29 junho, 2011

Os casos

O nóvel governo ainda agora apresentou o seu programa - muita parra e pouca uva - e já os casos começam a ser mais que muitos.
Se fosse no tempo de Santana seriam apeliadados de trapalhadas ou no tempo de Sócrates seriam mentiras. Neste novo tempo são apenas casos menores.
Para além dos convites que não se confirmam e são anulados à última hora, dos membros do governo que eram para ser dez mais vinte e cinco e passaram a doze mais trinta e cinco (não fosse a despromoção de dois ministérios e a supressão de mais dois seriam talvez quinze ou dezasseis mais trinta e um ou trinta e dois), das pressões que começam a ser exercidas na comunicação social (era costume chamar-se-lhe défice democrático) passando pela demagogia de alguns anúncios, isto não começa muito bem.
A procissão que ía alegre e gaiteira começa já à saída do adro a demonstrar algumas (ainda) pequenas amassadelas.
A ver vamos...

28 junho, 2011

Governo em obras?

Fomos ao site do governo para tentar ver o perfil do governo e seus governantes, o resultado é este!
Parece que a eficácia não está nos planos de tanta tecnicidade e competência, ou estarão a refazer os curricula.

27 junho, 2011

O achismo!

Esta estranha doença que volta meia volta ataca a sociedade portuguesa apareceu de novo e em força.
Por todo o lado encontramos personalidades que acham que este governo vais ser melhor do que o anterior, comentadores que acham que Pedro Passos Coelho está a ir na direção certa (mesmo que ainda ninguém saiba em que direção vai!), ilustres comentadores que acham o governo competente, jornalistas que acham que a concentração de ministérios é uma boa coisa, outros jornalistas que acham que não, políticos que acham que os ministros não necessitam de ser políticos, basta serem técnicos, técnicos que acham que os ministros devem ser políticos e não basta serem técnicos, eleitores que acham que a partir de agora a vida vai ser igual, outros eleitores que acham que vai ser pior, etc.
Toda a gente acha qualquer coisa, mas o que é divertido é que quando acham algo nada têm na mão, então por que é que teimam em achar o que não é passível de ser achado?
Talvez este delírio coletivo nos leve a algum lado!
Eu, cá por mim, acho que não.

Citações (XLV)

As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante.
Karl Marx

Laconismo

Ontem, pela primeira vez, vi o verborrente Marcelo Rebelo de Sousa, insigno comentador televisivo na TVI, questionado sobre a atuação do governo durante a semana saiu-se com qualquer coisa do género - esta semana correu-lhe muito bem... - e mais não disse!
Dado o género de comentários que cultiva, este laconismo não deixa de ser interessante, pois apesar do dito, não deixou de relembrar os casos Nobre e governadores civis, embora os rotulasse de acidentes de percurso menores.
Que o governo tenha o seu período de graça, tudo bem, agora que seja levado aos ombros por não ter feito nada e qo que tentou fazer saísse torto já me cheira a outra coisa.

26 junho, 2011

Coisa curiosas

Entretanto, vão-se ouvindo as vozes que não se conformam com o resultado das eleições e questionam a legitimidade social do Governo recém-empossado. É um discurso perigoso porque, nas democracias representativas, a legitimidade política expressa-se pelo voto. E foi o voto dos portugueses que impôs a mudança. A mera sugestão de que a vontade expressa nas urnas é ilegítima, ou tem menos legitimidade do que a dos movimentos contestatários, é preocupante.
Se Rui Moreira pretende criticar quem critica o atual governo, porque é que não fez o mesmo quando se assistiu a muito pior após as eleições ganhas pelo PS em 2009!
Terá a sua balança dois pesos e/ou duas medidas conforme a composição das minorias que chegam ao poder?

23 junho, 2011

Coisas a estudar

Tem-se lido por aqui e por ali, alguns "apoiados" e encómios a um governo que ainda não tendo praticamente saído do papel, já gerou uma onda de simpatia por duas ou três atitudes sem peso orçamental mas que fazem encher o olho.
Mas não é sobre isso que estou para aqui a dar cabo do teclado, o que começa a ser um caso de estudo, é ler que quem o elogia, corajosamente assume que até nem voutou no partido que agora chegou ao poder, ou ainda que nem gosta do personagem que é agora primeiro-ministro!
Pelos vistos, quem escreve nos 'blogs', facebooks e quejandos não votou PSD, curioso é saber de onde terão vindo todos esses votos que lhe deram a vitória.
Vendo o desaire do BE, a manutenção do PC, a forte votação no PS, e a subida comedida do CDS só pode acreditar-se que quem votou PSD não escreve, não anda pelos jornais e serão na sua maioria independentes ou povo anónimo!
Onde terão votado as corporações? E o patronato esquizóide? E os saudosistas? É que a malta do PSD, sózinha não ía lá...

Medidas interessantes

Passos Coelho viajou para Bruxelas com comitiva pequena e em classe económica. Foi uma medida interessante e que se espera ver potenciada em futuras deslocações de membros do governo e de empresas públicas, pois ou há moralidade ou não pagam todos.
Já o querer fazer o check-in normal, não o será, pois para além das normais regras de segurança a respeitar, teria o primeiro-ministro e comitiva de ter de se apresentar no aeroporto com a antecedência necessária, como o fazem os restantes passageiros, e não sei se terá alguma utilidade para o País, o primeiro-ministro mais a sua comitiva, desperdiçar o seu tempo nas salas de espera ou corredores dos aeroportos, ou serem vistos a fazer reuniões de importância no meio dum bando de turistas foliões.
Fico também a aguardar a dispensa dos carros de luxo e alta cilindrada, que gastam um balúrdio em combustíval na cidade, e a instalação de máquinas de café e distribuição de chocolates e bolos nos corredores dos ministérios, para cada um pagar o que come, segundo o famoso princípio do utilizador/pagador.
Já agora, e como estamos em maré de poupanças e moralização, porque não publicar quanto é que os pilares do estado ganham em ajudas de custo e despesas de representação e as respetivas justificações?

Hoje à noite é que é bom!

22 junho, 2011

Governos civis

Há muito que defendo a extinção do cargo, mas deveria ter sido feita articuladamente, sustentada e seguindo as normas próprias da democracia.
Talvez esta nova moda, de anunciar em discursos, a extinção de orgãos do estado seja do agrado dos mirones habituais e venda jornais, no entanto não me parece ser a melhor maneira de criar condições para uma transição reformista, antes pelo contrário.
A quem irão ser atribuídas as funções dos governos civis? Será que vão ser extintas? Não o creio.
Se calhar, talvez, criar mais um lugarinho escondido num qualquer ministério ou repartição pública com nome diverso.
A ver vamos.

21 junho, 2011

Maria de Lurdes Rodrigues e outros

Segundo o semanário Sol, a ex-ministra da educação, foi acusada pelo MP pela prática do crime prevaricação de titular de cargo político, em co-autoria, juntamente com a sua ex-chefe de gabinete, Maria José Matos Morgado, o ex-secretário-geral do Ministério, João da Silva Batista, e João Pedroso, advogado, professor universitário e antigo vogal do Conselho Superior da Magistratura.
Espero que venham a ser condenados, pois ao MP cabe fazer acusações quando não tenham dúvidas sobre a veracidade da acusação, e não entreter-se em processos que visam apenas a decapitação ou enxovalhamento de quem faz deste País a sua casa e local de trabalho.
Se não forem, o MP terá de explicar as razões deste seu comportamento, ou não será assim?

Oito anos!

Já conhecia a história dos meninos soldados, da utilização de menores em atos bélicos, mas pegar numa criança de oito anos, tentar vestir-lhe um colete explosivo e rebentar com ela, é, para mim, o cúmulo da loucura a que chegaram alguns fanáticos em nome de qualquer coisa que poderá ser tudo menos uma religião.
No versículo 69 da V surata diz-se:
Os fiéis, os judeus, os sabeus e os cristãos, que crêem em Deus, no Dia do Juízo Final e praticam o bem, não serão presas do temor, nem se atribularão.

Pegar no Corão e daí partir para a guerra indiscriminada aos que não professam a religião baseada no islamismo é apenas uma justificação para atingir outro tipo de fins.
O que aconteceu não foi apenas um abuso, foi um crime, e como tal deveria ser condenado por todo o mundo islâmico.

Parto com a noção do dever cumprido!

Da declaração de desistência de Fernando Nobre.
Mas afinal o homem fica ou parte?

A nova máquina!

