30 agosto, 2005

Estratégias

No nortadas, o Diogo, que passou por aqui um mês, volta a questionar o papel que o Porto pode e deve desempenhar como pólo dinamizador do País, e estranha o definhar das suas estruturas e o desaparecimento dos seus centros de decisão, questionando o papel da AMP.

Já o Tiago Azevedo Fernandes, em oportuno artigo , em finais do ano transacto, punha o dedo na ferida, desta feita afirmando que a regionalização seria dispensável.

Infelizmente, nos últimos anos, quer a autarquia, quer os poderes públicos, quer os industriais que por cá existem, têm entendimento diverso!

A autarquia, votou a cidade ao abandono, e não se vê iniciativa que fomente a criação de pólos de riqueza, ficando-se por anúncios do género do Porto - Cidade da Ciência, que geraram papelinhos destes, e destes, declarações destas, e resultados destes, que se realizariam da mesma maneira houvesse ou não houvesse Cidade da Ciência, pois estes eventos não se realizam em meia-dúzia de dias, da mesma maneira que não se tem um planetário fechado no mês de Agosto ou com apenas uma sessão no período de férias escolares., ou que olham para o turismo gastando dinheiro em festas de muito baixa qualidade para emigrantes, ou em projectos de utilidade duvidosa do tipo Museu do Vinho do Porto.

Os poderes públicos, enquanto derramam dinheiro na mudança de andares na AR pelos partidos políticos, em estudos e mais estudos sobre qualquer assunto que acaba por perder a oportunidade dada a morosidade das decisões, que entrega aos afilhados empresas como a CP, RTP ou a ANA, ou que apoiaram e/ou fomentaram todas as decisões que levaram a que os centros financeiros se localizassem a Sul, uma vez que só têm olhos para a capital, esquecendo-se que existe Pais para além de Lisboa, não irão fazer nada pelo que se vê na carruagem.

Os capitães de indústria e do comércio, preferem acumular fortunas em vez de dinamizar o País que os sustenta, só sabem copiar atrasadamente o que se faz lá por fora, têm uma resistência inconcebível ao desenvolvimento de produtos novos, olham para as academias como se fossem fornecedoras de 'borrachos' para as Queimas das Fitas, continuam incapazes de entender que o Porto é a melhor plataforma de movimentação de mercadorias, pela sua posição estratégica em relação ao noroeste peninsular e norte da Europa, continuando a clamar que o Estado lhes faça a papinha afirmando sempre que são contra o estatismo.

No meio de tudo isto, a Baixa agoniza, o Bolhão cai-não-cai, o comércio vai encerrando as portas e lançando para o desemprego mais umas dúzias, as empresas deslocalizam-se para os concelhos limítrofes uma vez que por cá ninguém lhes liga nenhuma, e o espaço que ocupam já está na mira dos construtores civis, o metro anda aos soluços no meio de birras e derrapagens, a água foge das condutas apodrecidas e a cidade agoniza transformando-se lenta mas teimosamente num jardim de pedra.

A falta de uma televisão regional forte, dinamizadora e empenhada e com a pronúncia do Norte, não arranca porque poderá incomodar o Paço, da mesma maneira que incomodou o município que lhe deu golpe fatal nas jogadas palacianas a que está habituado.

Os jornais vão fechando um a um, ou porque são incómodos, ou porque quem não tem dinheiro para comer, não poderá gastá-lo em leituras, ou porque não têm publicidade que os sustente, pois a televisão fica com a parte de leão, deixando as migalhas para os restantes.

A AMP, é um feudo partidário, que serve para trocar favores entre os que por lá se sentam, sem projecto e sem destino à vista.

Os transportes são tratados da maneira mais disparatada possível, pois da famosa Autoridade Metropolitana de Transportes não temos notícias desde 23.001.2004, por isso, fácil é ver de onde, na generalidade vem o desconchavo.

É verdade que poderíamos dar o salto para a frente, mas temo que quanto mais tempo passe, já não valha sequer a pena, pois já teremos chegado ao abismo, e passado a segunda ou terceira cidade do País, se entretanto a Galiza não nos comprar.

1 comentário:

AM disse...

Caro Teófilo

Permito-me destacar esta parte do seu post:

"...o Porto é a melhor plataforma de movimentação de mercadorias, pela sua posição estratégica em relação ao noroeste peninsular e norte da Europa, continuando a clamar que o Estado lhes faça a papinha afirmando sempre que são contra o estatismo..."

Entendo que a vocação da nossa cidade (e da região e do país) terá que passar por aí.
Um dia alguém (que nem inimamente prezo) afirmou que Portugal deveria ter excelentes Portos GRATUITOS, de forma a fomentar que a entrada e saída por via mar/terrestre, de e para a Europa, se efectuasse maioritariamente por Portugal.
Eu acrescento aos Excelentes Portos, excelentes auto-estradas SEM PORTAGEM, excelentes caminhos de ferro de alta velocidade e, porque não, excelentes aeroportos.
Portugal apenas foi grande quando seguiu a sua vocação.
A meu ver a sua vocação está no nome do país e é o nome da NOSSA CIDADE.

O PORTO

AMNM