Recorrentemente quando se fala em incêndios, vem à baila a propalada falta de meios.
Mas falta de meios em quê? Em viaturas, em pessoal, em equipamento, em formação, ou um pouco em todas as coisas?
Quando ouço dizar que para combater o fogo x estiveram 100 homens com 24 viaturas, ou que no fogo y estiveram 60 bombeiros com 19 viaturas, ou ainda que 3.000 bombeiros, 800 viaturas e 30 meios áereos estiveram em simultâneo a combater os fogos no passado fim-de-semana, fico na dúvida de quantos meios serão necessários para que algumas pessoas que se afirmam honestas, entendam que não é um problema de meios que leva a que neste momento o País esteja mais pobre.
Portugal, nunca poderá ter meios aéreos próprios ou qualquer outros, em quantidade suficiente para apagar os incêndios se continuar com a política florestal que vem sendo seguida desde o tempo do Salazar - que para alguns inteligentes foi o melhor que nos podia ter acontecido em termos políticos no século passado - e que ainda não foi invertida.
Por muito que se gaste em equipamento e formação, e por mais boa vontade que haja, a não se alterar nada no próximo repovoamento florestal, não tenhamos dúvidas que os nossos netos continuarão a viver os mesmos problemas, pois uma árvore não nasce em meses, anos ou lustros, basteria ter lido Eça para o sabermos, mas como não se ensina Eça nas escolas, ninguém parece sabê-lo.
Apoiar as espécies nativas, controlar a eucaliptação e pinheirização do País, criar hábitos com a criação de percursos florestais, repovoar as zonas ribeirinhas com espécies que possam servir de suportes à fixação de vida animal selvagem, são passos a dar tão importantes como a construcção de corta-fogos em zonas de mata densa, limpeza de manta morta ou reordenação da propriedade agrícola.
Não será preciso ser muito inteligente para ver a evidência que está à frente dos nossos olhos, não é clamando pelo governo ou pela instauração de estados de calamidade que vamos lá.
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