Sabe-se que a eleição do presidente da Assembleia da República é feita por voto secreto.
Aqueles que gostam de assistir a estes palacianismos, viram todos os deputados depositarem o papelinho numa urna que, segundo se sabe, não tem nenhum aparelho especial incorporado.
Calcula-se que entre os deputados, jornalistas, operadores de câmara, funcionários do parlamento e dos partidos, agentes de segurança e visitantes não deveria existir nenhum personagem fantástico com visão de raio X ou com poderes de adivinhação conhecidos.
Posto isto, que raio de máquina terá sido utilizada para se poder dizer que os 106 ou 105 votos dados a Fernando Nobre vieram todos dos deputados do PSD?
Será que não houve um único deputado de outro partido que tivesse votado no senhor!?
Quem é que ousa fazer uma afirmação desse jaez, com o ar mais cândido do mundo, sem saber que está a incorrer em grossa especulação e apenas a tentar que a derrota de Pedro Passos Coelho seja menorizada?
Pelos vistos anda, mais uma vez, muita gente distraída.

As gorduras do estado

Este novo eufemismo, está a dar, mas é interessante ver que ninguém o desmonta nos seus mais simples atributos.
Afinal o que são as gorduras do estado?
Sabe-se que a parte mais gorda é o excesso de pessoal, mas o seu tratamento levará muitos e bons anos a gerar efeitos positivos. Por outro lado, os gastos supérfluos da máquina estatal trazem associados uma chusma de pequenas e médias empresas que, ao verem a teta secar, rapidamente se tornarão em fábricas de desempregados a muito curto prazo com os custos para o estado daí decorrentes.
Como não estou a ver os centros de emprego a distribuir material agrícola em vez de subsídios aos novos desempregados, esse emagrecimento poupa por um lado e gasta por outro o que, como solução não é lá grande coisa, embora seja medida a tomar.
Há ainda os cortes que poderão ser feitos nos pareceres pedidos ao exterior, nas consultadorias que não servem para nada, na diminuição do parque automóvel, na alienação de institutos que não se sabe ao certo para que se servem, mas tudo isto leva a mais desemprego e a menos vendas, o que traduz um novo abrandamento da economia gerando o habitual fluxo negativo nos impostos, emprego e diminuição do número de empresas.
Para cada ação irá haver uma reação, tornar as duas concorrentes no mesmo sentido é onde está a dificuldade.
Saberão os nossos técnicos governamentais independentes criar a equação ganhadora? Tenho sérias dúvidas.
A ver vamos.

20 junho, 2011

Politicamente incorreto

A um líder não basta ganhar eleições é preciso que lhe seja reconhecida habilidade política, ductilidade suficiente para gerar consensos, persuasivo, diplomático, comedido, com uma visão ampla dos problemas e com a competência necessária para os enfrentar.
No novo primeiro-ministro, pela amostra de hoje, nada disto abunda e nem sequer sei se existe.
O que se passou hoje na Assembleia da República foi mau demais!
Um problema que tinha nascido torto, em vez de ter sido consertado a tempo, por teimosia (não confundir com compromisso), levou a que o presidente do PSD, para quem a constituição de um elenco governamental já tinha tido algumas trapalhadas à mistura, não se tivesse precavido para se furtar a dois desaires seguidos e que consumiram um dia de trabalho na AR!
Até parece que não há mais nada que fazer para além de andarmos a brincar a eleições para presidente da casa da democracia.
Os deputados, deram uma bofetada de luva branca a quem os menorizou, ao convidar, sem ter para tal autoridade nem competência, alguém que ainda não tinha sequer sido deputado um único dia!
Nobre, por outro lado, mostrou que também ele não tinha categoria suficiente para tal cargo, nem se importou pelo embaraço por que iria passar quem lhe tinha estendido a mão para o alçar a tão alto cargo.
Na ânsia de espalhar independentes por tudo que é lado, Passos Coelho também tentou meter um na AR. Sairam-lhe as contas furadas!
A esta hora Paulo Portas, que utilizou magistralmente a sua sagacidade habitual, deve rebolar-se de gozo ao ver o estado em que deixou o tal que pensa ser o líder da coligação.
O peso do CDS aumentou desproporcionalmente ao seu tamanho. Pedro Passos Coelho pagou cara a infantilidade e impreparação que demonstrou.
As súplicas de Miguel Relvas à última hora, a que todos assistimos, não deram o resultado pretendido.
Esta coligação ficou mais esticada, PPC terá de se acautelar no futuro, ou ainda vai acabar como contínuo no Largo do Caldas.

DE QUE MODO OS PRÍNCIPES DEVEM MANTER A FÉ DA PALAVRA DADA

Quando seja louvável em um príncipe o manter a fé (da palavra dada) e viver com integridade, e não com astúcia, todos compreendem; contudo, vê-se nos nossos tempos, pela experiência, alguns príncipes terem realizado grandes coisas a despeito de terem tido em pouca conta a fé da palavra dada, sabendo pela astúcia transtornar a inteligência dos homens; no final, conseguiram superar aqueles que se firmaram sobre a lealdade.
Deveis saber, então, que existem dois modos de combater: um com as leis, o outro com a força. O primeiro é próprio do homem, o segundo, dos animais; mas, como o primeiro modo muitas vezes não é suficiente, convém recorrer ao segundo. Portanto, a um príncipe torna-se necessário saber bem empregar o animal e o homem. Esta matéria, aliás, foi ensinada aos príncipes, veladamente, pelos antigos escritores, os quais descrevem como Aquiles e muitos outros príncipes antigos foram confiados à educação do centauro Quiron. Isso não quer dizer outra coisa, o ter por preceptor um ser meio animal e meio homem, senão que um príncipe precisa saber usar uma e outra dessas naturezas: uma sem a outra não é durável.

in O Príncipe, NICOLÓ MACHIAVELLI

Os movimentos espontâneos

Por essa Europa fora vai-se movimentando uma mole imensa de gente que ninguém sabe ao certo o que quer, fazendo - para já - mais ou menos pacíficas demontrações de rua, ou ocupações, mais ou menos selvagens, de espaços públicos gritando palavtas de ordem diversas que vão desde o conhecido é proibido proibir, até aos mais recente queremos emprego (não confundir com queremos trabalho)!
Os políticos, fazem vista grossa, e deixam que estes milhares de jovens e menos jovens, atropelem as leis, incomodem quem trabalha, conspurquem o que é de todos, não se percebendo muito bem o que é que afinal pretendem. 
Serão empregos, trabalho, subsídios governamentais, mais liberdade para fazer o que lhes apetece, pais mais permissivos, estudos mais simplificados, direito ao amor livre, direito à irresponsabilidade, proibição da imigração, despenalização das drogas (sejam elas leves ou pesadas) ou apenas uma maneira alegre de passar o tempo.
Nós, a maioria, a tudo isto assistimos incrédulos, divididos nos sentimentos mas sem compreender que esta é uma boa maneira de a democracia se auto destruir irresponsavelmente.
A continuar a festa, rapidamente haverá apelos securitários, retaliações violentas e o caos virá aninhar-se junto a uma das maiores crises do século que afinal ninguém também estará a levar muito a sério.
A contagem regressiva já começou, para o quê, ainda não sei ao certo, mas tenho a convicção de que não será nada de bom.

19 junho, 2011

Sobre a corrupção

Hoje em dia é palavra de moda! Geralmente toca aos políticos a fatia mais gravosa, pois fez-se um esforço desmesurado para que a opinião pública, através da opinião publicada fizesse cair o ónus da corrupção sobre estes como se os corruptores nada tivessem feito, ou que eles se corrompiam uns aos outros.
Seria bom, que cada um de nós examinasse a sua consciência e se interogasse sobre um certo número de atos que diariamente são praticados mas que quem os pratica anda tão distraído que não encontra neles o selo da corrupção.
Mas afinal o que é a corrupção?
Será que dar uma gorgeta à senhora que marca as consultas no hospital ou consultório médico para nos colocar à frente dos que há muito se inscreveram é corrupção?
E oferecer uma prenda ao professor do filho na esperança que ele tenha um olhar bondoso sobre o desleixo ou preguiça do menino?
Fazer um jantar de homenagem ao chefe no seu dia de anos, pedir ao polícia que nos apanhou com um grãozito na asa o perdão da multa e depois oferecer os nossos préstimos, dar prendas a médicos, mandar a garrafinha no Natal ao garagista, oferecer a telha para a escola onde a família tem aulas, doar uns terrenos à autarquia, oferecer uma festa à vereação, apaparicar os bonzos das igrejas, não será tão grave como trafulhar nos contratos, comprar ações por dicas de quem está por dentro, investir em terrenos que serão a breve prazo requisitados pelo estado, receber informações sobre concursos a realizar ou fazer aprovar leis que interessem aos clientes, quem nunca tentou fugir aos impostos?
Somos céleres a atribuir culpas a quem não gostamos, mas raramente ousamos cortar a direito sob pena de nos vermos também expostos.
Quem estiver livre de pecado que atire a primeira pedra. Eu, como aliás a maior parte da população todos temos o nosso telhadinho de vidro.
Claro que o meu é pequenino, como o será o de muitos mais, mas será por isso que estaremos aptos a nos armarmos em inquisidores-mor?
Tratem da corrupção. Enfrentem-na, e quando o corruptor vos perguntar se quer dispensar o recibo por causa do IVA tenha coragem de dizer que não.

