28 setembro, 2012

Fora da realidade!

Se alguém tinha dúvidas de que o atual primeiro-ministro não estava em consonância com a realidade, este, ontem, num discurso a empresários que se reuniram no Pavilhão de Congressos do Estoril, definitivamente dissipou-as!
Para além de continuar a considerar "bem sucedido" o processo que se tem desenvolvido, parece entender que os sacrifícios que tem pedido são apenas o início de um processo longo e que "exige um esforço maior do que o desempenhado até agora"!
Considerar bem sucedido um processo em que roubou, numa primeira fase, 3,6 % dos rendimentos dos trabalhadores por conta de outrém e pensionistas, aumentou os impostos indiretos, e ainda teve de recorrer a 6.000 milhões de euros de receita extraordinária (fundos de pensões da banca) para manter o défice em 5,9% fazendo assim baixar em 2,1% o défice real que ficaria próximo dos 8%.
Que no ano seguinte, para além de novos aumentos do IVA, se tenha atirado a tudo que era receita aumentando-a para valores incomportáveis, procedesse a novo saque, agora de mais de 14% dos rendimentos, aos trabalhadores do estado, reformados e pensionistas, ande a estudar novas maneiras de conseguir receitas extraordinárias, tenha alienado património do povo português, tenha lançado no desespero dezenas de milhar de portugueses e ainda lhes tenha cortado no subsídio de desemprego.
Que, depois de todo este esforço, o défice prometido de 4,5% não será atingido, ficando-se segundo o ministro Gaspar pelos 6%, número que não podemos confirmar pois é um mistério bem guardado, dando cabo de todas as otimistas previsões dos três da vida airada, do (des)governo nacional e da corja de bajuladores de servico onde se encontram reputados economistas(!).
Para lá de tudo isto, a dívida pública ( a tal que era incomportável e que o pedido de resgate faria desaparecer) se tenha agravado, e que as previsões do seu agravamento continuarão para o ano, e ainda ter a lata, sim porque é preciso uma grande lata, para dizer que este programa é um sucesso e que estamos no bom caminho!
A realidade atual é muito diversa do país que fomos em 2011.
Estamos mais pobres, pagamos mais impostos, temos menos escolas, menos hospitais, mais desemprego, um comércio interno a morrer, indústrias a desaparecer, centros de decisão a fugir, investimento a cair, a própria democracia a fenecer, e aparece gente a dizer que tudo isto é necessário pois das cinzas renascerá um país novo!
Mas um país para quem?
Para uma oligarquia que continua a engordar sem nada fazer, a sentar os rabiosques em carros de luxo, a mandar fazer os fatos de encomenda e engravatada de seda?
Ora bolas, para o bom caminho e para o sucesso!

Sem comentários: