14 julho, 2011

Espantado eu? Não!

Estava a ouvir há pouco, na Sic, um professor de economia dizer que o novo imposto sobre o subsídio de Natal era a única atitude possível, pois taxar as mais-valias e os depósitos seria contraproducente, uma vez que os bancos necessitam desses depósitos e que se o governo o fizesse estaria a duplicar o imposto a quem trabalha, pois a maioria dos depósitos a prazo são da classe trabalhadora e dos reformados, que veriam assim agravada a sua situação fiscal e que eles facilmente evitariam esse imposto pois iriam transferi-lo para bancos no estrangeiro onde ficariam a coberto de tais impostos!
Se este é o típico raciocínio de quem ensina neste país já se começa a compreender o estado a que chegamos.
Este senhor professor, esqueceu-se que há muitas maneiras de taxar o capital para além de que a maioria dos portugueses não têm depósitos a prazo, nem investem na bolsa, pois não têm capital para tanto, principalmente os que ganham menos de 2.000€/mês e têm filhos a sustentar, casa a pagar e muitas, muitas contas a saldar.
Esqueceu-se principalmente de uma coisa que se chama proporcionalidade e que é atributo essencial à distribuição quer dos impostos, quer dos sacrifícios.
Se toda a gente sabe que o IVA é um imposto cego, mas que pode ser ajustado pelas economias domésticas evitando o supérfluo (nos casos em que a taxa é aplicada de modo correto), um imposto cego é o que há de mais penalizador nas classes mais baixas e produz mais desigualdade.
Ora neste caso, para além de cego é discriminatório.
Atinge exclusivamente três classes - trabalhadores por conta de outrém, reformados e pensionistas.
Se isto é equidade fiscal, distribuição do mal pelas aldeias ou política reformista, tenho andado enganado estes anos todos.
Mas mais logo talvez esteja mais esclarecido, para já chega-me saber que para alguns economistas-professores o importante é sacar onde se pode e não onde se deve.
Fiquei esclarecido!

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