Brincadeiras

Todos nós, quando miúdos, e até muitas miúdas, somos fascinados pelos carrinhos desde muito cedo. Tenho um neto que ainda há pouco fez um ano e o primeiro som mais ao menos bem articulado que fez foi o de brrrruuummm-brrruuummm, quando pegava em miniaturas de automóveis e carrinhas que abundam cá por casa.
Depois, depois vamos crescendo. Uns fixam-se nas corridinhas, outros no colecionismo, mas, a maior parte opta pela vaidadezita de ter uma máquina moderna, onde na idade mais jovem anseia por máquina atrevida que encha o olho à mulherama, e que mais tarde, com o crescimento abdominal, se reveja num bom sedan, ou num citadino jipe para levar a famelga a passear aos fins de semana, enfiar-se nas bichas diárias para o trabalho ou nos estafantes engarrafamentos das pontes e férias. Não falo de outras atividades que, embora lúdicas, possam ferir a sensibilidade dos mais moralistas.
Outros há ainda, que fiéis ao seu vício, correm o mundo só para estar perto daquelas máquinas barulhentas e velozes, gozar com o espetáculo e divertir-se à sua custa ou enveredam por uma profissão ligada ao ramo para assim satisfazerem, com vantagem, a sua maluquice pelas corridas e pelos belos modelos e motores.
Mas há casos especiais, como o do senhor presidente da Câmara do Porto, que, honesto e poupado, tem cortado em tudo que é cultura, porque só entende a versão em que a mesma dá lucro, se tem borrifado na desertificação da cidade, anda desde que foi para o lugar a prometer a revitalização da Baixa e uma rede eficiente de transportes ou na reorganização da cidade - que aqueles que cá vivem sabem bem em que estado se encontra -  disse apostar na  ciência mas que pouco faz ou fez por isso, mas tem umas corridas só para ele e para a sua trupe, que, como alguém disse, é para alguns dos senhores do Porto vestirem umas calças claras, sentarem-se juntinhos a beber uns copos e a sonharem que estão no Mónaco.
Que isso custe a destruição de parte da Avenida da Boavista, que as bancadas fiquem apenas compostinhas, que as receitas geradas sejam distribuídas pelos hoteis de muitas estrelas e pelo setor da restauração, que da câmara saia um bolo suficientemente elevado que poderia ser aplicado noutras coisas, não interessa!
A publicidade do evento, sendo medíocre, não chama televisões internacionais, nem sequer as nacionais.
O público acha o espetáculo caro, preferindo ver de fora e de longe, pois a vida está má. Os patrocinadores, lá vão dando, pois sempre é melhor estar do lado da CMP do que contra ela, nem todos são a equipa do FCP que se pode dar ao luxo de não precisar da sua ajuda para ser projetada na Europa e no Mundo.
Mas ninguém reclama, está tudo caladinho, até porque se passa no Porto, que já foi a segunda cidade do País, vai agora em terceiro lugar e até à saída dos Censos vamos continuar expectantes para saber em que lugar ficará. Sabe-se porém que é um local onde vivem velhos e estudam jovens, que tem taipais de madeira a cobrir frontarias de prédios e lojas, que tem montes edifícios e habitações abandonadas, que já teve mercados e um comércio florescente, mas que agora tem uns a cair, outros em transformação e que o pouco comércio que vai subsistindo continua a debater-se em dificuldades de monta e não vê lura de onde saia coelho.
Por aqui se faz ciência, a sério e de qualidade, sem ajuda da Câmara, mas também sem grandes reconhecimentos.
O que poderia ser a porta de entrada para um turismo diferente, anda à procura de umbrais seguros para poder ser erguida e a cidade estiola, do mesmo modo que se estiola na aridez da Avenida aquecida pelo Sol.
Há muita gente que sabe do que falo, mas prefere olhar para o lado e discutir outras coisas, qualquer dia, também estes terão de partir ou passarão a engrossar os velhos que por aqui deambulam, tristonhos, recordando o tempo em que era difícil, a um Sábado à tardinha, circular em Santa Catarina.

18 junho, 2011

Tem sido bonito

Ver esta malta toda a comentar na comunicação social e nos blogues a competência dos indigitados e a sua capacidade de trabalho, mesmo que dele se não conheça muito, e pouco se saiba do que irão fazer para além das metas do MoU.
Cem dias passam depressa, e as férias vão dar descanso a quem não vai ter férias este ano.
Mas que tem sido bonito, não há dúvidas, a começar pelas transferências de muita gente que andava pelos jornais a criticar o governo anterior.
P.S. - O Mário Nogueira já começou a mandar recados, não repararam?

10, 11, 12...

Afinal o governo de 10 ministros de repente tornou-se num governo de 12 ministros (ou será que o primeiro-ministro não conta?) com a caída para secretarias de estado a Cultura e a Presidência e uma nova secretaria - Secretario de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, o que dá. à partida 15 pessoas com o estatuto de ministros mas com nomes menos pomposos.
A isro chamo eu, cosmética política. E pelos vistos a comunicação social e o resto da malta fecha os olhos e engole.
Fico agora à espera dos outros secretários de estado para ver o andamento da máquina.
Um sinal interessante é a juventude encontrada, outro bem menos interessante é a elevada percentagem de economistas e advogados deixando apenas a educação e a cultura sem esse tipo de cultura académica.
Muitos técnicos, poucos políticos é uma aposta interessante, embora este período não seja muito propício a ensaios.
Desejo-lhes felicidades, porque se eles triunfarem na sua missão de aguentar o barco eu também beneficiarei qualquer coisinha.
A ver vamos.

17 junho, 2011

Como tudo isto é engraçado

Ainda há poucos dias se liam nas notícias e blogas e nas respectivas caixas de comentários que a malta do governo se andava a encher, que os lugares eram para os boys e girls do partido no governo, que o assalto ao poder por parte dos ministros era uma vergonha, etc. e tal.
Hoje, os mesmos que isto afirmavam com a mesma certeza com que a morte os irá ceifar, já dizem que se compreende que muitos não queiram ir para o governo porque a remuneração é baixa, que se justificam as recusas porque a situação é difícil (antes, pelos vistos era fácil), que os independentes não se querem misturar, etc. e tal.
De facto, o vento é de tal força que os cataventos fartam-se de mudar de direção!

Analfabetismo

Hoje, no JN on-line dou com esta notícia!
Para além do choque e nojo que imediatamente me assola, dada a sordidez do acto, dou com esta anedótica legendagem da fotografia que ilustra a notícia!

Santa Casa da Mesericórdia de Lisboa fiz que nunca teve conhecimento de abusos sexuais de crianças nas suas instalações
Será que quem escreve estas legendas tem, no mínimo, o 9º ano de escolaridade?
Será que não existe um revisor que veja estes disparates em letra de imprensa?
Será que na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não dinheiro para pagar a quem que vigie, audite e previna este tipo de eventos?
Será que o analfabetismo vai muito para lá da língua portuguesa e se instalou na mente dos dirigentes da Santa Casa da Misericórdia?
Claro que agora a Santa Casa vai, agora, proceder à abertura de um processo de inquérito interno para averiguar todos os factos e eventuais responsabilidades.
 Mas só agora é que a Santa Casa acordou?
Não terá já chegado a Casa Pia para alertar este tipo de entidades!?

Citações (XLIV)

É incrível que ainda haja quem finja que são os programas e as ideias que decidem os votos. As pessoas votam em pessoas e em partidos e, se e quando coincidem os dois impulsos, maior e mais fácil é a festa.
Miguel Esteves Cardoso

Curiosidades

Ontem, durante a transmissão da Quadratura do Círculo verifiquei com espanto, que afinal passou a existir uma crise internacional, que podemos vir a ser contagiados pelo que está a suceder à Grécia, que este governo, por muito bem que governe, estará sempre sujeito a eventuais problemas surgidos do exterior, que para ser ministro das finanças é preciso saber, pelo menos, o que é a curva de Philips, que o presidente da AR não necessita de ter competência para o lugar mas apenas ser indigitado pelo partido mais votado nas legislativas (por uma questão de tradição), e mais uma data de coisas que deixavam o mediador sorridente por ver a criação em direto (agora chama-se spin-off, não é?) da nova linha modernaça do programa.
Vai ser giro assistir aos próximos episódios!
Cansa menos e é mais divertido do que assistir a um qualquer episódio de telenovela ou uma daquelas séries sobre vampiragens ou de tiros e bombas mais murros nas trombas, que os canais generalistas televisivos nos dão diariamente.

16 junho, 2011

Não resisto

Ao ler o duas ou três coisas dou com este furo jornalístico dum comentador que dá pelo nome de catinga:
...

O que diz desta pérola: uma jornalista da RTP pergunta a um curioso por astronomia (há coisa de meia hora), como é que ele consegue fotografar a Lua sem flash?...

Queixas

Se calhar por ter passado meio século sobre o início da revolta armada nas ex-colónias, vê-se por aqui e por ali um ressurgir de livros e notícias sobre a guerra colonial.
Os ex-combatentes queixam-se da falta de reconhecimento de uma nação que não se lembra deles, os chamados "retornados" queixam-se de terem perdido tudo e regressarem de mãos vazias depois de uma vida de trabalho, os apoiantes do antigo regime queixam-se do abandono das colónias, há muitos portugueses que se queixam da "descolonização exemplar", o PC e a extrema-esquerda queixa-se dos partidos mais à direita, os partidos mais à direita queixam-se dos partidos mais à esquerda, e até os que não deram com os costados na guerra, por ela ter acabado antes de os apanhar, se queixam dalguma coisinha.
No meio de tantas queixas, eu também quero apresentar as minhas.
Queixo-me, por aos doze anos de idade ser confrontado com os gritos de pais, mães, mulheres e irmãs (pois outro tipo de familiares não eram admitidos no cais da estação de S. Bento aquando o embarque dos contingentes para o então ultramar português, via comboio até Lisboa e depois de barco até Luanda), que me afligiam, causavam medo que os meus pais tentavam abafar, dizendo que já não seria chamado a combater porque entretanto a guerra acabaria(como se enganaram).
Queixo-me, porque fui obrigado a largar estudos e trabalho para ser desterrado de casa, e andar a correr o País de quartel em quartel até ser embarcado no Vera Cruz, com destino a uma guerra de que não gostava nem desejava, para defender a Pátria que tinha jurado defender, mas que já desconfiava que não era a Pátria que mo impunha mas apenas o poder económico
Queixo-me, de sentir a indiferença dos moradores de Luanda, que nos olhavam como se fossemos facínoras, das populações brancas e mulatas por quem passei a caminho das terras do fim do mundo (uma das noites passei-a ao relento com mais cento e cinquenta homens na terra que então alojava o indigitado primeiro-ministro) que não nos dispensavam um acolhimento caloroso, antes tentavam fazer negócio connosco e vender-nos por preços exorbitantes aquilo de que sentíamos mais falta.
Queixo-me de ver morrer simples soldados à minha frente, e do desespero então sentido pela falta de helicópteros para evacuação, que entretanto tinham sido destruídos em Tancos por alguém que, fugido ao serviço militar, preferiu ser da esquerda revolucionária (ARA), esquecendo que ao destruir certo tipo de material estava também a destruir pessoas que não se podiam defender.
Queixo-me de ter perdido quatro anos da minha vida em defesa de gente que nunca teve uma palavra de agradecimento para o nosso sacrifício na proteção das suas vidas e dos seus bens.
Queixo-me da saudade que tenho daquele povo afável e que se cobria debaixo das nossas asas e que apenas pretendiam continuar a levar a vida que gostavam de levar e que nós, loucos civilizados, achavamos que lhes faltavam as comodidades do progresso quando eles eram felizes apenas com tão pouco.
Queixo-me por me terem feito amar uma terra lá ao longe, noutro hemisfério, de que sinto saudades do cheiro, dos muitos colonos brancos decentes que encontrei em Benguela e muitos outras cidades espalhadas pelo sul e centro-sul de Angola, que em condições difíceis não deveriam ter tido a sorte que tiveram.
Queixo-me ainda do oportunimo de muitos que por lá andaram e que de lá regressaram de mãos cheias, mas propalando aos sete ventos a sua pobreza e desgraça, vomitando ódio a cada esquina e rapinando empregos que a outros se destinariam.
Queixo-me enfim, de passados cinquenta anos, haja ainda tanta gente a queixar-se esquecendo-se porventura do que foram recebendo, alguns bem mais do que aquilo que deram.
Queixo-me também, por fim, da falta de apoio sério aos militares deficientes e sofrendo de depressões graves, bem como à falta de apoio que sofrem as suas famílias, como se fosse culpa deles terem combatido numa guerra, que sendo políticamente incorreta, não foi decidida por eles e foi travada em nome de uma pátria em que acreditavam, através dos ensinamentos recebidos ao longo de toda uma vida.
Veremos se alguém agora olha por eles...

Infantilidade ou impreparação?

O caso Fernando Nobre(FN) começa a ter já um aspeto que, parecendo dispiciendo, irá ter implicações duradouras e servem como análise inicial ao comportamento do primeiro-ministro indigitado.
Como primeira proposição, a atitude que terá levado Pedro Passos Coelho (PPC) a convidar FN para presidente da Assembleia da República (AR) antes mesmo de saber o desfecho eleitoral.

Não sendo PPC um leigo na política, sabendo que a eleição para presidente para a AR carece de pelo menos a maioria absoluta dos votos expressos, teria sido avisado contar com essa maioria antes de fazer a proposta, mas mais curial deveria ter sido evitar esse tipo de convite, uma vez que, ainda hoje, PPC referiu que essa eleição é assunto da AR e dos parlamentares!
Ora se o entende assim agora porque é que não o entendeu antes?
Por outro lado, Paulo Portas, que desde a primeira hora se mostrou contra a ideia, ganha aqui mais um ponto no primeiro confronto com o parceiro de coligação, tirando este assunto do acordo acabado de subscrever e colocando-se numa posição francamente vantajosa num eventual negócio da personalidade a indicar.
Como segunda proposição, a teimosia - afinal nem só o Sócrates é teimoso - em continuar a apostar em FN para a presidência da AR deixa o grupo parlamentar do PSD numa situação aflitiva, pois embora alguns dos seus membros o rejeitassem desde o início, as negociações tornar-se-ão mais difíceis, potenciando o acesso ao cargo por outro membro do CDS/PP, o que seria um prémio a PP, mas a que o PS terá que dar o seu aval pois o CDS sózinho ou com mais deputados do PSD dificilmente chegará à maioria simples requerida.
Poderá todavia haver na sombra outro golpe que permita salvar a face a PPC. Apresentar numa primeira fase o nome de FN, que será rejeitado, para mais tarde concordar com outro mais consentâneo com a maioria parlamentar a formar que poderá ou não englobar o PS.
Mas isso trará custos políticos elevados a PPC, pois esse tipo de favores pagam-se bem caros em política.
Colocadas as proposições a premissa resultante é dúbia!
Será PPC apenas infantil ou estará já a demonstrar uma certa impreparação para o lugar de charneira que irá ocupar?
A demora de hoje na apresentação embandeirada do acordo, faz pressupor ajustes de última hora e a história de só divulgar o teor do acordo em função do nome dos governantes é bem sintomático que não é PPC que está a liderar, mas quem irá para o governo que entende poder alterar o teor de um acordo que sendo anunciado já firmado, parece todavia ainda estar a caminho de o ser.
Oxalá eu esteja enganado.

Magistratura

Este último episódio ocorrido numa escola de formação de magistrados é paradigmático sobre o estado da justiça em Portugal!
Num País em que qualquer um pode ser acusado de tudo e mais alguma coisa e onde a justiça demora demasiado tempo a validar os factos ocorridos e a castigar em conformidade, já é difícil manter o nome limpo quando enfrenta ocultos poderes, torna-se escandaloso assistir à falta de honestidade que uns tantos potenciais magistrados terão demonstrado ao copiarem num teste sobre Investigação Criminal e Gestão do Inquérito, e que em vez de verem anulados os seus testes com um redondo zero acabassem por ser premiados com uma nota positiva!
Que mensagem foi enviada a todos os alunos que por esse país fora estudam para os seus testes, provas de aferição e exames?
Que dilema foi criado a milhares de professores que venham a detetar copianços nas suas turmas e escolas?
Que exemplo é dado ao País?
Como se isto tudo ainda não fosse bastante, tivemos ainda de ouvir um senhor da ASPJ (Associação Sindical dos Juízes Portugueses) a dizer que, embora lamentável não se podia fazer do caso o fim do mundo e que ninguém teria dito aos senhores candidatos a magistrados para não trocarem impressões entre si durante os testes!!!!!!!!!!!!
Mas será que, durante os testes, os alunos podem conversar livremente entre si nas restantes disciplinas dos diversos cursos ministrados neste País, sendo isso norma?
Será que esta associação sindical sabe o que está a fazer à justiça?
Tenho francamente sérias dúvidas.
Se a Justiça que temos já é criticada a esmo por muitos erros cometidos, alguns dos quais por culpa de terceiros, com este tipo de atitudes que é que esperam que aconteça no futuro?

E.T.: Mas o que é mais engraçado ainda é ver os comentários sobre este assunto na portadaloja, onde a mesma pessoa que desvaloriza o sucedido e se atira aos jornais, passa a vida a pedir condenações na praça pública de coisas de que não tem total nem cabal conhecimento. Será corporativismo?

15 junho, 2011

Mas afinal é urgente ou não?

Toda a gente afirma que é urgente que o novo governo tome posse o mais rapidamente possível, pois o país está mergulhado numa crise gravíssima e a que é que assistimos?!
Ao enredo de uma telenovela mexicana que se arrasta pelos dias como se os novos governantes não queiram chegar ao poder.
Ele são dias sem audiências, é um dia para os líderes do PSD e CDS irem a Belém dizer ao PR que já está tudo pronto, é outro dia para os mesmos líderes assinarem formalmente o acordo entre eles, é mais uma visita ao PR para lhe mostrar o acordo, é mais uns rodriguinhos para dizer quem são os ministros, depois vão ser mais uns dias a passar pastas e a nomear secretários de estado.
Não terá este País e quem o governa jízo para se deixarem de salamaleques e perder tempo e meter mãos à obra?

Afinal o DN publicou!

No post anterior foi publicado um texto em que se levantava a dúvida sobre a eventual falta de vontade de publicação, por parte do DN,  de um artigo de Pezarat Correia.
Ora, o artigo encontra-se publicado hoje como se pode ver aqui.
Fica também aqui o agradecimento ao anónimo que às 03:08 nos informou do facto.

Um texto que o DN se recusou publicar? *

PAULO PORTAS MINISTRO?

Ana Gomes provocou uma tempestade mediática com as suas declarações sobre Paulo Portas. Considero muito Ana Gomes, uma mulher de causas, frontal, corajosa, diplomata com muito relevantes serviços prestados a Portugal e à Humanidade. Confesso que me escapa alguma da sua argumentação contra Paulo Portas e não alcanço a invocação do exemplo de Strauss-Kahn. Mas estou com ela na sua conclusão: Paulo Portas não deve ser ministro na República Portuguesa. Partilho inteiramente a conclusão ainda que através de diferentes premissas. Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa Nacional de anterior governo, mentiu deliberadamente aos portugueses sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, que serviram de pretexto para a guerra de agressão anglo-americana desencadeada em 2003. Sublinho o deliberadamente porque, não há muito tempo, num frente-a-frente televisivo, salvo erro na SICNotícias, a deputada do CDS Teresa Caeiro mostrou-se muito ofendida por Alfredo Barroso se ter referido a este caso exactamente nesses termos. A verdade é que Paulo Portas, regressado de uma visita de Estado aos EUA, declarou à comunicação social que “vira provas insofismáveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque” (cito de cor mas as palavras foram muito aproximadamente estas). Ele não afirmou que lhe tinham dito que essas provas existiam. Não. Garantiu que vira as provas. Ora, como as armas não existiam logo as provas também não, Portas mentiu deliberadamente. E mentiu com dolo, visto que a mentira visava justificar o envolvimento de Portugal naquela guerra perversa e que se traduziu num desastre estratégico. A tese de que afinal Portas foi enganado não colhe. É a segunda mentira. Portas não foi enganado, enganou. Um político que usa assim, fraudulentamente, o seu cargo de Estado, não deve voltar a ser ministro. Mas já não é a primeira vez que esgrimo argumentos pelo seu impedimento para funções ministeriais. Em 12 de Abril de 2002 publiquei um artigo no Diário de Notícias em que denunciava o insulto de Paulo Portas à Instituição Militar, quando classificou a morte em combate de Jonas Savimbi como um “assassinato”. Note-se que a UNITA assumiu claramente – e como tal fazendo o elogio do seu líder –, a sua morte em combate. Portas viria pouco depois dessas declarações a ser nomeado ministro e, por isso, escrevi naquele texto: «O que se estranha, porque é grave, é que o autor de tal disparate tenha sido, posteriormente, nomeado ministro da Defesa Nacional, que tutela as Forças Armadas. Para o actual ministro da Defesa Nacional, baixas em combate, de elementos combatentes, particularmente de chefes destacados, fardados e militarmente enquadrados, num cenário e teatro de guerra, em confronto com militares inimigos, também fardados e enquadrados, constituem assassinatos. Os militares portugueses sabem que, hoje, se forem enviados para cenários de guerra […] onde eventualmente se empenhem em acções que provoquem baixas, podem vir a ser considerados, pelo ministro de que dependem, como tendo participado em assassinatos. Os militares portugueses sabem que hoje, o ministro da tutela, considera as Forças Armadas uma instituição de assassinos potenciais». Mantenho integralmente o que então escrevi. Um homem que, com tanta leviandade, mente e aborda assuntos fundamentais de Estado, carece de dimensão ética para ser ministro da República. Lamentavelmente já o foi uma vez. Se voltar a sê-lo, como cidadão sentir-me-ei ofendido. Como militar participante no 25 de Abril, acto fundador do regime democrático vigente, sentir-me-ei traído.

Junho de 2011-06-13 PEDRO DE PEZARAT CORREIA

*Conforme informação colhida no Arrastão

Medicinas alternativas

No Aspirina B esta receita para aqueles que ficaram orfões do seu ódiozinho de estimação.

Recomendação

Era bom que se lesse o Relatório da Primavera da OPSS, antes de se mandarem bolas para o ar nos Telejornais e demais orgãos da comunicação social.

14 junho, 2011

Assim vai a ciência

Primeiro português a receber o Elmer Marth Educator Award

Criminalização dos políticos

Hoje em dia é ouvido o apelo à criminalização dos políticos vindo da parte de alguns setores que bem se têm aproveitado da coisa pública.
Claro que criminalizar políticos que por dolo ou má fé, deliberada e com proveitos próprios ou para o grupo em que se inserem, é uma ideia que já está contemplada na Lei e tenha o meu acordo e simpatia, já o mesmo não poderei dizer quando o erro fôr de avaliação, inépcia ou mesmo de incompetência.
Aí a democracia utiliza o método punitivo das urnas para julgar os erros que entende.
E se fosse tal Lei aprovada? Como é que se provaria a culpa? Pelo último erro cometido? Pela quantidade de erros sucessivos? Pelo custo financeiro do(s) erro(s) cometido(s)?
O médico que originasse a morte de um doente por falta de um equipamento estaria a transmitir a culpa do acto à tutela do orgão que o empregava, que por sua vez o transmitiria ao superior hierárquico até chegar ao Primeiro-Ministro em exercício na altura, e que este a transmitisse ao seu antecessor por não ter atempada e políticamente melhorado o SNS de então com a celeridade que se necessitava? 
E depois?
Castigavam-se todos, apenas o causador do erro inicial ou só os que tivessem contribuído políticamente para o desfecho final?
O mesmo se poderá dizer quanto às mortes numa determinada estrada, ao insucesso escolar, ao abandono do interior, à falta de planeamento, a quem vendeu partes do Estado com prejuízo para o mesmo, etc., etc., etc..
Se a ideia não fosse tão disparatada e populista, talvez se pudesse melhorar qualquer coisa no nosso depauperado sistema político, mas assim não!
E talvez seja esse mesmo o interesse, que não se concorde com a medida em si para os vindouros poderem dar rédea solta aos seus carnívoros instintos sem recearem a culpabilização futura fora das urnas.

Metade de sangue doado vai para o lixo

Este título do jn, deixou-me abismado!
Num país onde os dadores até não são uma percentagem significativa da população, saber que metado do que doam é destruído dói.
E dói por várias razões. 
Dói porque é um sacrifício desperdiçado, dói porque, na minha modesta opinião, presumo que estará a fazer falta noutro lado, dói porque é mais um desperdício a juntar a tantos outros na área do SNS, dói porque para tanta gente que se move à volta deste precioso produto ainda não chegou o tempo de utilizar convenientemente o que nos faz falta, dói ainda por só agora se levantar mais uma ponta do véu deste rendoso negócio.
Mais uma vez, é feito um alerta. Esperemos para ver o que resulta da sua publicação.

13 junho, 2011

Sobre educação

A ler com atenção este comentário de Eduardo Pitta.

Pedro Lamy

Mais uma vez sobe ao pódio nas célebres 24 horas de Le Mans.
Parabéns!
Não esquecer também João Barbosa que ficou em 10º

Um, dois, três...

... dias são passados desde a última intervenção presidencial.
O País atravessa uma crise sem precedentes. Os políticos do recato dos seus gabinetes fazem constar que já há fumo branco para o acordo entre PPC e PP. No PS contam-se espingardas para a iminente luta pela cadeira. O PC descansa ganhando forças para o combate. O BE assobia e olha para o lado e anda à procura de saber quem é o Daniel Oliveira em vez de andar à procura dos seus votantes perdidos não se sabe bem onde.
Os portugueses... esses, divertem-se com as marchas, com as mini-férias de quatro dias, dividindo-se entre os que têm emprego e lá foram dar uma voltita, outros que julgam que isto vai piorar e ficaram em casa a poupar uns cobres, assistem ao aumento da violência agora com as já habituais trocas de tiros, nomeadamente  no Algarve e nos arredores da capital, às manigâncias do mundo do futebol, ao levantar dos acampamentos dos jovens protestantes (não, não são dos religiosos que falo) e outros mais preocupados com este circo todo que tentam vislumbrar lura donde saia coelho (não, não é piada).
E que faz o PR? Descansa!
E já lá vão três dias perdidos. Nestes três dias, podia já ter ouvido os partidos políticos, estar só à espera do acordo do PSD/CDS e da confirmação dos números da CNE para seguir o processo, mas não!
Estranho país este em que se diz uma coisa e se faz o diametralmente oposto sem que ninguém levante a voz, ou estranhe semelhantes atitudes.
Para mim, tudo isto não tem sentido, e leva-me a pensar que há algo que ainda não terei percebido bem mas que duvido seja do interesse do povo a que pertenço.
Mas tenho paciência, vou esperando... até um dia...

E. coli*

Esta nova mutação da bactéria bacilar Escherichia coli não deixa de ser intrigante pois contradiz tudo aquilo que se conhece cientificamente sobre a evolução bacteriana.
Esta variante faz parte de uma subespécie, a O104:H21, que se encontra habitualmente nos intestinos de alguns mamíferos não lhes causando dano algum, antes pelo contrário.
Esta subespécie já tinha feito o seu aparecimento em 1982, tendo na altura causado diarreias graves pela via da ingestão de hamburgers (bifes de Hamburgo) deficientemente cozinhados, mas o tratamento com antibióticos tinha surtido efeito e rapidamente o surto estabilizou e desapareceu.
O nosso sistema imunológico está geralmente preparado para tratar desses bacilos, pois as suas variantes (que são muitas) acabam por entrar no nosso sistema por via alimentar mas o nosso código genético está preparado para a sua eficaz eliminação num prazo que varia entre os cinco e os dez dias. Noutros casos, o tratamento é feito recorrendo a antibióticos, sendo raros os casos em que a estirpe se mostra resistente a mais de dois ou três em simultâneo.
Feita esta introdução, será de estranhar que apareça vinda do nada, uma estirpe resistente a pelo menos oito diferentes tipos de antibiótico, sejam eles ministrados sós ou em combinação!
Sabendo que a engenharia genética se mete muitas vezes por caminhos esquisitos, não deixa de ser curioso que esta estirpe nova O104:H4 provenha de uma transmissão genética feita por via horizontal, ou seja, que ao bacilo inicial foi inoculado um outro qualquer gene por método laboratorial!!!!
Mais curioso se torna o assunto, quando se verifica que o seu aparecimento se faz numa quinta produtora de alimentos biológicos, cuja produção tem vindo a aumentar ameaçando os grandes grupos químicos fabricantes de fertilizantes e pesticidas.
O reiterado conselho, da parte de entidades oficiais, para o não consumo de produtos frescos, levou a que os previamente preparados (lavados, fumigados, combinados, conservados) fossem a escolha seguinte numa alimentação que cada vez mais toca o artificial em detrimento do natural.
Não sendo adepto das teorias da conspiração, resta-me a célebre frase de Cervantes:
- Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay.

*Este assunto foi-me chamado à atenção por alguém preocupado com este estado de coisas. Obrigado caro arquitecto.

Fuga de cérebros é “ideia errada”

Quem o diz é João Sentieiro aqui.
Claro que a central de desinformação não vai dar por nada...

12 junho, 2011

Slut walks

Nesta época de excessos já se torna difícil sermos surpreendidos por coisa verdadeiramente exótica ou extraordinária, mas mesmo assim, de vez em quando, aparece algo que ainda faz jus a um arregalar de olhos!
Desta feita, numa altura em que as mulheres reclamam o seu direito à igualdade de tratamento, à não discriminação pela via sexual, religiosa, política ou dos costumes, algumas dessas mulheres decidiram iniciar marchas a que chamaram 'slut walks' cuja tradução literal não deixa de ser curiosa,  onde proclamam que é um seu direito inalienável vestirem-se como prostitutas!
Andarem semi-nuas pelas ruas ou usando roupas transparentes, parece ser um fim que reclamam, o que eu até poderei achar interessante em jovens corpos cheios de vida e esteticamente bem constituídos, mas o mesmo já não acontecerá ao cruzar-me com uma libertária de oitenta anos que resolva utilizar tais transparências como bandeira da sua independência.
Mais curioso será ver como é que, a partir de agora, se irá a legislação adaptar no que respeita aos crimes de atentado ao pudor, uma vez que a liberdade que as 'sluts' reclamam também deverá ser extensiva ao sexo oposto, pois ou há moralidade e comem todos ou vou ali e já venho!
Deverá ser interessante, num futuro que poderá estar próximo, ver transferidos para os centros urbanos os agora protegidos campos de naturismo, pois a liberdade de cada um se vestir deverá ser também estendida ao despir. Ou não será assim?

Língua portuguesa

Eu sei que esta nossa língua é difícil, mas chamar marchantes aos elementos que vão desfilar nas marchas populares não lembra ao careca!
Não é que o JN de hoje traz este sugestivo título que me deixou de boca aberta:
Será que vai haver uma marcha dos marchantes (aqueles que negoceiam em gado para os açougues ou talhos) nas festas do Sto. António, ou é apenas analfabetismo jornalístico?

Hoje para além de ser Domingo...

... lá mais para a noite há marchas!
O País segue dentro de momentos...

11 junho, 2011

Jornalismo soma e segue!

Nas cerimónias do 10 de Junho, Sócrates à chegada ao local onde decorreu a sessão solene ouviu algumas vais misturadas com aplausos o que de imediato foi noticiado pelo repórter da RTP1 que se encontrava no local.
Quando Portas chegou, aconteceu o mesmo e o mesmo repórter disso deu notícia o que é normal. Quando Passos Coelho chega acontece situação idêntica e o repórter emudece repentinamente!
Hoje alguma comunicação social, refere as vaias a Sócrates quer nos títulos, que no desenvolvimento de notícias, Sócrates vaiado e Passos aplaudido, em título, e  "ouviu muitos assobios, como acontecera à sua chegada, uma hora antes, quando foi vaiado. ..." na notícia, segundo o Correio da Manhã; "foi hoje vaiado em Castelo Branco, quando entrava no Cine-Teatro Avenida", segundo o I; "o primeiro-ministro cessante foi vaiado por populares concentrados frente ao Cine-Teatro" diz o Público no interior da notícia com o título Sócrates exorta jornalistas a rejeitarem “mexeriquice” da sua “vida privada”.
Para além do desaparecimento das assobiadelas/vaias a Portas e Passos Coelho, é de estranhar que o CM tenha visto a chegada do PM, pois até a jornalista da RTP1 afirmava na hora que ele ainda não tinha aparecido quando a câmara de imediato o focava já sentado no palanque em frente às forças em parada.
Esta é a comunicação social em que teremos de acreditar? Desconfio bem que não.

Rescaldo

Depois da laranjada que nos foi servida no 10 de Junho, impõe-se dar uma vista de olhos pelos discursos que as nobres figuras debitaram.
António Barreto:
Discurso confuso, bipolar (nada é novo/tudo é novo), pouco clarificadora - a sua impressão de que há partidos intrusos, ideias subversivas e opiniões condenáveis (quais?), que nem tudo depende da Constituição, nem que a sua revisão seja solução para a maior parte das nossas dificuldades, para logo adiante dizer Se tantos a invocam, se tantos a ela se referem, se tantos dela se queixam, é porque realmente está desajustada e corre o risco de ser factor de afastamento e de divisão. Ou então é letra morta, triste consolação. O seu achamento de que os políticos devem repeitar todos, mas, pelos vistos, ninguém os deve respeitar a eles.
O homem que ainda há dias dizia que estava triste por não ser um dos signatários da constituição, achou ontem que a mesma é anacrónica, barroca e excessivamente programática!
Desta confusão nada sobra, a não ser um intróito a um entendimento entre trabalhadores e patrões, quiçá a pedra de toque encomendada pelo seu digníssimo patrocinador.

