Este (des)governo liderado (!) por Passos Coelho, tornou-se rapidamente num saco de gatos que, em vez de assumir uma postura solidária entre si, prefere deitar achas para a comunicação social que vão alimentando a fogueira das dissenções que o atravessam.
Um governo de coligação, é sempre um governo de equílibrios e compromissos, mas os seus líderes devem, em primeiro lugar, defendê-lo dos holofotes da opinião pública, tratando no seu seio as questões que os separam e publicitando as que os unem.
Nesta nossa experiência, desde o início, verificou-se que do seu interior saíam muitas vez para o exterior situações que revelavam um conflito latente.
O mau hábito de usar a pasquinada de serviço para forçar situações, foi um mau hábito que a direção governativa foi deixando alastrar.
Desde o triste episódio do sms sobre Bernardo Bairrão, este primeiro-ministro e o seu núcleo duro, mostraram não estar preparados para assumirem as suas escolhas.
Já antes, a luta pelas secretarias de estado, tinha saltado para as páginas dos jornais dando origem a que os iniciais vinte e cinco, referidos em campanha por Passos Coelho, vissem alargado para trinta e cinco (mais uma subsecretária de estado) o seu número definitivo, pois cada partido queria um no ministério do outro.
O CDS conseguiu enfiar um na educação, um nas finanças (que teve um aparte assaz interessante na última conferência de imprensa do Gaspar), um na administração interna, quatro na agricultura, um nos negócios estrangeiros acompanhado de mais uma subsecretária.
Mas não ficaram por aqui as desgraças.
Desde a célebre campanha na Madeira, a privatização da RTP, a reforma da lei autárquica proposta pelo Relvas, os diversos "affaires" Relvas, a política de impostos, os cortes de pensões que os frequentes choques iam abrindo brechas na coligação. Por outro lado, dentro do próprio governo, a comunicação e entendimento entre ministros não seria a mais afável, basta recordarmos a troca de piropos entre o ministro Álvaro e o Gaspar, que mereceram um ostensivo silêncio de quem devia impor respeito, passando por secretários de estado que não confirmam o que dizem ministros, ministros que falam demais e depois são desmentidos ou aparecem a clarificar o que queriam dize mas não disseram, até ao cúmulo de assessores virem dar cá para fora notícias que atrapalham o governo que lhes paga.
Esta última picardia, só é possível, porque toda a gente faz de conta que o Paulo Portas não sabia de nada - que é que andaria a fazer o Mota Soares pois a TSU diz-lhe diretamente respeito - depois de infantilmente o primeiro-ministro, em entrevista à RTP, ter falado em assuntos que não deveria falar, dando provas de uma criancice absurda, para não lhe chamar outra coisa.
Assim, e dada a falta de alternativa que se vislumbre, estamos condenados a ter de engolir este saco de gatos, a não ser que valor mais alto se levante.
Há por aí gente que faria melhor o lugar, não tenho dúvida alguma, mas desconfio que ninguém os quererá, talvez porque já estão a ver que não seriam "os do costume" de novo a ganhar com tudo isto.
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