Mais uma vez o Dia Europeu sem Carros, não contou com as duas maiores cidades portuguesas, pois pelos vistos, a poluição e a mobilidade que por cá existem ainda não são suficientes para uma jornada de sensibilização.
As desculpas esfarrapadas que os autarcas dão sobre a não adopção de estes dias, roçam o patético, pois não nos devemos esquecer que esse evento, está inserido na Semana Europeia da Mobilidade, que deveria servir para debater com os cidadãos quais as vantagens do transporte público sobre o particular, e em simultâneo ouvir as necessidades sentidas pelos que se utilizam exclusiva ou maioritariamente de tal meio de locomoção.
Sei, que retirar o pópó aos meninos que gostam de se transportar desde casa até à porta do escritório, irá ser um trabalho difícil, mas alguém terá de dar o pontapé de saída, sob pena de continuarmos a atirar o País para o buraco, quer pelos custos derivados do aumento do petróleo, quer pelas necessidades de implementar políticas ambientais que combatam a poluição resultante, quer ainda do consumo exagerado de peças sobresselentes derivados de acidentes de viação, e respectivos subsídios de doença em caso de acidentes com feridos de gravidade impeditiva do trabalho.
Muita gente reclama que não tem transporte perto, mas utiliza dois ou três carros diariamente, para transportar outros tantos membros da família que residem sob o mesmo tecto, e que têm um percurso comum apenas com ligeiras variantes na sua parte final, ou então vive em zona de onde saem do mesmo prédio ou habitações próximas, vizinhos que poderiam ocupar os assentos vazios do seu carro, criando só por esse facto um menor número de viaturas no mesmo trajecto.
Não, a vaidadezinha, o egoísmo, a falta de organização e até a estupidez, levam a que vejam o seu orçamento diminuído em fatia avantajada, mas preferem gastar nos combustíveis, portagens e consertos da viatura, o dinheiro que dizem não ter para comprar jornais que não sejam desportivos, livros, bilhetes para um espectáculo ou ida a uma exposição, ou até numa alimentação mais regrada e cuidada, pois o mostrar que se está bem na vida, será mais importante!
Por outro lado, os autarcas que não se preocupam em criar áreas de estacionamento modernas e condignas, nas zonas de interface com os transportes públicos, ajudam a estas desculpas de mau-pagador, bem como os que continuam a construir parques no centro das cidades em detrimento de parques periféricos bem dimensionados e estratégicamente colocados.
Entretanto, o País e os governantes são acusados de nada fazer, quando muito do que se poderia fazer frente ao 'deficit', se encontra na mão de muitos de nós.
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