21 setembro, 2005

Tributo a Homem de Melo

Leio com satisfação no JN que Mais de 200 ex-alunos do poeta e ensaísta Pedro Homem de Melo vão homenageá-lo a 5 de Outubro, deslocando-se do Porto até ao cemitério de Afife para aí colocar uma lápide em memória do poeta e professor.

Ainda bem que há quem se lembre deste ilustre portuense, com quem tive o privilégio de privar, durante as aulas de folclore que dava na Escola Infante D. Henrique. Foi ele quem me ensinou que o folclore não era uma estopada, mas uma arte, que infelizmente estamos a deixar morrer aos poucos.

Associando-me a esta recordação aqui deixo um dos seus poemas, se calhar feito à mesa da Brasileira, onde na década de 70, o podíamos ver, sempre impecável e educadíssimo.

Os Poetas

Nunca os vistes
Sentados nos cafés que há na cidade,
Um livro aberto sobre a mesa e tristes,
Incógnitos, sem oiro e sem idade?

Com magros dedos, coroando a fronte,
Sugerem o nostálgico sentido
De quem rasgasse um pouco de horizonte
Proíbido...

Fingem de reis da Terra e do Oceano
(E filhos são legítimos do vício!)
Tudo o que neles nos pareça humano
É fogo de artíficio.

Por vezes, fecham-lhes as portas
- Ódio que a nada se resume -
Voltam, depois, a horas mortas,
Sem um queixume.

E mostram sempre novos laivos
De poesia em seu olhar...

Adolescentes! Afastai-vos
Quando algum deles vos fitar!


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