Não há dia que passe em que, num qualquer jornal, numa rádio, num programa de televisão ou nas tascas, cafés, transportes públicos e privados, rodas de amigos ou apenas em encontros sociais, as taxas a praticar a partir de Janeiro no SNS não venham à baila.
Para além de se manter o mistério de quem será isento, de como serão aplicadas, a que fins se destinam, como serão cobradas, a que dão direito, apenas sabemos que as taxas vulgares praticadas nos hospitais passarão de 9,60€ para 20,00€ (aumento de 108 %) e que as dos centros de saúde passarão de 2,25€ para 5,00€ (aumento de 122 %).
Aliás, o ministro teve o cuidado de salientar que eram as taxas devidas nas urgências polivalentes no que se refere aos hospitais, deixando ficar em aberto quanto passarão a custar as urgências nos centros de saúde, uma vez que o preço até agora praticado é de 3,80€, e o valor que referiu de 2,25€ é o das consultas normais.
Esqueceu-se que no caso de serem pedidas análises, o que é normal, ou exames radiológicos e/ou outros o valor subirá por aí fora, pois como não é do conhecimento geral os custos desses exames acumulam com o da taxa moderadora, e o doente poderá ver-se a braços com uma conta muito mais elevada do que os 20€ propalados(vejam-se os custos atuais na portaria 1320/2010 de 28 de Dezembro.).
Ora, todas estas omissões e meias-palavras, aliadas às recentes declarações do primeiro-ministro, dão a entender que o propósito de moderador passou a ser de co-financiador não se sabendo muito bem em razão de quê ou porquê, até porque aumentando as isenções dificilmente se baixarão os custos, atirando-se no entanto para os braços dos privados a classe média que prefirirá sem dúvida atendimentos em ambientes menos lentos e com melhores áreas de espera, pois quanto a serviços outro galo cantará.
Se isto não é a tentativa de destruição do SNS, alguém me explique melhor, pois eu quanto mais olho e ouço, menos entendo.
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