Vai-se ouvindo um pouco por aí que as taxas moderadoras(tm), não servem para financiar o serviço nacional de saúde (SNS), que apenas lá estão para desincentivar a ida aos hospitais de utentes sem razão válida, que são um modo de descongestionar os serviços de urgêncis (SU), que apenas cobrem uma pequena fatia dos custos que são muito mais elevados, etc. e tal.
Ora, se tal fosse verdade, teriam de se verificar determinadas condições o que não acontece.
Se formos ver as contas de exploração dos hospitais, verificámos que enquanto nas diferentes rubricas os custos se mantiveram percentualmente sem oscilações e até nalguns casos com decréscimo (custos com pessoal por exemplo) os custos com os fornecimentos e serviços externos regista um aumento significativo, ou seja nos serviços pedidos ao exterior gasta-se mais e se calhar com menos proveito.
Será que as poupanças na redução de pessoal e entrega de serviços a entidades externas em vez de gerarem poupanças geram custos?
Por outro lado, aumentar as tm's só fará divergir os utentes com maior capacidade económica do SNS para os hospitais particulares, pois aí os custos serão mais baixos do que os preconizados para urgências acompanhadas de exames complementares (SNS à volta de 100 € de tm e particulares com custos menores pois estes na sua generalidade são comparticipados por seguros de saúde ou serviços de assistência privados).
Ainda haverá a considerar que um cidadão que tenha um forte episódio de anormalidade do seu estado habitual, dado na sua generalidade não ter formação para diagnosticar a razão de tal facto, não poderá ser punido por ter ido a uma urgência só porque os sintomas evidenciados não irão ser considerados suficientes para tal.
Não há Centros de Saúde em número suficiente e dotados dos meios necessários para tratar a tempo e horas os utentes do SNS (eu, não tenho médico de família por falta de técnico na área da minha residência e até no concelho), os horários dos mesmos não são compatíveis com o atendimento fora de horas ditas normais, o transporte público não está assegurado e o do SNS não chega para as necessidades, no meio de tudo isto aplicat taxas a quem se socorre dos SU's parece apenas mais uma violência a juntar a tantas outras que estão a ser perpetradas em nome da crise.
Se querem diminuir os custos na saúde, permitam que os medicamentos sejam vendidos por unidade e não em embalagens de que apenas uma parte é utilizada, mantenham os equipamentos em boa ordem, a funcionar, operados por técnicos com formação q.b. e distribuídos harmoniosamente pelo todo nacional, reforcem as medidas de controlo do uso dos equipamentos hospitalares para evitarem o desaparecimento dos ditos, a utilização indevida dos mesmos, o seu roubo ou apropriação abusiva, recorram menos aos serviços externos privilegiando os recursos internos muita das vezes em estado de sub-aproveitamento, reduzam as mordomias aos orgãos de gestão, modernizem áreas que dão despesas de manutenção muito acima do que é rentável, criem um serviço de apoio ambulatório e diminuam a permanência dos doentes nas instituições ocupando desnecessáriamente camas que fazem falta, descentralizem serviços e façam melhor utilização dos recursos dos Centros de Saúde.
Talvez por aí cheguemos lá.
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