Quando o PS vai para o governo, já sabe que a jornalada vai passar a vida aos berros dizendo que os 'boys' vão assaltar o poder, que é preciso estar atento, que a súcia já afia os dentes para a bifalhada que se avizinha, que os compadrios aí estão a proporcionar um festim de tachos que deixaria o reclame das panelas da Filipa Vacondeus a um cantinho.
O PS sai do governo, e é um ai jesus! de gente que ficou com lugarinhos e prebendas, voltam as notícias a dizer onde está colocado sicrano e beltrano que são crismados de oportunistas, incompetentes, quando não lhes chamam coisas piores e até a família vai no bote.
Quando os outros chegam ao governo, os mamões rapidamente se transformam em impolutos independentes, gente de elevada craveira intelectual, séria (mesmo que se riam a bandeiras despregadas), honesta, previdente e sacrificada que abandonam honorários principescos para ganhar uns tostões nos cargos que passam a ocupar.
Quando o PS é governo, não há crise internacional, as agências de 'rating' devem ser respeitadas, a mão invisível do mercado é que está a atuar, e é a desgovernação que nos atira para os maus resultados financeiros, mesmo que a crise exista e esteja lá há mais de ano.
Basta serem sucedidos pelos outros, e logo tudo muda em menos de 24 horas!
A crise internacional abate-se de repente assim tipo bátega, o euro fica sobre ataque do dólar, as Moody's & Cª passam a ser uns patifes da pior espécie, o mercado fica na mão de especuladores, etc. e tal.
Perante esta monumental dicotomia, se vê a choldra em que estamos metidos.
As promessas eleitorais dissolvem-se mais rapidamente do que sal em água quente, e as famosas medidas que diziam estar prontas e a serem servidas tardam a aparecer, no entanto as que eram repudiadas com ar de nojo logo são adotadas a título preventivo, mesmo que isso faça com que a esmagada classe média chie que nem febra na grelha.
Os do costume, que criticavam ferozmente o governo socratino, aparecem a preencher lugares que parece terem estado ali sempre à sua espera, e se não os há criam-se novos, pois a rapaziada queque não pode ficar com as mãos a abanar.
Diz-se que vão cortar nas gorduras, mas neste último mês o que temos assistido é num aumento das mesmas, na criação de mais lugarinhos bem remunerados e os cortes, ficaram-se pelo subsídio de Natal e pelas gravatas, pois ainda estou para ver os ministros a andarem nos seus próprios carrinhos, ao volante como o primeiro-ministro prometeu.
Esse, coitado, tem andado atarefado lá por Vila Real a receber medalhas e a perguntar aos mirones se estavam habituados a ver um primeiro-ministro a tomar café ao balcão.
Eu, que já esbarrei com um presidente da República ao virar da esquina, numa rua do Porto, quando este ía comprar uns livritos à livraria de onde eu tinha acabado de sair e nos cumprimentámos, afavelmente, mesmo sem termos sido previamente apresentados, rio-me a bandeiras despregadas, pois imagino que esta malta julga que andamos todos distraídos e que ninguém dá pelo assalto ao pote que em boa hora anunciaram.
Só espero que os jornalistas acordem e saiam da letargia a que voluntariamente se submeteram, se conseguirem, claro.
Só espero que os jornalistas acordem e saiam da letargia a que voluntariamente se submeteram, se conseguirem, claro.
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