Cavaco Silva:

O início parecia prometer - Portugal é mais do que a vida dos partidos ou o ruído dos noticiários. - mas rapidamente resvalou para a terrível confusão que se passa na sua cabeça.
Depois de começar a falar no país desiquilibrado que somos, deitando as culpas para a tendência que há muitos anos se acentua, como se não tivesse já passado pelas suas mãos atenuá-la, para já não falar em evitá-la, aponta como soluções para o desenvolvimemto do interior a agricultura e o turismo, como se na agricultura estivesse o El Dorado da independência alimentar ou o turismo se pudesse espraiar pelas suas aldeias Históricas ou do Xisto!
Nem uma palavra sobre o desenvolvimento académico, ou a captação de investimentos em indústrias de ponta, ou até a remodelação da agricultura tradicional, que geraria a fixação das gentes através da criação de serviços agregados ao desenvolvimento científico e comercial que sempre acompanha esse motor da economia.
Por outro lado diz não querer replicar o litoral, como se isso fosse possível, mas dinamizar um eixo vertical interior, esquecendo talvez o país em que vive e imaginando um outro que só deve ter sentido no seu limitado conhecimento geográfico.
Estará o PR consciente da dificuldade de viajar entre Bragança e Guarda? Que movimento mercantil terá ele em mente para ligar Chaves a Viseu, Castelo Branco a Beja ou Covilhã a V.R.Sto. António?
Será que o homem estará a pensar em fazer da serra da Estrela um imensa pedreira, vender o queijo de Castelo Branco aos algarvios, fazer de Niza um centro de olaria nacional, tornar a aldeia de Romeu no destino de férias dos viseenses?
Valham-nos os deuses, pois por este andar lá iremos gastar mais uns milhões na agricultura à moda do que ele fez com Thierry Roussel, ou como o fez tão bem ao abater a indústria pesqueira que agora tantos reclamam.

10 junho, 2011

10 de Junho

Dia de Portugal! 
Comemora-se uma morte, a de Camões!
Comemoram-se as Comunidades Portuguesas!
Neste período de crise vai novamente gastar-se um monte de dinheiro com os mesmos atores de sempre.
Vão dizer-nos que temos de fazer sacrifícios depois de saírem dos seus veículos topo de gama, as donas abrilhantarão a festa com uns trapinhos novos, far-se-ão discursos de pompa e circunstância, enviar-se-ão recados para orelhas moucas e distribuir-se-ão condecorações a esmo.
No dia anterior uma jantarada já tinha predisposto os convivas para a estopada do dia de hoje.
No regresso, trazemos um queijos e uns bordados com a satisfação de termos ido lutar pela interioridade, pelo menos durante dia e meio

09 junho, 2011

Ofensas!

Lido no porta da loja!

Sem comentários....

Carta aberta

pilhada no Sorumbático

Carta aberta ao PC

Por Pedro Barroso

Sr Passos Coelho:

MUITO BEM. Ganhou. Parabéns. Agora, o povo português exige-lhe que:

Não tenha 20 motoristas.
Não tenha 17 guarda-costas.
Negoceie a dívida com dureza e não se torne marioneta da Dª Merkl, não assine mais cheques pré-datados.
Não piore a vida dos portugueses.
Proteja a Cultura, a investigação, o património.
Diminua drasticamente os gastos de Estado.
Acabe de vez com os sintomas sumptuários e faustosos num Estado que esta falido.
Reduza o número de Ministérios.
Acabe com os Governos-Civis que não servem senão para gastar dinheiro.
Tenha a coragem de reduzir o salário dos próprios deputados.
Imponha tectos salariais e de reformas para os altos cargos da função pública, Forças Armadas, gestores por conta do Estado, Banco de Portugal, etc.
Mantenha a frota automóvel nos limites da funcionalidade e da decência com carros de gama média, acabando com as frotas automóveis topo-de-gama.
Imponha uma reforma administrativa onde se reduza o número de concelhos
Reveja a constituição para reduzir o número de Deputados.
Passe a ser permitido concorrer a deputado de forma independente, sem necessidade de inclusão em listas partidárias.
Reautorize, saneie e expurgue as forças de Segurança, para terem o nosso respeito.
Reautorize os professores, moralizando a Escola e tornando-a um local de Ensino, como é suposto ser.
Reduza o número de embaixadores. Muitos são inúteis parasitas, juro-lhe.
Obrigue por lei a fazer prova de vida a Partidos com menos de 5000 votos no país todo.
Esteja sempre muito mais tempo em Portugal do que no estrangeiro
Perscrute ao cêntimo os deslizes orçamentais de obras públicas e responsabilize e processe quem falhou.
Redefina e releve ao Mundo a importância negocial atlântica e intercontinental dos portugueses.
Aprenda inglês com fluência como já devia saber. Tenha vergonha, vá...
Esqueça o Nobre e deixe os deputados elegerem o Presidente que sentirem melhor.
Governe sem autoritarismo nem arrogância; ouça os outros – eu, por exemplo… não me importo nada de o ajudar...
Proteja o emprego e combata a precariedade. Reduza o desemprego. Isto é, invente empregos urgentemente - desenrasque-se!
Corte todos os subsídios a quem não merece e canalize para quem precisa.
Descomplique o país. É um calvário de papelada para fazer tudo, ou até para desfazer. Afasta qualquer investidor em seu perfeito juízo, sabia?
Consiga ver-se ao espelho todos os dias sem dizer «eu estou a tornar-me num fdp!»

Me queda la palabra

Uma perspetiva interessante

Lida no Aventar!
Não poderia deixar de estar mais de acordo, creio que já é tempo de se abandonarem as engenharias eleitorais que beneficiam sempre os mais votados em nome de uma hipotética maioria estável que poucas vezes se alcança.

Manuela Ferreira Leite

Pela segunda vez é condecorada, agora com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (já tinha recebido a Grã-Cruz do Infante D. Henrique das mãos de Sampaio em 1998) pela mão do seu padrinho Aníbal.
Quais os méritos que a levam a alcançar tão prestigiada condecoração permanecerá um insondável mistério, a não ser que ... a guerra travada com Sócrates tenha levado Cavaco a considerar tal feito épico e digno de prémio.

08 junho, 2011

Eles aí estão!

Em entrevista ao Público, Cadilhe, o tal que recebeu 10 milhões de euros quando foi para a SLN (a do BPN), com a desculpa que iria perder a pensão vitalícia do BCP, advoga a privatização total da CGD!
Também quer vender os submarinos e todos os ativos que tivermos (com algumas excepções que não explicita).
Se formos por aí, daqui a quatro anos o país apenas terá dedos, pois os anéis ter-se-ão ido na voragem do liberalismo.

Interrogações!

Pescado n'A Baixa do Porto, este texto da Vânia Castro. A ler.

