09 maio, 2011

Ismos

Já há muito se foi o mundo dos socialismos restando apenas uma mão quase vazia de seguidores, velhos na idade e no espírito. O capitalismo desapareceu com a retração do investimento produtivo, levado pela voracidade duma oligarquia para quem os dividendos e a especulação financeira são o seu desígnio final. O bem intencionado liberalismo deitou fora as garantias a dar aos cidadãos, optando por selecionar um pequeno grupo a quem tudo entrega e a quem nada exige. O próprio cristianismo tende a desaparecer por falta de vocações, pois enredado numa teia obscura de interesses e contradições, afunda-se num mar de lama cada vez mais enquistado sobre si mesmo. O islamismo deixou de ser a doutrina de Maomé para se transformar num veículo de perseguição das liberdades individuais, em nome de um Deus que deveria ser misericordioso. O budismo agoniza, amputado da sua capital caída na mão dos novos poderes que despontam a Oriente.
No meio de tudo isto, ganha força o oportunismo, esse ismo que nada tem de político ou religioso, mas que é a religião de muitos, sobretudo de gente ansiosa do poder pelo poder.
Isto não augura nada de bom, num espaço onde há cada vez mais gente e cada vez menos de comer, começam a ouvir-se lamentos e chamadas de intenção por gente atenta aos fenómenos sociais.
Se não lhe derem ouvidos, esses lamentos irão evoluir, avolumar-se transformar-se primeiro em coros multifacetados que velozmente se transformarão em gritos de revolta.
Espero que haja gente atenta por aí, pois o tempo é pouco e a fome é má conselheira.

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