No DN de 23 do crte., em artigo de opinião, João Cravinho, defende a teoria da OTA com alguns argumentos interessantes, mas que falham no aspecto mais importante.
Não pondo em causa que o governo para decidir este tipo de investimentos tem de utilizar a metodologia do quando, onde e como - seguramente tem razão no quando, pois é agora altura de equacionar a alternativa ao aeroporto de Lisboa - já se espalha ao comprido no onde, pois a OTA, na minha humilde opinião não serve, nem os interesses nacionais, nem tampouco os regionais, pois não passará de um sorvedouro de dinheiros públicos gastos em obra de fraca rendibilidade.
A sua localização, por não ter transportes eficientes, nem tampouco estruturas adequadas ao movimento a captar, terá de as criar aumentando assim os custos totais do investimento na zona, que não necessita a curto prazo de equipamento tão volumoso, e que à partida está limitado no seu crescimento futuro.
Ora. o crescimento da OTA, como é normal em qualquer aeroporto em qualquer parte do mundo, está à partida condenado, pois o local de implementação não suporta o aumento de pistas que deverão ocorrer no futuro, caso se venha a constituir no polo fundamental dos transportes áereos nacionais.
Por outro lado, o impacto que poderá ter nos fluxos rodo-ferroviários necessários para uma eficiente utilização do mesmo, nomeadamente no que respeita às ligações à capital, obrigará a que sejam aumentadas as faixas de rodagem nas saídas/entradas de Lisboa e na construcção de novos ramais de acesso ao aeroporto, sob pena de um estrangulamento monstruoso que paralisará a mobilidade no eixo Norte-Sul.
E que dizer das interligações ao TGV e ao transporte marítimo que certamente serão impossíveis de manter, pois não é rentável uma linha de alta velocidade OTA-Lisboa que sirva eficazmente um aeroporto em que as chegadas se processarão ao minuto.
A acrescentar a tudo isto, não se compreende como os estudos já estarão todos feitos, quando está em construcção um avião de longo curso - A380 - que pelas suas dimensões e peso já não pode operar em Lisboa e está em projecto outro da Boeing que certamente não ficará muito atrás deste e que quando os últimos estudos da OTA ainda nem sequer existiam na prancheta!
Será que iremos construir um novo aeroporto que não comporta esse tipo de aviões? E se o tráfego aéreo enveredar pela monstruosidade, como tem sido a tendência dos últimos anos, o que fazemos aos nossos aeroportos, voltamos a gastar dinheiro no seu reapetrechamento?
Seria bom, que pensassem em alternativas tais como criar estruturas para aeroportos de 'low-cost', essas muito mais baratas e que podem aguentar com outro tipo de negócio em que o tempo e a precisão não são tão necessários, enveredar por uma política de apetrechamento e modernização dos nossos aeroportos internacionais, tornando-os passíveis de operar todo o tipo de aeronaves, aproveitando a sua posição priveligiada em relação ao todo nacional, aproveitar as estruturas regionais, tais como Bragança e Beja para dinamização do interior esquecido pela metrópole que tudo engole, chamar a nós as grandes companhias de transporte de carga aérea oferecendo-lhes possibilidades de estacionamento de baixo custo, pois dinamizaremos a sua utilização, e muitas mais coisas que podem fazer.
Perguntem a quem sabe, pois há muitos que podem dar ideias interessantes, tais como as associações de pilotos, os industriais que utilizam ou pretendem utilizar esses espaços como dinamizadores das suas exportações, os operadores turísticos, e deixem-se de andar a reboque de ideias mirabolantes, que para além de desgastarem o governo em incómodas explicações pernetas, não servem o País que queremos ser.
Sem comentários:
Enviar um comentário