Muito já se escreveu sobre a candidatura de Soares, a de Cavaco, a do Alegre, a do Jerónimo só agora começa a ser falada, e muitas outras tem sido ventiladas, umas com mais intensidade do que outras.
Parece que muita gente ainda não entendeu que o Alegre, fruto das suas posições políticas públicas - quem não se lembra de Souselas, das tropas para o Iraque, do linchamento na praça pública do PGR, na recusa ao referendo sob o aborto preferindo que a AR legisle sobre o assunto, do seu apoio a Alzira Santos para presidente do PS depois de ter garantido o seu apoio a Almeida Santos, do que disse de Sócrates nas eleições para o secretariado nacional ainda há poucos meses, do seu eterno piscar de olhos ao PC e BE - nunca poderia ser o candidato do PS, nem tampouco de muita esquerda que não se revê em romantismos poéticos na hora de acção, preferindo lê-los calmamente em horas de descanso?
E que dizer, de outros homens e mulheres de esquerda não-comunista, que não têm nenhum candidato em que se revejam minimamente, porque parece que todos têm medo de afrontar Cavaco Silva, o providencial homem de Boliqueime, que não lê jornais e que raramente se engana!
Só de facto o patriarca Mário, o rei Mário como muitos lhe chamámos, teve os 'ditos' para dizer presente, e dar a cara por uma esquerda que se acagaça e se encolhe atrás do Sócrates, e que a maior parte das vezes nega ser de esquerda, seja lá o que isso quer dizer.
Esquerda e direita há muito que perderam o seu significado, numa sociedade que tem o lucro como resultado último, e que é comandada pelo desejo do poder absoluto a todo o custo, e que, a si mesma, atribui o conhecimento último do que é bom para a plebe que engana diariamente com o seu discurso da treta.
Mas o que nos interessa é ter um presidente que seja respeitado pelas suas posições, por muito polémicas que sejam, pois é sinal de que as tem, em vez de um seguidor de políticas alheias.
Quando olho para Soares e Cavaco, sei o que um pensa sob uma variedade de assuntos, enquanto que em relação a outro pouco mais sei do que as suas opiniões sobre questões económicas ou politiquice local.
Deixemo-los enfrentarem-se e debater ideias, pois Cavaco certamente estará mais à vontade face à por muitos desejada senilidade de Soares.
Quando olho para as críticas de JPP, VGM, Helena Roseta, Pires de Lima, e tantos outros que por aí andam, pergunto porque é que eles não se candidatam, ou será que lhes falta coragem para tanto?
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