chamo eu um rico Domingo.

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