07 junho, 2011

Recordar

NÃO, NÃO, NÃO SUBSCREVO...
Não, não, não subscrevo, não assino
que a pouco e pouco tudo volte ao de antes,
como se golpes, contra-golpes, intentonas
(ou inventonas - armadilhas postas
da esquerda prá direita ou desta para aquela)
não fossem mais que preparar caminho
a parlamentos e governos queiram secretamente 
pôr ramos de cravos
e não de rosas fatimosas mas de cravos
na tumba do profeta em Santa Comba,
enquanto pra salvar-se a inconomia
os empresários (ai que lindo termo,
com tudo o que de teatro nele soa)
irão voltar testas de ferro do
capitalismo que se usou de Portugal
para mão-de-obra barata dentro ou fora.
Tiveram todos culpa no chegar-se a isto:
infantilmente doentes de esquerdismo
e como sempre lendo nas cartilhas
que escritas fedem doutras realidades,
incompetentes competiram em
forçar revoluções, tomar poderes e tudo
numa ânsia de cadeiras, microfones,
a terra do vizinho, a casa dos ausentes,
e em moer do povo a paciência e os olhos
num exibir-se de redondas mesas
em televisas barbas de falácia imensa.
E todos eram povo e em nome del' falavam,
ou escreviam intragáveis prosas
em que o calão barato e as ideias caras
se misturavam sem clareza alguma
(no fim das contas estilo Estado Novo
apenas traduzido num calão de insulto
ao gosto e á inteligência dos ouvintes-povo).
Prendeu-se gente a todos os pretextos,
conforme o vento, a raiva ou a denúncia,
ou simplesmente (ó manes de outro tempo)
o abocanhar patriótico dos tachos.
Paralisou-se a vida do pais no engano
de que os trabalhadores não devem trabalhar
senão em agitar-se em demandar salários
a que tinham direito mas sem que
houvesse produção com que pagá-los.
Até que um dia, à beira de uma guerra
civil (palavra cómica pois quedo lume os militares seriam quem tirava
para os civis a castanhinha assada),
tudo sumiu num aborto caricato
em que quase sem sangue ou risco de infecção
parteiras clandestinas apararam
no balde da cozinha um feto inexistente:
traindo-se uns aos outros ninguém tinha
(ó machos da porrada e do cacete)
realmente posto o membro na barriga
da pátria em perna aberta e lá deixado
semente que pegasse (o tempo todo
haviam-se exibido eufóricos de nus,
às Africas e às Europas de Oeste e Leste).
A isto se chegou. Foi criminoso?
Nem sequer isso, ou mais do que isso um guião
do filme que as direitas desejavam,
em que como num jogo de xadrez a esquerda
iria dando passo a passo as peças todas.
É tarde e não adianta que se diga ainda
(como antes já se disse) que o povo resistiu
a ser iluminado, esclarecido, e feito
a enfiar contente a roupa já talhada.
Se muita gente reagiu violenta
(com as direitas assoprando as brasas)
é porque as lutas intestinas (termo
extremamente adequado ao caso)
dos esquerdismos competindo o permitiram.
Também não vale a pena que se lave
a roupa suja em público: já houve
suficiente lavar que todavia
(curioso ponto) nunca mostrou inteira
quanta camisa à Salazar ou cueca de Caetano
usada foi por tanto entusiasta,
devotamente adepto de continuar ao sol
(há conversões honestas, sim, ai quantos santos
não foram antes grandes pecadores).
E que fazer agora? Choro e lágrimas?
Meter avestruzmente a cabeça na areia?
Pactuar na supremíssima conversa
de conciliar a casa lusitana,
com todos aos beijinhos e aos abraços?
Ir ao jantar de gala em que o Caetano,
o Spínola, o Vasco, o Otelo e os outros,
hão-de tocar seus copos de champanhe?
Ir já fazendo a mala para exílios?
Ou preparar uma bagagem mínima
para voltar a ser-se clandestino usando
a técnica do mártir (tão trágica porque
permite a demissão de agir-se à luz do mundo,
e de intervir directamente em tudo)?
Mas como é clandestina tanta gente
que toda a gente sabe quem já seja?
Só há uma saída: a confissão
(honesta ou calculada) de que erraram todos,
e o esforço de mostrar ao povo (que
mais assustaram que educaram sempre)
quão tudo perde se vos perde a vós.
Revolução havia que fazer.
Conquistas há que não pode deixar-se
que se dissolvam no ar tecnocratado oportunismo à espreita de eleições.
Pode bem ser que a esquerda ainda as ganhe,
ou pode ser que as perca. Em qualquer caso,
que ao povo seja dito de uma vez
como nas suas mãos o seu destino está
e não no das sereias bem cantantes
(desde a mais alta antiguidade é conhecido
que essas senhoras são reaccionárias,
com profissão de atrair ao naufrágio o navegante intrépido).
Que a esquerda
nem grite, que está rouca, nem invente
as serenatas para que não tem jeito.
Mas firme avance, e reate os laços rotos
entre ela mesma e o povo (que não é
aqueles milhares de fiéis que se transportam
de camioneta de um lugar pró outro).
Democracia é isso: uma arte do diálogo
mesmo entre surdos. Socialismo à força
em que a democracia se realiza.
Há muito socialismo: a gente sabe,
e quem mais goste de uns que dos outros.
É tarde já para tratar do caso: agora
importa uma só coisa - defender
uma revolução que ainda não houve,
como as conquistas que chegou a haver
(mas ajustando-as francamente à lei
de uma equidade justa, rechaçando
o quanto de loucuras se incitaram
em nome de um poder que ninguém tinha).
E vamos ao que importa: refazer
um Portugal possível em que o povo
realmente mande sem que o só manejem,
e sem que a escravidão volte à socapa
entre a delícia de pagar uma hipoteca
da casa nunca nossa e o prazer
de ter um frigorifico e automóveis dois.
Ah, povo, povo, quanto te enganaram
sonhando os sonhos que desaprenderas!
E quanto te assustaram uns e outros,
com esses sonhos e com o medo deles!
E vós, políticos de ouro de lei ou borra,
guardai no bolso imagens de outras Franças,
ou de Germânias, Rússias, Cubas, outras Chinas,
ou de Estados Unidos que não crêem
que latinada hispânica mereça
mais que caudilhos com contas na Suíça.
Tomai nas vossas mãos o Portugal que tendes
tão dividido entre si mesmo. Adiante.
Com tacto e com fineza. E com esperança.
E com um perdão que há que pedir ao povo.
E vós, ó militares, para o quartel
(sem que, no entanto, vos deixeis purgar
ao ponto de não serdes o que deveis ser:
garantes de uma ordem democrática
em que a direita não consiga nunca
ditar uma ordem sem democracia).
E tu, canção-mensagem, vai e diz
o que disseste a quem quiser ouvir-te.
E se os puristas da poesia te acusarem
de seres discursiva e não galante
em graças de invenção e de linguagem,
manda-os àquela parte.
Não é tempo para tratar de poéticas agora.

Jorge de Sena
Santa Bárbara, Fevereiro 1976 (aniversário de uma tentativa heróica
de conter uma noite que duraria décadas), publicado in Quarenta Anos de Servidão (1979)

O Português é de facto difícil!

Ouvi o representante do PR ler um comunicado onde se incumbia o vencedor das eleições a desenvolver de imediato diligências com vista a propor uma solução governativa e dando-lhe um prazo definido no tempo.
Pareceu-me forte demais o termo "incumbir" e também a imposição de um prazo, pois parece-me que não estará nas competências do PR incumbir os primeiro-ministros de fazer seja o que fôr, nem de determinar prazos para essas incumbências.
Estranho é ver as notícias dos jornais diários (on-line) que rapidamente deitaram fora a incumbência e passaram a chamar-lhe outras coisas nos títulos, a saber:
O Primeiro de Janeiro - Cavaco silva convida...
Como incumbir não tem nada a ver com convidar ou dar luz verde ainda gostava de saber até onde o branqueamento vai chegar.

Cadernos eleitorais

Fala-se um pouco por todo o lado na deficiente informação contida nos cadernos eleitorais que leva a que os números da abstenção apareçam inflacionados.
Creio que a inflação não será muito grande, todavia é tempo de uma vez por todas pôr a tecnologia ao serviço da democracia e arrancar para uma operação que leve a que estes estejam permanentemente atualizados abandonando o ultrapassado método que já, por mais do que uma vez, provou as suas grandes deficiências.
Outra coisa que será de avançar é no sentido do e-voto, pois através de um sistema desse tipo, creio eu, que a abstenção diminuiria pois seria fácil existirem urnas móveis de voto o que pouparia tempo e dinheiro.

06 junho, 2011

Fizeste bem!

Chegou a hora do repouso do guerreiro. Não serás também um Fidípides, pois creio que não morreste, apenas te retiras para um bem merecido descanso, depois de batalhares com denodo e com uma paciência invulgar.
Presto-te aqui a minha reconhecida homenagem pelo muito que fizeste e até pelos erros que cometesto, pois é com eles que muitas vezes se aprende melhor.
Saíste com a dignidade que muitos gostariam de ter mas que nunca chegarão a ostentar, pois a sua gelatinosa coluna vertebral o não permitirá.
Descansa pois! 
Há mais vida para além da noite passada. 
O refúgio junto dos que abandonaste durante tanto tempo vai renovar-te e trazer-te de novo a combates que necessitarão de ti em plena forma.
Vai e descansa, não tenhas medo que o tempo passe, pois como Bacon o disse foste tu a escolher o teu tempo e por isso estás já a ganhar tempo.
Até um dia e obrigado pelo esforço que nos deste.

Afinal parece que não eram os pepinos do sul da Europa!

Segundo o Ministério de Agricultura da Baixa Saxónia a culpa da epidemia de E.colli terá vindo de um distribuidor alemão de sementes!
Será interessante ver como é que a Alemanha vai descalçar a bota e indemnizar  os países europeus que acusou de serem responsáveis pela disseminação da bactéria.
Para ir acompanhando.

05 junho, 2011

Para os que se abstiveram

Continuem assim, que o país e os vossos filhos agradecerão.
Ah! já me esquecia, se tiverem algum azar pelo caminho, não se me venham queixar dizendo que não têm culpa porque não votaram em ninguém!

Parabéns

Ao PSD e ao PPC pela vitória.
Espero que agora mostre que é diferente, que forme um governo sério, competente e capaz, para o resto estaremos cá nós, para ajudar se necessário, mas para chamar a atenção também.

Aldrabices

Esta notícia onde Domingos Azevedo, bastonário da OTOC afirma ter 500.642 declarações de IRS para enviar e 206.242 de IRC, pelos vistos era falsa, pois o senhor não tinha nada do que disse para entregar, ou se o tinha, era bom que o senhor nos dissesse onde é que as meteu, pois só deram entrada no período de prorrogação 66.219 de IRS e 22.867 de IRC?
Pelos vistos, os mentirosos são como as cerejas, aparecem de todos os lados.

Já votei

E você, já o fez? Não... então vá votar!

Vou votar!

Espero que sigam o exemplo.

04 junho, 2011

Esta Gente

Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo 



in Geografia, Sophia de Mello Breyner