Andando pelos 'blogs', lendo colunas de opinião em jornais e revistas, ou ouvindo televisão, cada vez mais se reconhece uma certa propensão para o insulto na sociedade portuguesa.
O que antes se finava pelas franjas mais incultas da sociedade, ou brilhava apenas na futebolândia, foi subindo, e hoje torna-se já habitual ouvir e ler, insultos soezes, escritos e ditos por quem detem canudo e cátedra, ou reclama nascimento de linhagem, ou ainda educação paterna rigorosa e célere no castigo corporal.
O discurso argumentativo tem descido ao ponto em que, os contendores, em vez de terçar ideias, factos ou dúvidas, preferem agredir-se com uma falta de respeito pelo público em geral, para já não falar dos moderadores, quando de debate se trata, ou dos anfitriões que, em tratando-se de gente educada, se sentirá enxovalhada por tais convivas ter metido na assembleia.
Que é que moverá essa gente, alguma que se reclama pertença da intelectualidade europeia, ou que se engalana com pomposos títulos académicos, mas que envergonhariam muitas das famílias mais humildes deste País, se tivessem nascido no seu seio.
Para mim, este é apenas mais um sinal da decadência, em que uma parte da classe opinante, que é arrivista, deselegante, trauliteira e malcriada, vivendo a custo de prebendas, do erário público ou a soldo de gente bem que não se quer emporcalhar na disputa, caíu e que inexoravelmente nos arrasta para o fundo de uma Europa que se afasta a passos de gigante.
Temos de nos cuidar, e das duas uma, ou quem está no poder arrepia caminho, e abandona ao seu destino os capelões e capelinhas que os rodeiam, ou o populacho, mais cedo ou mais tarde, os atirará por terra, pois a fome e a necessidade despertam sentimentos que não são fáceis de apaziguar.
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