Faz hoje dez anos que Rui Rio conquistou a cidade democraticamente e tinha na bagagem, como é habitual, um rol de promessas para cumprir.
Desde a não demolição do Bairro do Aleixo, passando pela proibição de construção no parque da cidade, pela recuperação da baixa,eliminação dos arrumadores toxicodependentes, dinamização do comércio, fixação de população, contenção económica, gestão competente, exclusão da pobreza e manutenção da segurança, tudo foi prometido.
Ao fim de dez anos o que é que temos?
Uma baixa degradada cheia de taipais, lojas e casas devolutas num estado pouco recomendável, o início da demolição do aleixo e o seu realojamento sem respeito algum à discricionaridade da autarquia, o SMAS transformado em EP e que agora se pretende privatizar, os arrumadores e toxicodependentes nos locais habituais e em rotação quase cíclica, um comércio agonizante, um rio abandonado, uma pobreza envergonhada e envelhecida, uma segurança pobre e desajustada, alguns ex-libris destruídos (Av. dos Aliados, Mercado do Bom Sucesso) outros em degradação que acabará com os mesmos (Mercado do Bolhão, Ponte Maria Pia, Cais da Ribeira, Avª da Boavista), construção no parque da cidade da famosa pista de aviões.
Pelo meio, acabaram-se com as casas de banho públicas, abandonou-se o elétrico como meio de transporte, a navegabilidade do Douro serve os privados, começaram já os problemas na rede da água e os da eletricidade estão a caminho.
A cidade perdeu a sua importência política e empresarial e o que se vai fazendo á à custa de boas vontades e iniciativas particulares.
No meio de tudo isto, não sabemos se a CMP tem mais ou menos funcionários do que tinha, pois a política agora é de substituir os funcionários por contratados a empresas, não sabendo assim em que pé ficam as contas.
Por vezes dou comigo a interrogar-me sobre o que lhe terá acontecido na infância ou na adolescência para assim tanto detestar a cidade que o viu nascer, e onde os seus pais encontravam num raio de cerca de 1.000 metros, transportes públicos ecológicos e que os levavam a todas as zonas do grande Porto, mercados de frescos, hospitais, maternidade, escolas públicas e privadas (fossem elas comerciais, industriais, liceus ou primárias e até universidade), zonas de comércio e indústria, parques e jardins, policiamento em quantidade e qualidade e até tranquilidade.
Claro que já nos habituamos à ideia que da JSD nem bom vento, nem bom casamento, mas carago, era preciso ir tão longe na destruição?
8 comentários:
"abandonou-se o elétrico como meio de transporte"
Olhe que não, amigo, olhe que não.
Caro Dylan,
ainda há elétricos em funcionamento, eu sei, mas para além das quatro linhas a operar (sendo duas delas no percurso Carmo/Batalha), os veículos utilizados são já peças de museu (anos 30 do século passado) e se não quer dizer que o transporte elétrico se abandonou qual é a palavra que escolhe?
... é na verdade um raio dum desamor a esta cidade
de prédios que nos pasmam, onde, como, porquê, com que dinheiro
de negociatas
distanciando-se, cada vez mais, dos seus habitantes. Pistas de carros, cimento, obras "para inglês ver".
Abç da bettips
Pois bettips, mas, pelos vistos, a gente de cá até gosta!!!
Um xi!
Caro Teófilo,
Como deve saber, o eléctrico tem uma função turística e que foi substituído por modernos transportes públicos.
A "gente de cá" não consegue perceber a azia que sentem quando se fala no Rui Rio. Será pelo presidente da Câmara ter dispensado os serviços dos valorosos "notáveis" da cidade filiados num certo clube de futebol?...
Caro Dylan,
a gente de cá, nascida como eu portuense de gema, não entende que os elétricos sejam apenas para turistas, talvez porque os mesmos subsistam em muitas cidades europeias, inclusivé neste mesmo país, como transporte limpo, económico e cómodo.
Talvez países tão atrasados como a Finlândia, Bélgica, Áustria, Suíça, Holanda e muitos outros ainda não tenham descoberto que os autocarros são melhor opção.
Mas como estamos com a mão na massa, já agora poderia informar-me o que é que Rui Rio fez pela cidade para além de a votar ao abandono?
E não, não sou sócio do FCP, nem do Boavista, nem fui do defunto Salgueiros.
Não costumo dar para esse tipo de peditórios, o que não quer dizer que não sinta orgulho quando os mesmos dignificam a cidade.
Também não costumo confundir instituições com pessoas, se calhar é defeito meu, mas... paciência! Com a minha idade já é difícil virar de agulha.
Caro Teófilo,
Compreendo o seu ponto de vista em relação aos transportes, mas num mundo cada vez mais apressado, cada vez mais atolado no trânsito, parece-me melhor uma solução mais moderna, mais rápida. Com isto não estou a desprezar o eléctrico. Para isso não preciso ir a esses países que enumerou. Basta ir à Corunha.
Desculpe a minha generalização quanto ao típico anti-Rio, mas cada vez que entro na blogosfera e consulto jornais encontro desses espécimes.
Reconheço em Rui Rio a capacidade de ter saneado parte da gigantesca dívida da Câmara deixada pelos seus antecessores. Também o combate à corrupção dentro da própria Câmara não deve ser esquecido bem como o combate ao lóbi da construção civil. Com pouco para gastar, consegui executar e atrair alguns eventos que beneficiaram o turismo. Podia ter feito mais? Sem dúvida.
Caro Dylan,
pois o meu problema é mesmo esse, o saneamento da Câmara.
Que o Rui Rio fez alguns saneamentos na Câmara nao tenho dúvida nenhuma, não sei é se foram os melhores.
Quanto ao saneamento da dívida o que ele fez foi baixar a dívida fazendo desaparecer a cidade, quanto ao combate ao lóbi da construção civil não estou assim tão certo como isso, basta-me olhar para o processo da Pasteleira e da nova Avenida da Praça do Império para a Boavista para algo me não parecer conforme.
Se o Porto tende a cada vez ter menos gente será que quem vem morar para cá são os ricos?
Trouxe alguns eventos interessantes, como a Red Bull, mas deixou-os fugir as corridinhas não sei se valeram o investimento e a destruição de parte da Avª da Boavista inviabilizando ao mesmo tempo outro tipo de soluções.
Por outro lado, conheço compadrios que ele apadrinhou na Câmara bem demais para o poder esquecer. Se ele queria ser diferente e quer ser tratado de honesto terá de se esforçar mais um pouco.
A sua teimosia proverbial já vem de longe e tem danificado mais a cidade e criado mais anti-corpos do que o contrário.
Rui Rio deve ser o presidente de câmara mais respeitado fora da sua cidade.
No entanto não posso esquecer a decrepitude da baixa, o estagnar do transporte fluvial (por teimosia dele e não por falta de ideias), a destruição dos mercados de frescos (o Bolhão cai não cai e está cada vez pior e o do Bom Sucesso acabou), o desprezo que mantém pela cultura (o que foi feito do Inter-Céltico, as dificuldades criadas ao Fantasporto, a entrega do Rivoli ao La Féria, a falta de articulação com o Coliseu, a degradação que se vai instalando nas vias, o processo do Aleixo que inverteu 180º da sua posição inicial, são tudo coisas que um presidente de Câmara que prefere passar as férias na Amorosa e passear nos centros comerciais ao fim-de-semana numa figura triste.
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