Era uma voz incómoda que se levantava a defender um certo tipo de "ensino", em vez da vulgar "aprendizagem" que ele detestava e achava aberrante.
Sorri algumas vezes perante as suas ideias, onde separava as duas coisas, como se fosse possível separá-las, sinal de que ele não entendia muito bem qual era a função do professor.
Para além de ensinar, o professor, deve verificar se aquilo que ensina está a ser aprendido, procurando adequar a prática da transmissão do saber à possibilidade de entendimento do receptor.
Claro que estou a falar de Nuno Crato, o atual ministro da educação, que com a sua paixão de ensinar, vai acumulando erros sobre erros até fazer ruir todo o edíficio do ensino público.
A última achega que nos dá é afirmar apenas e só isto:
- (a) redução de professores é inevitável nos próximos anos...
Não lhe interessa que uma das razões seja o aumento do número de alunos por turma que ele decidiu e que faz naturalmente diminuir a necessidade de professores, não ajudando em nada o aumento da aprendizagem, pois como se sabe, e é facilmente demonstrável, atirar um monte de alunos para cima de um professor, não torna a sua tarefa menos exigente, nem ajuda a uma maior interação nas aulas, pelo contrário.
O nº mínimo de 24 alunos por turma saltou de 24 para 26 e o nº máximo passou a ser de 30 em vez de 28!
O que levou Crato a tomar tal medida? Razão pedagógica não foi, pois ele é incapaz de a enunciar. Não será que é apenas o critério economicista a funcionar, mais uma vez?
E que tal dar uma saltada ao terreno?
Porque é que não olhamos para a nossa realidade?
Teremos uma boa rede escolar? As assimetrias regionais não se refletirão nas escolas? Estará este País dotado de uma maioria de escolas modernas, bem equipadas, quer do ponto de vista material, quer do ponto de vista docente? Terá a generalidade dos alunos um ambiente económico-familiar que lhes proporcione um auxílio efetivo na aprendizagem? Estará o estado a fazer um bom trabalho na educação? Estarão os professores ocupados exclusivamente com a dação de aulas e/ou a investigação ou andarão dispersos por outras áreas, que em vez de contribuirem apenas lançam poeira em cima do que se pretende fazer ou já está feito?
Do que tenho visto e ouvido nada disto parece interessar ao matemático ministro, antes pelo contrário, o seu amor antigo pelo rigor e pela excelência parece ser tudo menos isso.
Enganou bem!
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